sexta-feira, 9 de outubro de 2009

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano B

Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho,
quando um homem se aproximou correndo,
ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou:
«Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?»
Jesus respondeu:
«Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.
Tu sabes os mandamentos:
‘Não mates; não cometas adultério;
não roubes; não levantes falso testemunho;
não cometas fraudes; honra pai e mãe’».
O homem disse a Jesus:
«Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude».
Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu:
«Falta-te uma coisa: vai vender o que tens,
dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no Céu.
Depois, vem e segue-Me».
Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante
e retirou-se pesaroso,
porque era muito rico.
Então Jesus, olhando à volta, disse aos discípulos:
«Como será difícil para os que têm riquezas
entrar no reino de Deus!»
Os discípulos ficaram admirados com estas palavras.
Mas Jesus afirmou-lhes de novo:
«Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus!
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha
do que um rico entrar no reino de Deus».
Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros:
«Quem pode então salvar-se?»
Fitando neles os olhos, Jesus respondeu:
«Aos homens é impossível, mas não a Deus,
porque a Deus tudo é possível».
Pedro começou a dizer-Lhe:
«Vê como nós deixámos tudo para Te seguir».
Jesus respondeu:
«Em verdade vos digo:
Todo aquele que tenha deixado casa,
irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras,
por minha causa e por causa do Evangelho,
receberá cem vezes mais, já neste mundo,
em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras,
juntamente com perseguições,
e, no mundo futuro, a vida eterna».
(Mc 10,17-30)


Deus como um “GPS”!
A ideia surgiu a partir de um texto do P. Nuno Tovar de Lemos (“Imagens distorcidas de Deus”- basta procurar assim na net!) e foi proposta às futuras educadoras de infância. Apareceram inúmeras imagens (umas distorcidas e outras não) mas não resisto a partilhar esta de uma aluna: “O “Deus GPS”: que nos guia para não nos perdermos; vai revelando o caminho à medida que andamos e, mesmo quando escolhemos outro caminho, põe-se a pensar numa alternativa para chegarmos à meta, que é a felicidade!” E eu que, até há tempos, tinha elogiado a “vida sem gps”, fiquei a sorrir com a aquela comparação. De facto Deus propõe uma meta para todos e até faz “sugestões” de qual o melhor caminho (Jesus, não é verdade?), mas não determina a nossa escolha e, perante as direcções contrárias ou enviesadas que tomamos, lá vai propondo novas rotas, sem nunca desistir e até “aproveitando” as “linhas tortas” que fomos traçando para crescermos em sabedoria!


O homem rico que hoje pergunta a Jesus sobre o que lhe falta para alcançar a vida eterna é um “campeão” no campeonato dos mandamentos. Tudo cumpria desde a juventude (curioso, pois costuma ser nessa altura que menos apetece “cumprir” o quer que seja!). Representa aquela “religião dos méritos”, que produz “bem-comportadinhos”, desejosos de alcançar a salvação como “prémio” dos seus esforços. Valoriza o que faz, sente-se merecedor das bênçãos de Deus, tem o coração e a vida controladas: generosidade, gratuidade, responder com amor ao amor recebido não fazem parte do seu modo de viver. Peço-te perdão, homem a quem Jesus olhou com simpatia, não te quero julgar, mas revejo-me também em ti quando não tenho coragem para me desprender das minhas seguranças, para amar mais gratuitamente e sem medida, para mergulhar nos olhos de Jesus!

Facilmente poderíamos olhar para este texto como justificativo para aqueles que abraçam uma vocação de especial consagração na Igreja e no mundo. Santo Antão, no início do século IV, tomou-o à letra, desfez-se de todos os bens e partiu para o deserto como eremita. Francisco de Assis despiu as vestes na praça da sua cidade e “desposou” a senhora pobreza. Mas significa ele uma rejeição dos bens? Não será também convite à sabedoria de uma relação harmoniosa com todas as dimensões do corpo e do espírito? A sabedoria da relação com Deus e com os outros como tesouro maior do que a ânsia em acumular coisas; sabedoria da generosidade e da alegria de fazer bem a quem precisa; sabedoria de partilhar o encanto de coisas que não são só nossas! O “GPS de Deus” mostra-nos que também no caminho já se saboreia e vive a meta. Porque é isso seguir Jesus: tudo viver com Ele!
P. Vítor Gonçalves

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