segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NEM FINADOS, NEM AMANHÃ

1 de Novembro: Todos os Santos

2 de Novembro: Fiéis Defuntos

Os jornais assinalam que estamos na véspera do dia de finados.
Sem querer entrar em preciosismos, queria só pontuar uma dupla imprecisão. Quanto ao dia e quanto ao conteúdo do dia.
O dia em causa não é 1 de Novembro, mas 2 de Novembro.
Amanhã, é dia de Todos os Santos. Como o dia 2 não é feriado, as pessoas habituaram-se a ir aos cemitérios no dia 1. Este ano, já começaram a ir até no dia 30, por ser domingo. Em muitos locais, vão pela madrugada do dia 2.
E, depois, no dia 2 comemora-se os fiéis defuntos. Em alguns locais, diz-se apenas fiéis.
Finado vem de fim. Ou seja, indica aquele que se finou, acabou. Ora, nós acreditamos que quem morre continua vivo, na felicidade eterna.
Defunto vem do verbo fungor, que quer dizer cumprir.
Defunto é o que cumpriu. O que cumpriu a etapa terrena da vida. E está na fase eterna da existência.
No meio disto tudo, reconheçamos que as palavras são o que menos importa. Mas podem ajudar a perceber o que está em causa.
Nós sentimos que os nossos mortos não estão mortos. Eles sobrevivem. Em Deus. E em nós.
Fonte: aqui

Evitar a decadência

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A decadência do homem contemporâneo foi há dias definida pelo Papa, em Assis: resulta da ausência e negação de Deus e realiza-se silenciosamente, de modo subtil e, por isso, perigoso.
Gradualmente, o Homem, em vez de adorar a Deus, passa a adorar o dinheiro, o ter e o poder. Passa a sobrepor o interesse pessoal a tudo o resto, tornando-se cada vez mais violento. E assim se destrói a paz. E, ao destruir a paz, o Homem destrói-se a si mesmo.
É um terrível retrato, perante o qual nenhum de nós está imune, pois, mesmo que teoricamente nos afirmemos do lado de Deus, a Sua ausência no concreto da nossa vida é uma triste possibilidade. Como aqueles que dizem ter de uma religião, mas não praticam...
Está, pois, nas nossas mãos evitar a nossa própria decadência!

Aura Miguel

domingo, 30 de outubro de 2011

Individualismo ameaça catolicismo português, diz bispo do Porto

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«Imediatismo» e «tolerantismo» também contribuem para «erosão permanente», sublinha D. Manuel Clemente.

AQUI

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

XXXIº Domingo Comum - Ano A

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Leituras: aqui

COMENTÁRIO
1. «Dizem e não fazem»! Sobram as palavras e falta o exemplo! Não é ainda uma censura à austeridade do governo, que, pelos vistos, não chega aos bolsos de quem a impõe. A censura recai, em primeiro lugar, sobre os que se sentam na cadeira de Moisés, escribas e fariseus! E, neste sentido, o pobre pregador desta homilia, é o primeiro a «levar por tabela» e a ter de precaver-se do risco fatal de «andar a bater a penitência no peito dos outros»! Mas, em boa verdade, esta denúncia de incoerência entre “o dizer e o não fazer”, esta crítica a qualquer forma de abuso de poder sobre os outros, pode estender-se também a todos os que estão revestidos de autoridade, ou exercem cargos de direcção ou de educação, na sociedade ou na comunidade cristã.
E, sem querer sacudir a água do capote, temos de convir que não estão fora do alcance destas duras palavras de Jesus, os próprios pais, pai e mãe, que exercem uma autoridade própria, juntos dos filhos, de quem são, aliás, os primeiros educadores! É tal, a beleza e a riqueza da missão dos pais, que o profeta Malaquias tira da imagem do «pai» um título, que pertence, por inteiro, a Deus, em primeiro lugar. No Evangelho, Jesus confirma que «um só é o vosso Pai» e «um só é o vosso Mestre»! São Paulo compara o seu ofício pastoral ao de “uma mãe que acalenta os filhos que anda a criar”; parte daí mesmo, como se não houvesse melhor exemplo, para quem faz do anúncio do evangelho uma partilha da própria vida!
2. Caríssimos irmãos e irmãs: Estamos todos centrados e concentrados, durante este ano, na perspectiva da “Família”, como primeira experiência de Igreja e primeira escola de vida, de valores e de fé! Na família, «verdadeira Igreja Doméstica, os pais devem ser, para os filhos, os primeiros educadores da fé, mediante a palavra e o exemplo», diz o Concílio (LG11). «O testemunho de vida cristã oferecido pelos pais no seio da família chega aos filhos envolvido no carinho e respeito paterno e materno. Os filhos sentem e vivem plenamente a proximidade de Deus e de Jesus que os pais manifestam, até ao ponto desta primeira experiência cristã deixar neles uma marca decisiva que dura toda a vida. Este despertar religioso infantil no ambiente familiar tem por isso mesmo um carácter insubstituível” (DGC 226). Educar na fé os filhos, não é, pois, em primeiro lugar, instrui-los em assuntos religiosos ou desfiar em casa um catecismo; é sobretudo criar uma atmosfera de amor, que fale de Deus, e um ambiente de oração, que deixe Deus falar. De facto, todos os dias o vemos, lemos e sabemos: o que não se aprender e viver em casa, seja na humanidade e na ternura dos gestos de amor, seja na qualidade das relações de doação e de respeito, seja na abertura orante do coração a Deus, dificilmente se poderá aprender e viver fora de casa, no ambiente social ou na vida paroquial. Por isso, a futura evangelização, «depende em grande medida da Igreja doméstica» (João Paulo II, FC 52), isto é, da família cristã!
3. Talvez os meus ouvintes, contraponham a esta tese ideal, a antítese das palavras de Jesus: mas «eles dizem e não fazem». Eles pedem a catequese para os filhos, como quem delega e não como quem assume a responsabilidade de os educar na fé». Talvez outros me contestem ainda mais, com o frio realismo dos números, dizendo: «a família sofre hoje uma grave crise, que põe em causa a sua capacidade educadora e catequética». Há uma crónica falta de diálogo e um silêncio educativo, que quebram os elos da transmissão dos valores e da fé, através da família.
4. Eu diria, então, uma palavra de esperança e de confiança, na missão educativa da família cristã: creio que «apesar de tudo, a família actual tem grandes potencialidades e recursos para a educação da fé». Todos os estudos de opinião mostram que, mesmo em crise, a família é ainda a instituição mais relevante na vida e na felicidade das pessoas. E este potencial educativo da família supera em muito as condições de normalidade, em que esta possa funcionar ou não. Muitas famílias, estruturalmente disfuncionais, conservam, para lá das aparências, valências educativas muito fortes, que se concentram sobretudo na qualidade da sua capacidade de relação e de comunicação de valores, convicções e normas de conduta. Pode mesmo dizer-se que, em certas ocasiões, uma família desordenada e desestruturada, mas com uma boa dose de acordo e sensibilidade educativa, pode educar melhor que uma família dita normal, mas com pouco amor, entendimento mútuo e capacidade comunicativa. Todos os estudos apontam para a conclusão de que, nestes tempos de crise religiosa, o acolhimento da fé numa pessoa, depende basicamente da experiência religiosa que a família lhe tiver dado, desde o seu berço. Tende esta confiança: nenhum grupo humano pode competir com a família, no momento de oferecer aos filhos a base religiosa de valores, num clima de afecto. Contra ventos e marés, a família, em mudança, continua a ser o ambiente, no qual a educação religiosa não só é possível, mas é, inclusive, insubstituível. Nesta tarefa, nada nem ninguém se lhe pode comparar. “Esta função educativa da primária dos pais é de tal ordem que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida” (GE 2).
5. Queridos irmãos e irmãs: Façamos então tudo o que pudermos, para responsabilizar, motivar e acompanhar as famílias! Animemos as famílias, dando-lhes confiança na sua obra educativa. Mas não as deixemos sozinhas, nessa missão, para a qual hão-de contar sempre com a Igreja, como sua grande família. Ofereçamos-lhes sobretudo ocasiões e espaços de formação, de confronto, de acompanhamento, de ajuda.
O melhor que podemos fazer pelas famílias não é fazer coisas por elas ou em vez delas; é deixarmos que sejam elas a fazer; que se tornem elas mesmas agentes e protagonistas da missão! Queira Deus, que, ao longo deste ano pastoral, as nossas famílias se tornem cada vez mais «o coração da nova evangelização» (João Paulo II, EV 92).
Fonte:aqui

"Público" recorda "Nostra aetate"

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No "Público" de hoje. Recorda-se a aprovação da declaração "Nostra aetate", que introduziu um novo modo, mais cordial e dialogante, de relacionamento do catolicismo com as religiões não cristãs.
 

REPENSAR A IGREJA EM PORTUGAL - Conclusões III

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3. Caminhos para uma nova maneira de ser Igreja

3.1. Exigência de formação cristã

- Formação cristã em geral.

- Mostrar a igreja tal como é: nível humano, nível espiritual.

- Formação ligada à vida, que conduza as pessoas as pessoas à oração, à celebração e dos sacramentos e a uma coerência cristã.

- Acentuar a dimensão pneumatológica da fé.

- Cultivar a centralidade da Eucaristia.

- Valorização do Domingo.

- Promoção de valores éticos, morais, sociais, religiosos.

- Investir na formação de líderes / agentes de pastoral.

- Maior formação política e intervenção na coisa pública.

- Formação bíblica. Cursos bíblicos. Relevar a dimensão fraternal da fé bíblica.

- A evangelização das famílias, dos jovens, com um acompanhamento mais próximo e estruturado… Catequese para adultos. Formação aos pais (Aproveitar o tempo da catequese dos filhos...). Preparação dos jovens para o Matrimónio (CPM…) Uma pastoral familiar que acompanhe os casais: ao longo da vida, os casais em dificuldade, os divorciados recasados...

- Exigência de melhor preparação dos seminaristas não só intelectual mas

psicológica e moral.

- Formação para os Padres (Actualização)

3.2. Empenho criativo para uma nova evangelização

APRESENTAR UMA IGREJA QUE:

- Dê espaço e tempo à espiritualidade. Acolha as pessoas. Procure a coerência e autenticidade. Tenha lugar para a profecia. Se reconheça como mais próxima e menos mestra. Se apresente como congregadora da sociedade. Seja promotora de um Fraternidade desinteressada (universal), de um sentido comunitário e participativo aberto a todos. Seja promotora de uma sociedade onde há tolerância, compreensão do outro, cooperação e a realização de cada um, como ser humano, filho de Deus .Vá ao encontro das pessoas. Dê razões de esperança e de futuro. Seja presença no sofrimento e na morte. Seja sinal da dimensão transcendente da vida, manifestação permanente do Amor de Deus. Seja testemunha da alegria que brota do ser. Seja testemunha da doação e do serviço. Seja voz profética, exemplo na opção pelos pobres, procurando superar todas as formas de exclusão. interventiva na comunidade local;

- Seja promotora dos valores humanos e cristãos, tais como: a verdade, a dignidade inerente aos homens e às mulheres, os direito das crianças, o valor da família, da liberdade, a virtude da justiça, a igualdade das pessoas, a solidariedade e a paz que se transformem em padrões ideais da e para a vida humana;

- Apresente uma visão positiva do corpo e da sexualidade com menos discursos sobre o pecado e o negativo. Um Deus amor, mais do que um Deus poder. Um Deus bíblico. Uma mística, mais do que uma doutrina. Uma vida, mais do que uma teoria. Uma prática testemunhal. Uma nova linguagem, inteligível ao homem de hoje;

- Atenta aos problemas actuais da sociedade e sintonizando com as suas

preocupações. Conhecedora dos movimentos, correntes ideológicas, linhas de acção, desejos de mudança e transformação presentes na sociedade e especialmente atenta e preocupada com o desenvolvimento dos valores éticos e o desenvolvimento educacional;

- Tem na pessoa humana o seu caminho fundamental... Põe grande empenho no dialogo Fé – Cultura;

- Capaz de: sair dela mesma, vir ao mundo e dialogar, conhecer, identificar problemas e soluções; criar pontes de diálogo inter-religioso, ecuménico e inter-eclesial e de construir espaços de valorização comunitária em vez de redutos de individualismo... dentro ou fora dos lugares de culto; de assumir os erros e de procurar corrigi-los; de se deixar transformar para ser mais fiel à sua Missão.

Nesta Igreja os Presbíteros são chamados a ter em conta que:

“O papel do Sacerdote é essencial. É importante que o Sacerdote não esteja ausente durante todo o dia. O trabalho nas escolas é necessário, mas o Sacerdote deve assumir a relação de proximidade com as comunidades. É necessário que conheça as suas ovelhas”.

Assim, é preciso:

- dar mais atenção à acção (dinamização) pastoral ( um pouco abandonada); mais espaço e responsabilidades aos leigos

- Para lá da Eucaristia ter em conta outras possibilidades de oração na comunidade: Adoração do S.S., Terço, Laudes, Vésperas, etc....

- Promover uma imagem de Igreja menos institucional e mais próxima das pessoas. Encontrar novas maneiras de estar próximo de cada família. Uma solicitude maior para com os considerados "excluídos" da Igreja (divorciados, os que vivem em união de facto, etc...) Promover a unidade de todos e de cada baptizado dentro da comunidade. Continuar a evangelizar sem cansaço nem
desânimo

- Testemunhar um estilo mais simples e humilde; um espírito de desprendimento e pobreza evangélica; uma consciência mais sólida de presbitério em unidade

- Deve ter-se um especial cuidado na selecção dos candidatos ao sacerdócio e no recrutamento dos Formadores do Seminário.

3.3. Reorganização das comunidades cristãs

Reorganização dos espaços pastorais (paróquias, arciprestados...)

Dinamizar a vida pastoral a partir dos arciprestados

Criar Equipas de Animação Pastoral Arciprestal

Valorizar e potencializar os movimentos já existentes..

Dar espaço aos novos movimentos e grupos eclesiais

Implementar os diferentes Conselhos Paroquiais e Diocesanos

Redistribuição dos Padres pelas diversos espaços pastorais e serviços diocesanos

Reestruturação dos serviços diocesanos

Centros de acolhimento e de partilha

Partilha missionária com Igrejas mais necessitadas (Padres)

3.4. Sugestões diversas

A Igreja deve afirmar-se com mais iniciativa, mais comunicação, abertura, e inovação em relação à sociedade. Deve assumir-se como parceira com outras para contribuir para a melhoria do bem-estar das populações.

Deve caminhar para uma unidade /uniformidade de procedimentos, sobretudo em questões práticas ligadas à vida sacramental.

A igreja em Portugal precisa de ter em conta a seguinte referência: 75% da sua população vive no litoral. Temos assim uma Igreja a dois ritmos: a que vive no interior e a que vive no litoral, com problemas e idiossincrasias diferentes que é preciso encarar rumo a uma evangelização dirigida a pessoas concretas. Assim como se reúnem os Bispos da Zona Centro, porque não criar as reuniões dos Bispos do Interior? Não teria mais pertinência?...

É possível delegar responsabilidades, criar grupos de trabalho, criar momentos de partilha e de envolvimento. Acompanhar as comunidades não só do ponto de vista doutrinal e espiritual, mas também do ponto de vista social. Temos uma comunidade na qual o papel das mães é determinante, a quem é atribuído um conjunto de responsabilidades para as quais nem sempre estão preparadas. Julgamos necessários encontros sistemáticos, encontros de formação, onde também a igreja se preocupe com questões de natureza prática.

É necessário descentralizar. Temos áreas com povoamento muito disperso, que muitas vezes conduz a situações de isolamento e carência daqueles que aí residem. Sugere-se a realização de assembleias de famílias, com desempregados, com desocupados, tentando arranjar soluções para
a melhoria da situação familiar.

É necessária uma humanização e sociabilização que tão comum é no contexto dispersivo e  anónimo típico das cidades modernas, como nas áreas rurais com pouca população.

É necessário celebrar e valorizar as famílias e o papel que lhe está associado. Porque não haver um domingo no ano, no qual se destacam os casais que comemoram 25, 50 anos de casados nesse ano? Facultar o destaque para estas situações e valorizar a partilha, o entendimento, a família…

4. 4. Propostas sobre a aplicação das decisões e sobre passos ulteriores a dar neste caminho sinodal.

- Encontro com delegados de todas as dioceses e outras pessoas envolvidas neste trabalho.

Objectivos: tomar consciência da situação global do país e das Diocese e dos desafios que nos são postos – clarificar perspectivas de acção (resposta pastorais) – articular procedimentos a seguir.

. A Semana Pastoral da Conferencia Episcopal pode atender a estes objectivos, entre outros...

- Definir as prioridades para a Igreja em Portugal.

- Criar Grupo de Apoio à Nova Evangelização em Portugal. (De apoio, porque as Dioceses é que devem ser as grandes dinamizadoras... E cada Diocese, de algum modo tem de percorrer o seu caminho.. Tal não impede, pelo contrário, exige,que se encontrem e valorizem aspectos comuns e determinantes a ter em conta. Deve ser um caminho na unidade e não na uniformidade – “sinodalidade”)

- Criar Equipas Diocesanas de Animação Pastoral (Nova Evangelização)

- Encontros ou Jornadas Pastorais em que os aspectos mais relevantes desta Consulta sejam apresentados. Objectivos: alargar a consciência da realidade – motivar para um novo impulso pastoral.

- Promover encontros para agentes de pastoral a nível diocesano e nacional para sensibilizar e motivar para os desafios da nova evangelização, a partir desta Consulta alargada.

- Promover cursos de animação paroquial (pastoral) de índole prática – “operativos”... Como organizar uma rede de comunicações na paróquia de modo que a informação chegue a todos?...

Como trabalhar com as famílias?... Como criar pequenos grupos (grupos de vizinhos, amigos)...

- Quanto possível promover projectos pastorais de intervenção global, que atendam ao conjunto de toda a comunidade cristã...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

REPENSAR A IGREJA EM PORTUGAL - Conclusões II

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2. Luzes de esperança no mundo e na Igreja actual

NA SOCIEDADE

- Preocupação pelas questões ambientais.

- Ondas de solidariedade, independentemente de raças ou credos.

- Afirmação da individualidade… A pessoa não se dilui na massa.

- Abertura democrática à participação das pessoas.

- Espírito de comunhão e de proximidade propiciadas pelos modernos meios de comunicação social.

- Papel controlador da sociedade sobre o poder, devido à consciência crítica, à vivência da cidadania e à comunicação social.

- Voluntariado – Tolerância – Solidariedade - Movimentos de defesa da vida Luta contra a descriminação e a exclusão social - Sentido da justiça.

- Acesso ao ensino e a superação de classes sociais.

- Espiritualidade, mesmo sem religião.

- Novas formas de procura de Deus.

- A ciência e a técnica ao serviço do bem estar das pessoas e da aproximação dos povos, raças, culturas...

NA IGREJA

- O número de pessoas envolvidas na Igreja.

- Participação propiciada pela reforma litúrgica do Vaticano II

- Existência de órgãos de colegialidade e participação.

- O sentido e exercício da responsabilidade laical.

- Vocações de jovens mais amadurecidos.

- A força de Taizè no mundo jovem. Alguns grupos de jovens que vivem e transmitem a alegria de ser cristão. Jovens em missão.

- Grupos de cristãos que se dedicam à Igreja gratuitamente – Voluntariado.

- A acção social da Igreja. Presença da Igreja junto dos mais desfavorecidos e abandonados: idosos,doentes, pobres e marginalizados. Acções de solidariedade. Certa sensibilidade aos problemas das pessoas.

- Reconhecimento do papel da mulher na vida e nas estruturas da Igreja

- Número crescente de pessoas que frequentam os santuários e que participam em peregrinações.

- Preocupação dos pais com as festas religiosas dos seus filhos, nomeadamente Primeira Comunhão e Profissão de Fé.

- Participação nas expressões de religiosidade popular da comunidade: procissões, festas, etc…

- O dinamismo à volta das Visitas Pastorais.

- Confrontamo-nos com pequenas comunidades cristãs, mas que manifestam mais qualidade no ser cristão e na vivência da fé; maior coerência de vida no testemunho da Igreja, como "pequeno rebanho".

- Existência de certos movimentos eclesiais: Cursos de Cristandade, Apostolado da Oração,Mensagem de Fátima, Renovação Carismática, Neocatecumenais…

- A participação nos Sacramentos: o desejo que os jovens mostram em receber o Crisma ; paróquias em que a maioria das pessoas participam na Eucaristia, e ainda respeitam e “pedem” os Sacramentos.

- Paróquias com experiências de renovação de índole comunitária.

- Oração / Devoções: - Oração comunitária; Grupos de Oração; Adoração do Santíssimo; Primeiros  Sábados e Primeiras Sextas-Feiras.

- A oração pessoal continua mesmo em situações em que foi abandonada a prática religiosa.

- O espírito de generosidade, o dom da vida, o dom da entrega, o sentido da cruz, o encarar da doença como testemunhos da fé.

- Ainda existe o sentido da vida após a morte, as pessoas ainda se apegam a essa ideia.

A vocação dos consagrados; o testemunho do Sumo Pontífice.

- Maior espírito de abertura. Vontade de participação numa liturgia mais viva e jovem.

- Sensibilidade para com a formação – (bíblica; preparação para o Baptismo e Matrimónio; catequeses.. Preocupação dos pais em relação à catequese para os filhos e à sua integração em grupos e movimentos eclesiais.

- Novas oportunidades com as novas tecnologias.





- Continua

Assis 2011: Bento XVI pede união das religiões contra o terrorismo

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Papa reúne 300 líderes religiosos e académicos, alertando para «novas e assustadoras fisionomias» do mal

Bento XVI pediu aos líderes religiosos de todo o mundo reunidos em Assis (Itália) um empenho conjunto "na luta pela paz", perante “novas e assustadoras fisionomias” de violência como o terrorismo.
“Que, no caso em questão, a religião motive de facto a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente”, alertou, durante um encontro que reúne mais de 300 líderes religiosos e académicos, recordando as “vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas”.
O Papa considera que, com o terrorismo, “é posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional”.
“Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o caráter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido”, lamentou.
Para Bento XVI, nestes casos “a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência”.
O discurso papal criticou as situações em que a violência é “exercida por defensores de uma religião contra os outros”.
“Esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição”, disse Bento XVI.
Neste contexto, o Papa recordou os momentos em que, “na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã”.
“Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza”, observou.
A jornada de oração e reflexão pela paz e a justiça no mundo, na terra natal de São Francisco (1182-1226), celebra a primeira iniciativa do género, promovida por João Paulo II há 25 anos.
Bento XVI passou em revista o cenário mundial neste quarto de século, após a queda do muro de Berlim, que aconteceu “sem derramamento de sangue”.
“A vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que já não tinha nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz”, referiu o Papa alemão.
Para Bento XVI, no entanto, “infelizmente” não se pode dizer que “desde então a situação se caraterize por liberdade e paz”.
“Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias”, assinalou.
Esta iniciativa conta com a presença de vários prelados católicos, 17 delegações das Igrejas cristãs do Oriente - incluindo o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla (Igreja Ortodoxa) -, 13 Igrejas ocidentais – entre os quais o primaz anglicano, arcebispo Rowan Willams -, uma representação do Grão Rabinato de Israel (judaísmo) e outros 176 representantes de tradições religiosas, para além de quatro não crentes.
Do Médio Oriente e dos países árabes chegaram 48 muçulmanos a Assis, cidade na qual se reuniram líderes religiosos em encontros similares convocados por João Paulo II, em 1986, 1993 e 2002.
In ecclesia

REPENSAR A IGREJA EM PORTUGAL - Conclusões

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Nos primeiros meses do último ano pastoral, a diocese de Lamego – como todas as outras dioceses – concentrou-se no projecto “REPENSAR A IGREJA EM PORTUGAL”. Sacerdotes, religiosos e leigos, movimentos, paróquias, arciprestados, analisaram, debateram e propuseram.
A coordenação diocesana da pastoral recebeu todas as contribuições e elaborou a síntese dentro de um espírito de fidelidade ao que havia sido dito na base.
Este blog começa a publicar agora essas conclusões para que sejam conhecidas por todos e os ajudem a situar-se face à nova evangelização.

1. Sombras que nos desafiam no mundo e na Igreja actual
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NA SOCIEDADE
- Reconhecemo-nos numa sociedade em que o poder do dinheiro, como valor supremo, a ambição, a preocupação económica são os princípios determinantes na estruturação da sociedade e respectivos valores. As pessoas estão empenhadas no ter, no poder e no prazer, com exagerada valorização do corporal (material) e uma orientação consumista.
- Verifica-se uma desigualdade gritante no acesso aos bens. Ao lado de povos e pessoas com gastos sumptuosos, a pobreza extrema. Verifica-se ausência de ética de responsabilidade social. Os grandes conseguem manter e justificar a sua condição de privilegiados. As divisões e contrastes sociais vão-se acentuando. O desemprego é crescente, a exclusão social marcante. As situações de marginalidade vão alastrando, com consequências negativas como: os sem abrigo, o uso da droga, álcool, abuso da sexualidade, criminalidade, etc...A tendência individualista e o enfraquecimento da
solidariedade vão-se afirmando (egoísmo). Cresce a insensibilidade perante a realidade social. Há um culto do imediato, com medo de compromissos e de vínculos para o futuro.
Acrescem a tudo isto as referências em relação à classe politica, com um papel determinante na condução da sociedade:
- a classe política caiu em descrédito, gerando desconfianças e comprometendo a participação democrática;
- a corrupção, grande ou pequena, cujos sinais são demasiado evidentes destrói confianças e mina as relações entre as pessoas...
- o despesismo autárquico, às vezes mais preocupado com interesses particulares ou de grupos, do que com o bem comum, ou até como meio de afirmação pessoal (snobismo/vedetismo)...
- Denota-se uma sensação de solidão. A desertificação e envelhecimento do interior vão alastrando, o que gera angústia nas pessoas, acentua o atraso económico e social, traz preocupações em relação ao futuro. Como vai ser a vida económica e social numa sociedade onde vão predominar os idosos desamparados e solitários?
- A insegurança física e psicológica vai afectando o nosso modo de viver e de encarar o futuro. A isto ajudam a presença entre nós de gente de diversas nacionalidades. Há desconfiança pelos imigrantes que chegam e fraca aceitação dos emigrantes, quando regressam aos seus lares. A ameaça terrorista, a falta de segurança. A criminalidade e a repressão têm também o seu peso entre nós.
- O espírito sebastiânico (sebastianismo) faz parte da nossa índole: as pessoas esperam sempre alguém que resolva os problemas que a todos compete resolver; o fatalismo e o complexo de inferioridade face ao estrangeiro; a tendência para o pessimismo e a desvalorização das nossas capacidades (potencialidades) como povo português.
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NA FAMÍLIA
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- Um dos indicadores mais preocupantes do nosso tecido social é o que nos vem da família. A desagregação e a desestruturação das famílias continuam acentuar-se, associando-se-lhe a perda de valores pessoais, familiares e sociais. Os valores da família estão a perder-se significativamente, com os constantes, sistemáticos e diversificados atentados à instituição "família" e com a mudança de paradigma (da família em si mesma e dos respectivos valores).
- Na vida em família as referências morais parecem estar a diluir-se cada vez mais. As uniões de facto começam a ser encaradas como normais, assim como os casamentos pelo civil, divórcios ( reais ou fictícios por necessidades económicas) , amor livre e tudo o que se pode prever em relação à homossexualidade, com a abertura legislativa para as uniões homossexuais. Há uma utilização indiscriminada dos contraceptivos, aborto, violência doméstica…
- A proposta e imposição, por parte da sociedade, de paradigmas de vida familiar diferenciadas (famílias normalmente constituídas e organizadas, casais separados, divorciados, uniões homossexuais), mas consideradas perante a lei como igualitárias e como dando o mesmo contributo à construção e harmonia da sociedade, perturba as pessoas e distorce a verdade. “Todos são senhores dos mesmos direitos, mas não das mesmas obrigações, dos mesmos direitos”.
- Verifica-se uma certa pressão em relação à Igreja no sentido de aprovar os segundos casamentos e os casamentos gay .
- A baixa natalidade, o inverno demográfico, que afecta bastante o nosso meio, com uma
desertificação crescente e uma percentagem de idosos cada vez mais acentuada no tecido social.
- Verifica-se que é cada vez maior a percentagem de casais que não querem assumir o compromisso do casamento católico, preferindo o casamento pelo civil, ou simplesmente a união de facto.

- Em relação às famílias cristãs preocupa a perda de referências fundamentais como o sentido da Eucaristia dominical, ou a oração em família. Mesmo a preocupação pela educação cristã dos filhos está a diluir-se. Começam a aparecer crianças em idade de catequese sem baptismo. Ainda é grande a preocupação pela festa da Primeira Comunhão, diminuindo o interesse e preocupação à medida em que se vai crescendo. O desporto e diversas actividades culturais e recreativas, ou de formação, estão a impor-se como prioridade por parte dos pais, retirando ou diminuindo o interesse dos filhos pela prática dominical e pela catequese.
- É também cada vez mais frequente o pedido de baptismo dos filhos por parte de pais não casados catolicamente. O que levanta a questão do testemunho e garantia da fé...
- Na verdade a crise da família dita outras crises como a da Escola (educação) e a da Fé.
- Tudo isto traz preocupações em relação ao futuro.
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EM RELAÇÃO À IGREJA
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- A descristianização do nosso tecido social continua a avançar. Confrontamo-nos com uma crise de memória e herança cristãs.
- A Indiferença religiosa de muitos é uma realidade, podendo-se falar de um ateísmo prático.
Vivemos numa sociedade secularizada, que esqueceu Deus e a parte espiritual do homem. Verifica-se mesmo a presença de um secularismo militante, em que as religiões são consideradas sem significado para a vida pública.
- Para muitos, a Igreja não é necessária. Procura-se silenciá-la e à sua acção. Há uma exploração mediática de situações que lhe são menos favoráveis e alguma dificuldade para a Igreja se fazer compreender (linguagem). As suas instituições são constantemente questionadas. Esta sociedade que admira a coerência e o testemunho (casos de João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá), é absolutamente arrasadora face à incoerência de vida dos cristãos (caso da pedofilia). À Igreja é-lhe apontada toda e qualquer falha (obrigada a ser perfeita).
- Caracteriza-nos uma fé sem razões de acreditar, por tradição, sem fundamentos bíblicos e
teológicos elementares. É ainda muito acentuada uma religiosidade tipo “comércio”… promessas, velinhas, caminhadas sacrificiais, sem compromissos com o dia a dia da vida. (Fiz as minhas devoções, já cumpri…) A vivência da fé cristã é concretizada mais como expressão religiosa que liga ao transcendente, acentuando a dimensão individual do que como vivência em comunidade. Na verdade constata-se a perda do sentido do outro e a diluição do sentido da comunidade... (o que quero é salvar a minha alminha...)
- Falta ao cristão uma vida cristã. À prática religiosa não corresponde a vida. Os cristãos não põem Deus em primeiro plano. Acima de Deus há outros valores: o lazer, o desporto a vida fácil. Televisão, Internet. Deixou de haver regras e comportamentos...
- Perante este facilitismo as igrejas esvaziam-se com cristãos escandalizados e envergonhados. As pessoas refugiam-se isolam-se por vergonha, medo, comodismo. E vão-se afastando da Igreja identificando-se como católicas não praticantes.
- Respira-se crise na procura e prática dos Sacramentos. Destaque para o Matrimónio(aumentam as uniões de facto e os divórcios). Há pouco apreço pela Confissão (comunhão sem confissão). As pessoas recebem o Sacramento da Confirmação, mas sem compromisso cristão. Cresce a falta de assiduidade às celebrações litúrgicas e a acções promovidas pela Igreja: Eucaristia, catequese, grupos de jovens, grupos de casais, etc.
- Falta ao cristão uma consciência esclarecida de Igreja. Muitos dos nossos leigos podem
considerar-se em idade infantil: sem compromisso com a sua laicidade e com a vida da Igreja…   Ainda há os que pensam que desempenhar alguma função na Igreja é “ajudar o senhor abade”…
- Os cristãos em percentagem significativa têm uma fé pouco convicta e profunda. A sua relação com a Igreja é ainda demasiado marcada pelo sentimento, sem uma articulação equilibrada com a racionalidade nas opções em nome (e pela) fé, esbatendo-se o sentido do dever. (Falta amor, acaba a relação..."Vou à Missa se me sentir bem"). Faltam testemunhos de vida coerentes com a fé.
- Há falta de rostos, pessoas, modelos concretos que encarnem verdadeiramente a caridade, o amor, que demonstrem coerência e postura face a uma causa, que tipifiquem o essencial do Evangelho.
Muitos sentem vergonha de se apresentarem como católicos (respeitos humanos). Faltam testemunhos públicos de gente pública e há dificuldades em encontrar espaço e presença em certos meios de comunicação (redes sociais). Faltam agentes de pastoral.
- O indivíduo cristão não se demarca dos outros, isto é, no quotidiano nota-se uma falta de
coerência entre o que se aprende e o que se demonstra. Existem pessoas sem prática religiosa que acabam por demonstrar mais qualidades do que aqueles que se dizem praticantes.
- Ainda somos demasiado cumpridores de acções e de hábitos mas não somos capazes de nos deixar envolver por eles. Por exemplo, até que ponto utilizamos os ensinamentos de Cristo para nos tornarmos melhores no dia-a-dia?...
- A Igreja, como povo de Deus, sente-se dispersa, esvaziada e acorrentada da sociedade nos seus valores ancestrais. A sua voz não penetra no meio das preocupações da vida, do materialismo, do hedonismo, do prazer, do luxo, do consumismo do relativismo, do ateísmo...
- A vida espiritual não dá gosto porque se baseia num autocomprazimento, sem vinculo aos outros.
  Vemos proliferar uma certa religiosidade sem culto e mesmo sem igreja-comunidade, numa certa autonomia, com desprezo pela igreja hierárquica. (Atenção por exemplo com o que se passa com as nossas festas religiosas). Daqui a confusão e hesitação que se nota nas responsáveis eclesiais, leigos e sacerdotes. Há uma quase capitulação, marcada pelo desânimo, descrença, medo e até fuga ou marginalização: "tanto me dá" " tanto faz" " não me importo".
- A nossa Igreja aparece como demasiadamente activa e pouco orante. "A melhor parte" está a ficar esquecida. Falta de oração-diálogo com Deus. A Igreja está a ser mais projecto dos homens do que de Deus. A questão económica sobrepõe-se à preocupação pastoral. Por vezes há descrença no
sacerdócio e desvalorização e marginalização do Padre por falta de testemunho e entusiasmo deste. E embora tenhamos um clero com espírito de pobreza e desprendimento, no entanto, por vezes ostenta sinais de riqueza material.
- Há dificuldades muito concretas no que respeita à transmissão da fé. A missão catequética não se mostra eficaz, nem é assumida pela família. A Igreja tem dificuldade em ler os sinais dos tempos e em assumir a sua missão profética (anunciar / denunciar...) No fundo a verdadeira dimensão do que é ser cristão não se torna perceptível pela sociedade em geral
- Verifica-se um proselitismo religioso por parte de algumas seitas religiosas que continuam a
actuar entre nós (Testemunhas de Jeová…)
- Na Igreja em Portugal e no mundo, preocupam o fervilhar de movimentos fundamentalistas
católicos que se difundem como cogumelos na internet
- Continua