Há anos, era olhado de soslaio aquele que não praticava. Hoje parece que é "chic" não praticar, ou fazê-lo só em certas alturas. Pelo menos em algumas terras.
Admiro profundamente as pessoas que trabalham toda a semana, às vezes tendo só como dia livre o domingo, e não deixam vazio o seu lugar na comunidade crente. Podiam ficar na cama mais um bocado, podiam ir à caça ou à pesca, podiam ir até ao café, podiam aproveitar para fazer desporto... Mas estão ali, louvando com os irmãos o Senhor. Esta gente só pode ser fantástica! Merece todo o respeito e consideração pelo exemplo e pelo testemunho que irradiam para uma sociedade materialista e relativista que põe Deus no banco dos suplentes da vida.
Talvez fruto da grande cristandade, ainda persiste um certo tipo de discurso no seio da própria Igreja. Consiste em estar sempre a "puxar as orelhas" aos que lá vão. Não, não concordo. Quem lá vai merece todo o respeito, acolhimento, admiração. Geralmente, estes não criam problemas ao evoluir da comunidade porque acompanham o seu crescimento. Já o disse e repito. Quem cria problemas são os tais "não praticantes". E olhem que são já dezenas de anos de serviço às comunidades! Não falo de cor.
Claro que quem caminha para a comunidade que se reúne na casa do Senhor também tem que caminhar para a comunidade no dia-a-dia. Como diz a Bíblia, ninguém pode dizer que ama a Deus se não amar os irmãos. E aqui, concordo, ainda há um longo caminho a percorrer. O Cristo que louvamos, escutamos e comungamos na Igreja é inseparável do Cristo que está em cada irmão. Sim, sei que nós, os praticantes, falhamos bastante neste aspecto. Precisamos de melhorar. E muito. Os nossos gestos, palavras, acções e sentimentos precisam de ser alimentados constantemente pelo Cristo que acolhemos e adoramos na Igreja. É urgente que a Igreja saia para fora das igrejas pelo testemunho dos cristãos.
Quero que fique claro que há muitas pessoas que não frequentam e que têm um excelente comportamento humano, solidário, fraterno. Gente que respeita, que não critica quem vai, que aceita até humildemente que está em falta para com Deus, que entusiasma outros a irem. Em muitos destes, instalou-se a falta de hábitos de participação ou o tal respeito humano que, sobretudo nos homens, tem um peso abocanhante.
Lá está a história da moeda. Uma mesma moeda, mas com duas faces. Uma vida cristã, dois amores. Amor a Deus e amor ao próximo. Se não há moeda com uma só face, não há vida cristã sem estas duas vivências em simultâneo.
Podemos lá chegar, sem dúvida! O coração humano é fantástico quando quer. E Deus está sempre lá, no sítio certo.Vamos aceitá-l'O para termos mais força para transformar este mundo pelo fermento libertador do Evangelho?
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