quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O GASPTA na blogosfera


O blog TAROUCAndo publicou alguns posts com referências elogiosas à actuação do GASPTA (Grupo sócio-caritativo da Paróquia de Tarouca).
Pode ler aqui
e

O GASPTA procura pautar-se pelo conselho evangélico: "Não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita." A discreção no serviço é exigida pelo respeito devido a quem é ajudado.
O GASPTA funciona no terreno, sem grandes "papeladas" e sem "cátedras" como pensamos que deveria ser toda a acção social.
Dada a quase ausência de meios, o GASPTA funciona como um "despertador" junto das instituições e das pessoas a quem cabe resolver as situações. O que nem sempre é fácil, acarrentado alguns "amargos de boca"  que não o calam.
O GASPTA é uma dimensão operativa do mandamento novo do amor na comunidade paroquial. É que "se não tiver caridade, nada sou", diz São Paulo. Dalguma maneira, o GASPTA é a Igreja fora das igrejas.
O GASPTA vive da absoluta gratuitidade e dedicação dos seus membros.
O GASPTA está aberto e agradecido à generosidade de todos em prol de quem mais precisa.
O GASPTA não é um grupo fechado, recebe sempre de braços abertos outras pessoas que o queiram integrar.

O JEJUM NA QUARESMA

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Escritora Alice Vieira destaca desafio do «silêncio» numa sociedade onde «as pessoas se rodeiam sempre de muita coisa, para atordoar»

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Quaresma: Caminhada de «florescimento» humano e espiritual

A escritora Alice Vieira olha para a Quaresma como um espaço privilegiado de reflexão, que corta com a “voragem dos dias” e abre novas perspetivas de “florescimento” humano e espiritual.
“Para preparar a primavera, temos de ter a coragem de deixar os invernos, o que é passado, e irmos preparando uma outra vida, em que devemos estar mais atentos, melhores, mais solidários” sublinha a autora, em entrevista ao Programa da Igreja Católica desta segunda-feira, na Antena 1.
Com mais de 30 anos de carreira, sobretudo na área da literatura infantojuvenil, paixão que tem conciliado com a atividade jornalística, Alice Vieira aproveita este tempo litúrgico para fazer “silêncio” e distinguir o que é “fundamental” daquilo que é “acessório”.
Um exercício que, no meio da sociedade atual, acaba por ser um autêntico desafio, já que “as pessoas rodeiam-se sempre de muita coisa, de muita gente, muito barulho, para atordoar”.
 
O recolhimento “muitas vezes não é fácil” mas serve para “disponibilizarmos um pouco a nossa alma para o grande grito de aleluia que se vai dar”, salienta a autora.
O Programa da Igreja Católica na Antena 1 está a apresentar durante esta semana um conjunto de testemunhos relacionados com a caminhada quaresmal, envolvendo figuras ligadas às áreas da cultura, educação, música e religião.
A Quaresma, que começou na quarta-feira, com a celebração de cinzas, é um período de 40 dias - excetuando os domingos - marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, este ano celebrada a 8 de abril.
In ecclesia

SE DEUS É POR NÓS

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Catecumenato

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Adultos foram à catedral pedir publicamente
para serem membros da Igreja Católica
A catedral de Santarém recebeu no passado domingo um conjunto de adultos da diocese que manifestaram publicamente a vontade de receberem os primeiros três sacramentos cristãos e serem admitidos na Igreja Católica.
Os catecúmenos, termo que designa os candidatos aos sacramentos da iniciação cristã, Batismo, Confirmação (Crisma) e Eucaristia, passaram por “um tempo longo de preparação” em que receberam as primeiras noções de espiritualidade e doutrina cristãs.

Tudo tem o seu tempo

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Diz a Sagrada Escritura:

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;

Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;

Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;

Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;

Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;

Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.

 Eclesiastes 3, 1-8

DEVIA HAVER MAIS SILÊNCIO NA QUARESMA

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Veja aqui

domingo, 26 de fevereiro de 2012

SOU O CENTRO PAROQUIAL SANTA HELENA DA CRUZ






Olá!

Sou o Centro Paroquial Santa Helena da Cruz, o vosso amigo.
Já tenho a mobília quase toda, luz, água, cortinas, telefone, wcs prontos... Espero as novas tecnologias que estão para chegar em breve. Ah! tenho alarme e videovigilância.
Amanhã os meus amigos catequistas vêm dar-me uma limpeza geral porque quero ser asseadinho e estar limpinho para receber os meus amiguinhos no próximo dia 10 de Março.
Espero muito que os meus amiguinhos me respeitem e me mantenham limpo, porque gosto demais deles. Confio que os pais tudo façam para motivar os filhos para me protegerem e dignificarem. É que sou filho da generosidade e do carinho da comunidade paroquial.
Já estou pronto? Ainda não. Falta a 3ª parte. Quando esta estiver concluída, então sim, faremos a festa da inauguração para toda a gente que queira dar-me a alegria da sua presença.
Mas a catequese não pode esperar. Assim vou receber desde já as crianças e jovens da catequese, bem como outras reuniões da paróquia.

Ah! Continuo a precisar cada vez mais dos meus amigos! O que falta fazer é sempre o mais difícil.
Mas confio na generosidade de todos os amigos. Penso que não me vão abandonar agora e deixar como obra inacabada.
Posso lembrar-lhes uma coisa? Peço desculpa, mas quero ser claro: não sou uma obra para o padre, esse não precisa de mim. Sou uma obra para as crianças, jovens, casais e idosos, para a paróquia toda.
Quero a paróquia toda (residentes, emigrantes, amigos) comigo, pois eu sou para todos.
Abraça-vos o amigo
Centro Paroquial Santa Helena da Cruz

3º corpo que ainda falta construir 

Terá duas vertentes: na cave, haverá espaços para arrumos (andores, alfaias da Igreja, etc), para o GASPTA acomodar as ofertas para os mais carenciados, para reinstalar os escuteiros, sala para os jovens e lugar para a carrinha. No 1º piso, um espaço amplo polivante para celebrações (nas grandes enchentes), actos culturais (por exemplo, festa da catequese, ensaios e outros), grandes reuniões (reuniões de pais, de toda a catequese, etc).
Não vai ser fácil, mas não vamos desistir. Estamos com o Centro Paroquial até ao fim. Todos!
E é mais do que urgente que a generosidade aumente. Muito!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Símbolos para a caminhada quaresmal da comunidade paroquial

Estamos na Quaresma, tempo de conversão, tempo em que o Senhor nos convida a entrar dentro de nós mesmos, a encontrarmo-nos com os outros e com Ele, sempre numa proposta de mudança. Acolhamos a Bíblia, Palavra de Deus, que é luz para os nossos caminhos, é resposta aos nossos medos e ansiedades.
Durante o tempo da Quaresma iremos ouvir com atenção a Palavra do Senhor e com ela buscaremos os caminhos de felicidade por onde Jesus nos quer guiar….

Que cada pessoa, cada família e a Igreja saibam acolher nos corações esta Palavra de Vida Eterna.

Para entrarmos no deserto quaresmal, temos que nos preparar para conseguirmos sair dele mais fortes, mais santos. Por isso, levemos connosco para a nossa caminhada da quaresma:

- o cantil, para o enchermos com as nossas orações




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- a bússola dos nossos sacrifícios (jejuns e renúncias) 
- o cobertor da nossa caridade, para aquecermos as noites frias de amor das famílias e da comunidade.

ORAÇÃO PARA A VIDA

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

I DOMINGO DA QUARESMA - Ano B

No Deserto



Estamos no início da QUARESMA.
Quaresma é o grande retiro espiritual dos cristãos como preparação para festa da Páscoa.
É o coração do ano litúrgico e o cume da fé cristã.
Na Igreja Primitiva, na Quaresma fazia-se a preparação próxima do Batismo.
As Leituras  introduzem-nos no caminho da renovação do Batismo
e chamam-nos à conversão.
A 1a Leitura  evoca o Dilúvio, o BATISMO pelo qual todo o Universo teve de passar para que surgisse uma nova criação. (Gn 9,8-15)
Começamos a ler a Historia da salvação a partir do episódio do Dilúvio, quando Deus salvou o justo Noé e sua família e fez a primeira Aliança com a humanidade.
Através do dilúvio, Deus purificou a humanidade corrompida. 
O Dilúvio foi o grande batismo de todo o Universo, que renasceu das águas para estabelecer uma nova Aliança.
E o arco-íris deixado por Deus no céu foi o sinal dessa Aliança,desse abraço entre o céu e a terra, entre Deus e os homens.

A 2a Leitura,  lembra-nos que as águas purificadoras do Dilúvio são imagem das águas purificadoras do Batismo. (1Pd 3,18-22)

 * Pedro interpreta a figura de Noé e do Dilúvio como chave batismal.
É uma antiga catequese Batismal da Igreja primitiva.


O Evangelho resume as palavras inaugurais do ministério de Jesus, proclamando a graça do reino e chamando os homens à conversão. (Mc 1,12-15)
O episódio das TENTAÇÕES de Jesus no DESERTO, mais do que uma narrativa histórica, trata-se de uma Catequese. 
- "O deserto", para os judeus, é o lugar privilegiado do encontro com Deus.
Foi no deserto que o Povo experimentou o amor e a solicitude de Deus e foi no deserto que Deus propôs a Israel uma Aliança.
Foi também no deserto, que Israel tentou Deus: Valia a pena o êxodo? Não seria melhor permanecer no Egito ao redor das panelas de carne e cebolas?
- Para Jesus o "deserto" é o "lugar" do encontro com Deus e do discernimento dos seus projetos. E é o "lugar" da prova, da tentação de abandonar Deus e de seguir outros caminhos.
- "Quarenta dias" é um número simbólico, que lembra o tempo da caminhada do Povo no deserto e a experiência de Moisés e de Elias.
- "Satanás" representa os que se opõem ao estabelecimento do seu Reino.
- "As tentações": Marcos não especifica as tentações, mas elas simbolizam as provações que Jesus enfrentou ao longo de toda a sua vida para se manter fiel à missão confiada por Deus.
Elas resumem também as tentações de todos nós...

 A vida de Jesus será uma luta constante de superação até a vitória definitiva na cruz, através da Ressurreição.
Da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia.
Jesus aparece como o novo Adão, que vence o tentador.
Vencendo a tentação, Jesus inaugura a Aliança definitiva, mais importante que a de Noé.

Após ser Batizado e ter superado as Tentações no DESERTO, Jesus inicia o seu trabalho apostólico, proclamando:
"O Reino já chegou... Convertei-vos e crede no evangelho".

As mesmas palavras, que ouvimos quarta feira passada ao receber as cinzas e que são um resumo do espírito da Quaresma, que estamos iniciando.

* QUARESMA é DILÚVIO e DESERTO.
- É Dilúvio que arranca o pecado e leva a construir a área de Salvação e é Sinal de que Deus está em Paz conosco.
- É Deserto pela espiritualidade do despojamento, que nos propõe.


* QUARESMA é CONVERTER-SE e CRER:
- "Converter-se" é muito mais que fazer penitências ou  realizar privações momentâneas.
É fazer com Deus seja o centro de nossa existência e  ocupe sempre o primeiro lugar.
- "Crer" não é apenas aceitar um conjunto de verdades intelectuais.
   É aderir à pessoa de Cristo, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração e fazer dela o guia de nossa vida.

 A nossa Quaresma:

A Liturgia de hoje consciencializa-nos da fidelidade de Deus e da necessidade de morrer para o homem velho para ressuscitar com Cristo a uma vida nova.
Sinal eficaz desse passo é o Batismo; o caminho é a conversão até a Páscoa.

Gesto concreto:
O que pretendo fazer nesse tempo sagrado da Quaresma?

Gestos concretos:
- Quais são os momentos especiais de Oração... de Deserto?
- Qual a minha Penitência quaresmal, proveitosa para mim e agradável a Deus?
 - Quais os atos de Caridade que pretendo realizar? Que renúncias pretendo realizar?
Esse é o caminho para que a Páscoa aconteça dentro de cada um de nós...

 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa, aqui

A pessoa humana


..."Hoje, mata-se por coisas insignificantes: um estacionamento, um ciúme com uma rapariga, por dinheiro, por uma pizza e por vezes pelo jogo». - Pino Pellegrino

Num tempo em que, um pouco por todo o lado, se organizam grupos de pessoas para defender os direitos dos animais, pareceria que as pessoas humanas já são por todos reconhecidas como seres respeitados na sua dignidade, acima de qualquer outro ser terreno. Mas não é assim. Os nossos tempos são tempos de desumanidade cruel: mata-se uma pessoa por tudo e por nada, assaltam-se adultos e enganam-se idosos simples, matam-se namoradas e esposas, mães e pais.

Não tenho nada contra os que defendem os animais, mas tenho pena que haja tanta desumanidade contra pessoas inocentes. Este nosso mundo que poderia ser um quase paraíso, transformou-se num inferno de sofrimento e morte.

A mensagem de Cristo de paz e amor, de perdão e misericórdia anda muito esquecida. Por isso há que arrepiar caminho como escreve Pino Pellegrino:

«Na educação dos filhos pode-se 'fechar os olhos' a muita coisa, mas nunca à falta de respeito pela pessoa. Desde pequena, a criança deveria saber que cada homem é uma realidade sagrada. Cada homem é 'coisa' sagrada».

«Estas palavas deveriam ser escritas em todas as paredes das escolas, a começar pela infância, até à Universidade. Sim, nunca foi tão urgente educar para o sentido da dignidade humana!

Hoje, mata-se por coisas insignificantes: um estacionamento, um ciúme com uma rapariga, por dinheiro, por uma pizza e por vezes pelo jogo».

«Eis o mal mais trágico da nossa época, conseguir fazer esquecer que cada homem é um ser humano!»
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In O Amigo do Povo

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras»

Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2012

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da » (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre atual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.
1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e, todavia, são objeto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bemdo outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.
O fato de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje se é muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais retamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.
2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.
O fato de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de considerá-la na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e onipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a ação do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).
3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua.

Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 3 de Novembro de 2011




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quaresma 2012


«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.»
 (Heb 10, 24)

Este é o tema da Mensagem de Bento XVI para a Quaresma deste ano. Logo a começar a sua Mensagem, o Papa diz-nos que «esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da » (v. 22), de conservarmos firmemente "a profissão da nossa esperança" (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24).


Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25)».

«A atenção ao outro – continua o Papa – inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual.
Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades.

Como todos já sabemos, o caminho a seguir para preparar a Páscoa de Cristo e a nossa Páscoa assenta em passos concretos a realizar: oração, jejum e esmola. Este deve ser o caminho habitual do cristão ao longo da sua vida. Mas a Quaresma deve levar-nos a todos a intensificar estas ptráticas.

In O Amigo do Povo

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Jejum e abstinência

1. Quando?
- O jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-feira de Cinzas e em Sexta-feira Santa.
- Cada sexta-feira da Quaresma é dia de abstinência.
2. Para quem?
- O preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado os 59.
Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência, sugerindo-lhes outros modos de a exprimirem.
- O preceito da abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos.
3. O que é o jejum?
O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar alimentos ligeiros às horas das outras refeições.
Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.
4. O que é a abstinência?
- A abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. Será muito aconselhável manter-se esta forma de abstinência, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou da especial preferência de cada um.
Contudo, devido à evolução das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para praticar a abstinência como acto penitencial. Lembrem-se os fiéis de que o essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de carácter penitencial.
--Observação:
- A água e remédios não quebram jejum.
- Grávidas e doentes estão dispensados do jejum.
- Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.
5. Jejuar, fazer abstinência, para quê?
- Na pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência: a Quaresma é um desses tempos. A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem naturalmente a prática da penitência.
- A Quaresma lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador ( 40 dias no deserto). Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal, que compreende a Paixão e Morte (Sexta-feira Santa), a Sepultura (Sábado Santo) e a Ressurreição de Jesus Cristo (Domingo e Oitava da Páscoa).
- Em todo o período quaresmal renovam-se os apelos à conversão, ao abandono do pecado, à renovação da fé, à produção de frutos de justiça e caridade, ao avanço no conhecimento de Jesus Cristo e à correspondência ao Seu amor, visando uma vida santa.
- Durante esse tempo, a Igreja exorta todos os cristãos a realizarem os exercícios quaresmais, entre eles, o jejum. Naturalmente, essa prática deve fazer parte da vida do cristão ao longo de todo o ano, mas, na Quaresma, deve ser exercida mais intensamente, também como forma de penitência.
- Pelo jejum recorda-se que "não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem da boca de Deus" (Mt 4,4). Por meio dessa penitência, o cristão é estimulado a desapegar o coração de todos os bens que acaso o impeça de amar e servir a Deus acima de todas as coisas. Praticar, retamente, a abstinência de alimentos fá-lo sentir a precariedade e a fugacidade da vida neste mundo e o ajuda a ordenar a existência para Deus. O jejum corporal faz parte das práticas espirituais de quase todas as religiões, dando-lhes um significado sagrado.
- O jejum no tempo quaresmal também expressa nossa solidariedade a Cristo, preso, torturado, flagelado, coroado de espinhos, condenado à morte, crucificado e morto.
- Ao jejuar, o cristão deve concentrar-se não somente na abstenção de alimentos ou de bebidas como também no significado mais profundo dessa prática. O alimento e as bebidas são indispensáveis para o homem viver, disso se serve e deve servir-se, mas não lhe é lícito abusar seja da forma que for. O jejum tem como finalidade  levar-nos a um equilíbrio necessário e ao desprendimento daquilo que podemos chamar de “atitude consumista”, característica da nossa civilização.
- É preciso entender que a renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é um fim em si mesmo, mas apenas um “meio” a fim de preparar o caminho para conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para criar condições para a vivência dos valores transcendentais. Por isso, essa prática espiritual não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade feliz e libertartadora.
 - O jejum que agrada a Deus vai muito além das práticas de mortificação ou abstinência. O verdadeiro jejum deve partir do coração, provocar libertação e mudança de vida, ou seja, de comportamento. Senão, de nada vale, visto que a maior prova da vida de oração e jejum é o bem comum, cujo objetivo deve mudar o comportamento de quem o pratica com Deus e com os irmãos. De que adianta rezar muito e fazer exercícios espirituais se o comportamento de quem os pratica não muda?
--6. Jejum e abstinência como forma  de amar
Aprecie o jejum e a abstinência propostos, em ordem ao domínio de si mesmo e à partilha com os outros.
Jejuar e fazer abstinência é renunciar por amor em favor de quem mais precisa.
Em cada renúncia vai algo de nós de que nos desprendemos para oferecer amorosamente a quem tanto necessita.
Renunciar para amar e amar pela renúncia.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mensagem para a Quaresma do nosso Bispo, D. António Couto,


O Papa Bento XVI inspirou-se na bela homilia que é a Carta aos Hebreus para falar, nesta Quaresma, ao coração da Igreja inteira e fazer soar e ressoar as suas cordas mais sensíveis, no sentido de nos fazer acordar da nossa letargia e nos persuadir a «prestar atenção uns aos outros, para acender em nós o paroxismo do amor e das obras boas e belas» (Hebreus 10,24).
«Prestar atenção» significa, como bem indica o verbo grego katanoéô, olhar de forma nova, próxima e dedicada para os outros e pelos outros. Olhar atentamente para os outros será sempre, em boa verdade, olhar pelos outros, pondo-nos ao seu serviço. Este olhar novo, limpo e diaconal dissolve o nosso olhar tantas vezes patronal, e faz-nos compreender que o outro, qualquer outro, tem sempre prioridade e precedência sobre nós.
Este procedimento novo de nos descentrarmos de nós mesmos para ficarmos por amor atentos aos outros e a olhar pelos outros é o caminho por excelência ou hiperbólico da vida cristã, como bem nos indicou São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (12,31). Por isso, nos tempos difíceis mas cheios de graça e de esperança que vivemos hoje, não temos o direito de nos acomodar (Romanos 12,2), passando insensivelmente ao lado das dores dos nossos irmãos, vivam eles aqui perto ou lá longe.
A Quaresma é um tempo de graça, de verdade e de escuta em alta fidelidade. É também um tempo de prova. Tempo de rasgar novas avenidas de nova sensibilidade, de abrir caminhos de caridade mais intensa, sempre a partir da Vida nova do Ressuscitado, sempre a caminho da Vida nova do Ressuscitado. Em boa verdade, é sempre bom e belo tomarmos consciência de que estamos hoje e aqui, a viver esta Quaresma do Ano da Graça de 2012, depois da Ressurreição do Senhor e por causa da Ressurreição do Senhor.
Depois da Ressurreição do Senhor e por causa da Ressurreição do Senhor. São estas as coordenadas nucleares da nossa estrada quaresmal. Não podemos, portanto, queridos irmãos, deixar de testemunhar que também hoje é possível, belo, bom e justo viver a existência humana de acordo com o Evangelho, e empenhar-nos, por isso e para isso, em viver uma vida verdadeira, plena, bela, de tal modo bela, que não seria possível explicá-la se Cristo não tivesse sido Crucificado e se não tivesse verdadeiramente Ressuscitado.
Querida Igreja desta Diocese de Lamego, não esqueças a tua identidade. Não te percas no caminho. Não te esqueças de onde vens e para onde vais. Não percas de vista Cristo Crucificado e Ressuscitado. E não te esqueças de que Ele continua vivo e actuante em ti, e solenemente exposto no rosto de cada irmão e irmã mais pequeninos.
Assim sendo e assim é, querida Igreja de Lamego, «enquanto temos tempo, façamos o bem para com todos» (Gálatas 6,10). E tu, meu irmão e minha irmã, «não deixes de fazer o bem a quem tem necessidade, quando está em tuas mãos fazê-lo. Não digas ao teu próximo: “Vai-te embora, volta amanhã e dar-te-ei, se tens aquilo de que ele necessita”» (Provérbios 3,27-28).
Lembro ainda, queridos irmãos, que esta viagem quaresmal é mais intransitiva do que transitiva. Não é tanto uma viagem exterior, nas estradas e no mapa. É mais, muito mais, uma viagem por dentro de nós, para refazer um coração que vê, entranhas que amam sem medida, pés que correm a anunciar o Evangelho, mãos abertas que acolhem e dão, mente cheia de grandes ideais. Ou, para o dizer com São Paulo: «Revesti-vos […] de entranhas de misericórdia, bondade, humildade, mansidão e magnanimidade, levantando-vos uns aos outros e fazendo-vos graça uns aos outros» (Colossenses 3,12-13).
Amados irmãos, queria propor-vos também, para este itinerário quaresmal, uma maneira concreta de prestarmos atenção aos nossos irmãos, de olharmos pelos nossos irmãos, de perto e de longe. Falo do destino a dar ao nosso contributo quaresmal diocesano, que é uma das expressões da nossa caridade. Olhando para os nossos irmãos de perto, vamos destinar uma parte do contributo da nossa caridade para o fundo solidário diocesano, para ajudar a aliviar os irmãos mais necessitados. Olhando para os nossos irmãos de longe, vamos destinar outra parte do contributo da nossa caridade para as missões de Malema e Nametil (Diocese de Nampula, Moçambique), para sentirmos também a alegria de levar um pouco de alívio a irmãos nossos que experimentam muito mais dificuldades do que nós.
Com a ternura de Jesus Cristo, saúdo todas as crianças, jovens, adultos e idosos, catequistas, acólitos, leitores, escuteiros, cantores, ministros da comunhão, membros de todas as associações, serviços e secretariados, todos os nossos seminaristas, todos os religiosos e religiosas, todos os diáconos e sacerdotes que habitam e servem a nossa Diocese de Lamego ou estão ao serviço de outras Igrejas. Saúdo com particular afecto todos os doentes, carenciados e desempregados, e as famílias que atravessam dificuldades. Uma saudação especial aos nossos emigrantes.
Na certeza da minha oração e comunhão convosco, a todos vos abraça o vosso bispo
+ António Couto, Bispo de Lamego

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Se és cristão...

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Para ti, hoje é domingo ou feriado?

Sem a Missa Dominical, este dia, para o cristão, não passa de um simples feriado.


Quem é, hoje, o teu deus? A quem estás a adorar hoje?
- A cama?
- O café?
- O passeio?
- O desporto?
- O trabalho?
- (...)?

Lembra-te da Bíblia que diz : Só a Deus adorarás, só a Ele prestarás culto."

sábado, 18 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

VII Domingo do Tempo Comum - Ano B

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Leituras: aqui 
São e salvo

1. Lotação esgotada, na casa de Jesus! E a multidão, em vez de ser caminho, é obstáculo, para chegar até Ele. Mas Jesus não está ali, para o espectáculo. A sua missão é sobretudo anunciar a Palavra! Abrindo o coração à Palavra, que vem do alto, Jesus quer tornar «sãos e salvos» os que acorrem à sua presença!
2. E veio a Ele, pelas mãos inteligentes e prontas da fé de quatro amigos, um paralítico. Entrou pelo teto e deve ter caído das nuvens, quando escutou as primeiras palavras de Jesus: «os teus pecados estão perdoados». Não era propriamente isso que ele estava à espera de ouvir! O que ele queria mesmo era pernas para andar. Mas, ao contrário, Jesus começa por uma cura interior, oferece, em primeiro lugar, o perdão. De facto, o pecado é uma espécie de paralisia do espírito, da qual só o poder do amor misericordioso de Deus nos pode libertar, permitindo que nos levantemos e retomemos o caminho pela via do bem. Por isso, a Jesus, não interessa apenas o homem “são” se isso não significar ao mesmo tempo “o homem santo”. Saúde e salvação, «são e salvo», são realidades que se reclamam mutuamente, na pessoa inteira, que é corpo e alma, dos pés à cabeça! Por isso, Jesus cura primeiro por dentro, para só depois sarar por fora.
3. Esta prioridade da dimensão espiritual, vem em sentido completamente contrário ao das nossas práticas de saúde! De facto, o nosso tempo fez da procura da saúde e do cuidado pelo corpo, uma obsessão doentia. Estranhando a doença e a velhice, como se estas não fossem uma coisa natural, procura-se estar em forma, e a todo o custo, como se daí viera a própria salvação. A saúde e a procura da aparente beleza do corpo tornaram-se hoje um culto, com as suas devoções, as suas asceses e sacrifícios. Senão vejamos: Aceita-se uma dieta rigorosa, para manter o corpo na linha! Mas despreza-se qualquer jejum e a abstinência propostos, em ordem ao domínio de si ou à partilha com os outros. Põe-se todo o empenho e sacrifício, no cumprimento estrito da receita para o emagrecimento, ou para o tratamento da pele, mas recusa-se qualquer disciplina moral, para o embelezamento da vida espiritual. Altera-se, em casa, a hora do jantar, por causa do ginásio ou da natação. Mas não se pode mudar a hora da Missa, por causa do almoço, nem apanhar frio, para vir à Oração. Promove-se assim a imagem do corpo, seja à custa do que for, do cheiro ou do calor, em centros de beleza, de relaxe e da fitness. Mas foge-se a sete pés do segredo e do silêncio do quarto para rezar, ou do confessionário, para se examinar e curar. A sorte de muitos psicólogos é que os cristãos se confessam muito pouco. O SPA e o divã são muito mais atraentes que o confessionário!
4. Queridos irmãos e irmãs: O início da Quaresma está para breve, com todos os exercícios, corporais e espirituais, que lhe estão associados. Mas curiosamente, o Papa vem lembrar-nos, na sua Mensagem para a Quaresma, que esta não será apenas um tempo para prestar maior atenção ao bem físico e material dos outros, mas sobretudo uma oportunidade para atender ao “bem espiritual do irmão”, a quem é preciso corrigir com amor e orientar no caminho da santidade e da salvação!
5. Preparemo-nos, então, com determinação, para começar este caminho, vencendo os obstáculos da multidão anónima, que nos impede de entrar na Casa, onde Jesus mora e nos cura por dentro. Façamos tudo o que for preciso, façamos das tripas coração, para que chegar ao encontro com Jesus e, a partir daí, avaliar tudo do teto para cima! Façam um furo, abram na vida uma brecha para chegar ao encontro salutar com Deus! Custe o que nos custar!
Fonte: aqui

Novo cardeal português defende que função “essencial” da mulher é educar os filhos

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Manuel Monteiro de Castro é um dos 22 novos cardeais aos quais Bento XVI vai entregar, neste sábado, os anéis e os barretes cardinalícios. Nesta sexta-feira, o clérigo português surge em duas entrevistas a defender que o Governo deveria apoiar mais as famílias, para que a mulher pudesse ficar em casa e “aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, a educação dos filhos”.

Em entrevista ao Correio da Manhã, Monteiro de Castro afirma que “o maior problema de Portugal” é o “pouco apoio que o Estado dá à família”. “A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos”, sustenta.

A resposta surge na sequência de uma pergunta sobre se está a acompanhar a situação difícil do país. O mesmo acontece na entrevista que o novo cardeal português dá ao Jornal de Notícias, na qual insiste que “Portugal tem de dar mais força às famílias, pôr os nossos portugueses a produzir em Portugal e não fora”. “Devíamos dar muito mais valor à família e ao valor da mulher em casa”, continua.

“O trabalho da mulher a tempo completo, creio que não é útil ao país. Trabalhar em casa sim, mas que tenham de trabalhar de manhã até à noite, creio que para um país é negativo. A melhor formadora é a mãe, e se a mãe não tem tempo para respirar como vai ter tempo para formar”, questiona Monteiro de Castro, ainda na entrevista ao Jornal de Notícias.

“A mulher perdeu muito do valor que tinha. Tem muito valor num sentido mas noutro… Um país depende muito, muito das mães, pois é ela que forma os filhos. Não há melhor educadora que a mãe”, considera. Monteiro de Castro diz mais: “Mas se a mãe tem de trabalhar pela manhã e pela noite e depois chega a casa e o marido quer falar com ela e não tem com quem falar… Isto é, uma família bem organizada é uma base fundamental para um país.”

Na essência, é a mesma resposta que deu ao Correio da Manhã: “A mulher deve poder ficar em casa, ou, se trabalhar fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos.”

Monteiro de Castro, de 73 anos, desempenhou as funções de núncio (embaixador) do Vaticano em vários países, o último dos quais em Espanha. Aí, foi várias vezes criticado pelo arcebispo de Madrid, Rouco Varela, por ser demasiado moderado e insistir em estabelecer pontes com o Governo socialista de José Luis Zapatero.

Fonte: aqui

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Música litúrgica na internet


Desde o início do ano que já se pode aceder a um sítio na internet que pretende ser mais uma ajuda na preparasção dos cânticos das Missas. Ao digitar o www.canticos.org na barra de endereços de qualquer programa de navegação na internet, consegue-se aceder à letra de centenas de cânticos litúrgicos e às respectivas partituras, bem como ouvi-los através de versões vídeo ou áudio.

Este espaço é a concretização dum projecto que nasceu com a edição do Laudate, uma compilação impressa em duas versões - letra e partituras -, que junta os cânticos e as orações usadas na liturgia. Dada a elevada procura destes livros, a versão com notação musical acabou por se esgotar e a isso sucederam-se imensos pedidos de reimpressão. Uma obra desta envergadura comporta elevadíssimos encargos, quer na produção quer na impressão, e, porque todos os dias surgem novos títulos musicais na área do canto litúrgico, é sempre necessária uma morosa actualização. Foi na ponderação destas desvantagens que a equipa organizadora acabou por decidir aproveitar as potencialidades das novas tecnologias da informação e disponibilizar online todo o conteúdo das edições impressas. Desta forma estariam a prosseguir os objectivos iniciais com a grande vantagem de alargarem ainda mais os beneficiários do Laudate e assim contribuir para o crescimento do canto litúrgico e investir na animação nesta área.

Apesar da complexidade do sítio, neste momento, já se. pode contar com 350 títulos e espera-se chegar, a médio prazo, ao milhar. Para isso, também se aguarda a contribuição dos próprios visitantes, que podem dar as suas impressões e sugestões bem como enviar para a organização outros cânticos que não estejam ainda listados. Pretende-se, assim, que esta nova versão do Laudate seja também um organismo vivo, que vai crescendo à medida que vai sendo alimentado pelos próprios agentes pastorais.

Para além da letra, da notação musical, do áudio e do vídeo, há outras funcionalidades que, decerto, vão agradar aos seus utilizadores. A todos os cânticos são atribuídas categorias – cerca de 40 – que identificam as ocasiões litúrgicas para as quais eles são indicados. Basta um clique numa delas, para se poder aceder a uma extensa lista de sugestões adequadas.
In O Amigo do Povo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A HISTÓRIA DE PEPE

D. António Couto: "Um povo torna-se pobre, quando lhe roubam as canções de infância"

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D. António Couto, em “lua-de-mel” como Bispo de Lamego, veio à III Jornada da Pastoral Familiar falar de “afectos e compromissos na família à luz da Bíblia”. Citando um poeta siciliano, lembrou que “um povo torna-se pobre quando lhe roubam as canções que aprende na infância, em família”, mais que quando lhe roubam a liberdade ou a riqueza.


A “casa do pai”, no conceito bíblico, significa a família alargada, que inclui o pai, a mãe, os filhos solteiros e casados, os netos, os trabalhadores e os próprios bens. E segundo a tradição bíblica, no Antigo Testamento, os pais contam aos filhos as origens e a identidade do povo a que pertencem: a História do povo é carregada de mistério e beleza, de solidariedade nas dificuldades e de festa nas alegrias, sempre com Deus no centro, atingindo o ápice na ceia pascal judaica.
Aos onze anos, rapazes e raparigas do povo judaico tornam-se “filhos do mandamento”, numa festa semelhante à da profissão de fé cristã. Eles e elas, nessa festa, percorrem a casa de todos os familiares e recolhem as memórias/histórias dos seus antepassados e aprendem as trovas e cantigas, lembrava D. António Couto, especialista em Bíblia.
Em contrapartida, nós “facilmente abandonamos e desprezamos o que vem dos nossos avós/bisavós e até dos nossos pais.”
Na Bíblia, encontramos evidente a tradição de “uma geração enaltece à outra as obras” que Deus fez na sua História: “cantaremos as suas obras, para que a geração seguinte as conheça e não se esqueçam das obras de Deus e guardem os seus mandamentos”.
Contar histórias da nossa vida atravessadas por Deus é mais importante que dar cheques, euros, ou cartões de crédito, afirmava o bispo, esclarecendo que “os meus actos têm valor e consequências para a família, que é pátria/mátria do dom".
Património e matrimónio têm na sua significação o dom (múnus) de saborear novas e permanentes relações de corresponsabilidade.
Aclarando o significado de paixão e de amor, D. António Couto lembrava que “estar apaixonado/enamorado é sofrer; amar é decidir, actuar”: a Bíblia não ensina apaixonai-vos uns pelos outros, diz “amai-vos uns aos outros, …amai os vossos inimigos”. E concluía que “amar é uma atitude, sucessão de actos oblativos, gratuitos”.
Terminando, sugeria aos casais presentes que deixassem como “herança” aos seus filhos “histórias de amor atravessadas por Deus”, testemunhando-as, porque “testemunhar é gerar vida nova”, como nos mostra a Bíblia, tanto no Antigo, como no Novo Testamento.
Fonte: aqui

Versão portuguesa do Catecismo Jovem YOUCAT chega à Internet

A versão portuguesa do Catecismo Jovem da Igreja Católica, mais conhecido por YOUCAT, já pode ser consulta na internet, através do endereço www.youcat.org/pt.
Em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a entidade responsável pelo projeto, Paulus Editora, adianta que o site está “dividido em quatro áreas principais: Leia o livro, acreditar, sê criativo e encontra”.
A nova página é um convite a conhecer “um pouco da história” do livro que foi lançado pela Santa Sé durante as últimas Jornadas Mundiais da Juventude, que tiveram lugar em Madrid (Espanha), entre 16 e 21 de agosto de 2011.
Os jovens vão ter oportunidade de ver vídeos, fotos, responder a questões mensais sobre o YOUCAT e “criar grupos de estudo online”, através de uma ferramenta que estará em ligação permanente com as principais redes sociais.
In ecclesia