segunda-feira, 30 de novembro de 2020

ANO BISSEXTO, ANO TRAVESSO

 


Volto aqui às minhas recolhas, que há mais de meio século obtive, junto de camponeses com certa idade analfabetos e com muita tarimba. Liam com a maior facilidade os efeitos do vento e sabiam os melhores resultados que podiam tirar dos quartos da Lua. O crescente e o minguante eram aqueles que eram mais esperados para os trabalhos agrícolas. Embora tivessem essa faculdade, não conseguiam controlar o clima, cujos fenómenos daí resultantes, até hoje ainda ninguém conseguiu mexer ou adaptar ao melhor sucesso, por mais que a ciência se esforce na Física do Clima, o que viria a trazer um benefício Global.Daí que as calamidades climáticas fossem sempre o pior fator para a produção agrícola deste país. Mais concretamente o gelo, pois se o mesmo através de acentuado arrefecimento noturno, queima os renovos, em precipitação, o denominado granizo e no último terço da primavera, destrói tudo aquilo que garantia uma boa colheita, juntamente com tantos litros de suor humano, bem como larga litragem de gasóleo que fez movimentar a maquinaria agrícola a fim de colocar as sementeiras e as plantações em adiantado estado de desenvolvimento. É bem evidente que são os frutos os que mais sofrem, pois estão a céu aberto, enquanto que os produtos criados na terra como a batata e a cebola têm outra proteção. Como naquele tempo a iliteracia abundava por demais no espaço rural, no tempo em que me refiro, os saberes iam passando de boca em boa, na maioria das vezes em forma de adágio rimado para que não fosse tão vulnerável ao esquecimento. Essas sentenças populares tornavam-se verdadeiras regras na condução agrícola, a menos que a meteorologia o não permitisse. No tempo em que estamos a viver, há um desses ditados que assenta perfeitamente. Eu há várias dúzias de anos que ouvia dizer: - Ano bissexto, ano travesso. Tudo isto quer dizer que nesta ou naquela área, o vinte e nove de fevereiro traz turbulência. Já não tenho memória dos outros catorze que a vida me deu, mas confesso que no meu ponto de vista varreu com a desgraça todos os setores da vida portuguesa. No aspeto pandémico, foi mesmo o mundo inteiro. Por cá não deixou nada de pé, todas as atividades económicas foram afetadas gravemente devido à pandemia. A par disso e dos confinamentos que daí resultaram colocaram os vários serviços num caos. O setor da saúde ficou completamente baralhado não se sabendo quantos morreram ao certo, nem nunca se virá a saber, quantos morreram por falta de assistência, noutras patologias dado que toda a medicina foi canalizada para o combate ao Covid-19.Em algumas áreas do país as trovoadas desfizeram toda a agricultura, dizimando não só a fruta como os rebento que viriam a servir nos anos seguinte, tudo isto devido a saraivadas violentas que tudo atingiram. Para além disso vem um tempo húmido a seguir a uns dias de calor que impede de se enfardar e recolher alguns fenos que já se encontravam tombados. Tudo isto sem falar no nevão primaveril de trinta e um de março, que molestou toda a fruta mais precoce. Pela minha análise, não tenho receio em afirmar que o quinto ano bissexto deste milénio, foi até agora e continuará a ser, um ano mesmo mau. Ora em algumas conversas em que às vezes se foca os danos que a natureza nos tem trazido, eu vou buscar o ditado e então passo a sentenciar a desgraça com o dito provérbio que me ficou em mente desde miúdo, que por vezes dá uma certa graça, sem que seja contrariado. Ora há poucos dias, estava eu em conversa com uma figura pública do país, na área das cantigas que também tinha queixas do que lhe acontecia este ano em vários aspetos Eu em conversa amena lá dei o meu despacho: - Ano bissexto, ano travesso! Vem-me de volta uma resposta sábia: - Então Deus que o marcou, algum defeito lhe encontrou.

José Albano, "A Guarda"

domingo, 29 de novembro de 2020

Novo Ano litúrgico vai ser conduzido por São Marcos, «evangelista das periferias»

 «Discipulado» e «relação com Jesus» são eixos centrais no Evangelho que vai ser lido nas missas do Ano B


O padre Mário de Sousa apresenta o evangelista São Marcos, cujos textos serão lidos nas missas do novo Ano Litúrgico que tem início neste domingo, como aquele que convida a aprofundar a relação que cada pessoa tem com Jesus.

“Marcos não narra nada da infância de Jesus, a sua obra não foi escrita para satisfazer a nossa curiosidade, ele vai ao essencial. Marcos diz-nos logo ao que vem. O início da sua obra aponta Jesus como o Cristo, filho de Deus. O essencial é a identidade de Jesus e a relação com ele”, explica à Agência ECCLESIA o padre da diocese do Algarve e professor de Novo Testamento no Instituto Superior de Teologia de Évora.

O especialista reconhece que ao longo do Evangelho de São Marcos, o leitor que, “desde o início sabem quem é Jesus”, vai-se “deparando com respostas incorretas como também acontece “serem os espíritos impuros a proclamar quem Jesus é”, factos que podem confundir e “criar tensão”.

Indica o padre Mário de Sousa que Jesus procura “respostas por dentro”.

“«E vós? Quem dizeis que eu sou?», é a pergunta, refere o professor de Novo Testamento.

Perante respostas intelectuais ou que indicariam o poder de Jesus, evidencia o padre Mário de Sousa, “Ele quer que percorram, o caminho” e percebam a diferença entre ser “religioso ou discípulo”.

“O grande convite é o confronto do nosso discipulado e das motivações profundas da nossa relação com Jesus, porque podemos ser religiosos sem nunca ser discípulo. Quer isto dizer que Jesus não quer profissões de fé apressadas, é preciso um caminho, um amadurecimento da fé”, indica.

O padre Mário de Sousa refere também a importância de todos se “reconhecerem a caminho”.

“Todos estamos a caminho e quando nos achamos feitos, fechamos as portas a Deus, perdemos a capacidade de nos deixarmos surpreender. Já temos as respostas e já sabemos as perguntas. Nem estamos abertos à novidade nem nos deixamos surpreender pelas perguntas e provocações que Deus nos faz”, lamenta.

In Agência Ecclesia

sábado, 28 de novembro de 2020

ANO LITÚRGICO

 






















1. No próximo domingo, 1º do Advento, começa um novo Ano Litúrgico. É o período de um ano ao longo do qual a Igreja desenvolve todo o mistério de Cristo, desde a Encarnação e Natal até à Ascensão, Pentecostes e expectativa da vinda gloriosa de Jesus no fim dos tempos. Vai desde o quarto domingo antes do Natal até ao sábado a seguir à solenidade de Cristo-Rei. Possui três tempos que enumero por ordem da importância: Tríduo Pascal, com o Tempo Pascal e a Quaresma; Natal e Advento (Incarnação e Nascimento de Jesus); Tempo Comum.

2. O ponto culminante do Mistério de Cristo é a Sua Morte e Ressurreição. Por isso há uma festa especial para o comemorar: a Páscoa, que ocupa o primeiro lugar no Ano Litúrgico. O Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor inicia-se com a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa, tem o seu centro na Vigília Pascal e termina nas Vésperas do domingo da Ressurreição. Na espiritualidade da Páscoa avultam a alegria e a esperança. Pretende-se que cada um ressuscite com Cristo, libertando-se do pecado e da morte. Tem um período de preparação, a Quaresma, que vai desde a Quarta-Feira de Cinzas até à Missa da Ceia do Senhor, exclusive. A Quaresma deve ser vivida numa dupla vertente: a reflexão sobre o Batismo, com a renovação das promessas batismais, e a Penitência, como preparação para a Páscoa.

3. O mistério da Morte e Ressurreição de Jesus comemora-se também em cada domingo. Por isso este ocupa igualmente um lugar primordial ao longo de todo o Ano Litúrgico. É o Dia do Senhor. Não pode ser substituído por outra festa, a não ser que também seja do Senhor. Mas os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa têm a precedência sobre todas as festas do Senhor e sobre todas as solenidades. A vivência do domingo inclui a participação na Eucaristia. Porque dia de descanso, permite se dedique mais tempo à família e à prática da caridade.

4. O Ano Litúrgico principia com a celebração da Incarnação e Nascimento de Jesus: o Natal. Tem uma preparação – as quatro semanas do Advento; uma celebração – a festa do Natal; um prolongamento e conclusão – seis domingos após a Epifania (festa dos Reis Magos). Decorre desde as Vésperas I do Natal do Senhor até ao domingo depois da Epifania, isto é, até ao domingo a seguir ao dia 6 de janeiro inclusive. São notas dominantes da espiritualidade deste tempo a alegria e a humildade. Fala-se do Filho de Deus que se fez Homem, apelando à fé e à gratidão para com o Salvador. Tem um período de preparação: o Advento. Vai das Vésperas I do domingo que ocorre no dia 30 de novembro ou no mais próximo a este e termina antes das Vésperas I do Natal do Senhor. No período do Advento fomenta-se uma atitude de fé, vigilância, pobreza espiritual e fome de Deus. Evoca: no passado, a vinda histórica de Jesus Cristo; no futuro, a Sua vinda gloriosa no fim dos tempos; no presente, a vinda mística de Cristo ao mundo do nosso tempo.

5. O Tempo Comum ou «Per Annum» compreende 33 ou 34 semanas nas quais não se celebra nenhum aspeto particular do Mistério de Cristo. Principia logo depois da festa do Batismo de Cristo e estende-se até à Quaresma, continuando depois do Pentecostes até ao Advento. Neste período têm lugar as solenidades da Santíssima Trindade, do Corpo de Deus, de Cristo Rei do Universo. De Nossa Senhora destacam-se, ao longo do ano, as solenidades da Assunção (15 de agosto) e da Imaculada Conceição (8 de dezembro). Ainda ao longo do ano, há a solenidade de Todos os Santos a evocação de alguns santos como solenidades, como festas, ou simples memórias, que podem ou não ser obrigatórias.

Silva Araújo, 
aqui

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

29 Novembro 2020 - 1º Domingo do Advento - Ano B

 

Leituras: aqui

Advento é tempo de “mudança e de esperança”

 Entrada:

O Advento, que engloba os quatro domingos anteriores ao Natal, marca o início do ano litúrgico na Igreja Católica e é marcado, em 2020, pelas limitações impostas pela Covid-19.

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou uma mensagem para o Advento, tempo de preparação para o Natal, que se inicia neste domingo. A mensagem dos Bispos pede atenção aos pobres e sublinha o impacto da pandemia.

“É terrível termos de assumir que, se não cuidamos bem dos pobres e necessitados, também não cuidamos bem de Deus! Mas é agora o tempo favorável”.

A mensagem dos bispos tem como título “Deus vem e enche o nosso tempo de ‘Bom-Dia’!”

“O Deus que vem não vem mudar as situações. Vem mudar os corações. E são os nossos corações mudados que podem mudar as situações”, dizem os nossos bispos que apelam a uma mudança de comportamentos, para que cada um seja capaz de “acolher e responder”.

 

Pai Nosso

Bem podia o profeta dizer que Deus desceu à nossa pandemia. E nós, os habitantes da pandemia, bem podemos rever-nos no Salmista que reza: Do ‘confinamento’ invoquei o Senhor» (Salmo 118,5)”.

“O andamento do Advento traz-nos um Deus que vem para o meio de nós e da nossa anemia e pandemia, e diz: ‘Bom-Dia’, e suplicando ordena: ‘Cuida de mim’”, dizem os bispos portugueses.

“O ‘cuida de mim’ que o pobre balbucia para ti não é opcional: é uma súplica que é um mandamento: não tens opção de escolha; tu é que foste escolhido, tens de responder que sim, debruçando-te sobre o pobre desvalido que ordena e implora o teu auxílio”, acrescentam.

A mensagem dos Bispos fala num tempo de “mudança e de esperança” que deve abrir portas a uma “torrente de bondade”.

 

Final:

“O Deus do Advento vem para o meio desta pandemia, pega na nossa mão, muda o nosso coração e envia-nos a mudar a situação. Está aberta a oficina do Advento: enquanto uns se afadigam na vacina, outros nos hospitais, outros nos lares, nas farmácias, na padaria, empenhemo-nos todos em encher este mundo de Paz, de Esperança e de ‘Bom-Dia’, à imagem e sob a proteção maternal de Maria”.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Mensagem da Conferência Episcopal Portuguesa para o Advento

 Deus vem e enche o nosso tempo de “Bom-Dia”!

  1. Advento. Deus vem. Deus vem, Deus saúda, Deus fala, Deus ama, Deus chama, Deus ordena, Deus escuta, Deus responde, Deus envia. Advento. Sujeito Deus. Primeiro Deus. O Deus do Advento, o Deus que Vem traz consigo uma grande carga verbal, que convém que se torne “viral” na nossa vida. Imitação de Deus. Deus que vem para nos dizer “Bom-Dia!”, que é o modo de fazer do Senhor Ressuscitado quando se apresenta no meio de nós, e diz: “Shalôm!”, “A Paz convosco!”.
  2. Esta Saudação, este Shalôm, esta Paz, este “Bom-Dia”, que ressoa desde a Criação, entra em nós, enche-nos de Bondade e de Alegria, e faz-nos encontrar um modo novo de encarar a vida. Esta Saudação, este Shalôm, esta Paz, este “Bom-Dia”, estabelece connosco uma relação nova e boa, não nos transmite uma informação, não tem em vista um negócio, não solicita a nossa reflexão ou decisão. Não nos deixa a pensar, a escolher, a decidir. Apenas a responder. Apeia-nos, portanto, do pedestal do nosso “eu” patronal: eu penso, eu quero, eu decido, eu, eu, eu…, e deixa-nos apenas a responder. Apenas. Como se responder fosse coisa pouca. Responder ao Senhor da nossa vida. Ao “Bom-Dia” responde-se “Bom-Dia”. É a Bondade sete vezes dita na Criação, o Sentido da Criação e da Vida a passar de mão em mão, rosto a rosto, coração a coração. Do coração de Deus para o nosso coração. Dos nossos corações uns para os outros. Avenida ou torrente de Bondade e de Fraternidade. Advento. Deus vem e enche o nosso tempo de “Bom-Dia”!
  3. Quando alguém te diz: “Bom-Dia!”, já sabes então o que isso significa, implica, replica, multiplica. Imagina agora que à beira da estrada encontras um pobre homem caído, abandonado, a esvair-se em sangue. Ao ver-te passar, balbucia para ti, ou apenas acende uma voz dentro de ti, que te diz, mesmo sem o dizer: “Olha para mim”, “olha por mim”, “cuida de mim”. Repara bem que o pobre não te diz: “Se quiseres, podes cuidar de mim”. Se assim fosse, podias pensar e decidir, sem precisares de descer do trono da tua sacrossanta liberdade de escolha. Mas o “cuida de mim” que o pobre balbucia para ti não é opcional: é uma súplica que é um mandamento; não tens opção de escolha; tu é que foste escolhido; tens de responder que sim, debruçando-te sobre o pobre desvalido que ordena e implora o teu auxílio. Repara bem: o pobre que jaz à beira da estrada elege-te e obriga-te, sem te obrigar, a debruçares-te sobre ele. Movimento inaudito: agora que te debruçaste sobre ele, que ordenou e implorou o teu auxílio, podes entender melhor a sua condição de soberano. Ele é, na verdade, o único verdadeiro soberano, pois sem te apontar nenhuma espingarda ou maço de dinheiro, fez com que tu te debruçasses sobre ele, libertando-te dos teus projetos e negócios, horários, agendas, calendários. Os poderosos e tiranos podem e sabem apenas escravizar-te. Mas não podem nem sabem libertar-te!
  4. Por isso, o Deus que vem agora visitar-nos confunde-se com os pequeninos (cf. Mateus 25,40.45), e neles vem amorosamente ao nosso encontro, para conversar connosco, para nos dizer “Bom-Dia”, e ordenar suplicando: “Cuida de mim”. Estava atento Isaías, o profeta do Advento, que ouve Deus a dizer assim: «em lugar alto e santo Eu habito, mas estou também com os oprimidos e humilhados, para dar vida e alento aos que não têm espaço nem sequer para respirar, aos que têm o coração despedaçado» (Isaías 57,15). Bem podia o profeta dizer que Deus desceu à nossa pandemia. E nós, os habitantes da pandemia, bem podemos rever-nos no Salmista que reza: «Do “confinamento” invoquei o Senhor» (Salmo 118,5), chegando-nos a resposta outra vez através de Isaías: «No tempo favorável te respondi; no dia da salvação te socorri» (Isaías 49,8), resposta que Paulo também regista, atualiza e pontualiza: «É agora o tempo favorável! É agora o dia da salvação!» (2 Coríntios 6,2).
  5. O andamento do Advento traz-nos um Deus que vem para o meio de nós e da nossa anemia e pandemia, e diz: “Bom-Dia”, e suplicando ordena: “Cuida de mim”. É terrível termos de assumir que, se não cuidamos bem dos pobres e necessitados, também não cuidamos bem de Deus! Mas é agora o tempo favorável! É agora o dia da salvação! É agora o tempo da enchente da Palavra de Deus, de que não devemos fugir, mas a que nos devemos expor. O nosso “eu” patronal e autorreferencial entrará em crise, e teremos de mudar comportamentos. Acolher e responder deve ser o nosso alimento. O Deus que vem não vem mudar as situações. Vem mudar os corações. E são os nossos corações mudados que podem mudar as situações. O Advento é tempo de mudança e de esperança. Celebrar o Advento é deixar entrar em nós esta torrente de Bondade, esta Saudação, este Shalôm, esta Paz, este “Bom-Dia”, este “Cuida de mim”. E responder “Bom-Dia!”, e responder que “Sim”.
  6. Sim, porque a resposta de Deus hoje somos nós. «Desci a fim de libertar o meu povo da mão dos egípcios…», diz Deus a Moisés, mas pega logo em Moisés pela mão, e diz-lhe: «E agora vai; Eu te envio ao Faraó, e faz sair do Egito o meu povo» (Êxodo 3,8.10). Texto grandioso e emblemático. O Deus do Advento vem para o meio desta pandemia, pega na nossa mão, muda o nosso coração e envia-nos a mudar a situação. Está aberta a oficina do Advento: enquanto uns se afadigam na vacina, outros nos hospitais, outros nos lares, nas farmácias, na padaria, empenhemo-nos todos em encher este mundo de Paz, de Esperança e de “Bom-Dia”, à imagem e sob a proteção maternal de Maria!

Lisboa, 22 de novembro de 2020

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

No princípio Deus

"As primeiras três palavras da Bíblia ('No princípio Deus') formam uma introdução indispensável para todo o resto. Elas dizem-nos que nunca podemos antecipar-nos a Deus ou surpreendê-lo, pois ele está sempre lá, 'no princípio'. A iniciativa de toda acção é de Deus." 
 John Stott

domingo, 22 de novembro de 2020

Papa desafia jovens a ir ao «encontro dos outros»

 


Uma delegação portuguesa recebeu esta manhã a Cruz peregrina e o Ícone mariano que são os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), marcando assim a passagem de testemunho do Panamá, que recebeu a edição internacional de 2019, para Lisboa, que acolhe o evento no verão de 2023.

Veja aqui

Hoje, na Eucaristia das 11h em Tarouca, uma jovem falou à comunidade sobre a Jornada Mundial da Juventude, motivando para a participação jovem e para o acolhimento dos jovens  de todo o mundo pela comunidade. 

É que o Papa entregou hoje a uma delegação portuguesa, na Basílica de São Pedro, a Cruz da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), cuja próxima edição internacional decorre em Lisboa (2023).

Comunidade Paroquial de São Pedro de Tarouca realizou hoje uma recolha de alimentos para os mais carenciados

 

"Quantas vezes o fizestes
a um dos meus irmãos mais pequeninos,
a Mim o fizestes." - Jesus Cristo

O GASPTA, que acolheu estas ofertas das pessoas, irá agora encaminhá-las para os mais necessitados.

Parabéns à comunidade partilhante!

ESTRANHO REI, ESTE

Tu és rei, Senhor, e o Teu trono é a Cruz.
Tu és rei, Senhor, e Teu reino é o coração de cada Homem.
Tu és rei, Senhor, e estás presente no mais pequeno.
Tu és rei, Senhor, e estás à nossa espera no pobre.
Tu és rei, Senhor, e queres mais o amor que o poder.
Tu és rei, Senhor, e moras em tantos corações.
Tu és rei, Senhor, e primas pela mansidão e pela humildade.
Tu és rei, Senhor, e não tens exército nem armas.
Tu és rei, Senhor, e não agrides nem oprimes.
Tu és rei, Senhor, e não ostentas vaidade nem orgulho.
Tu és rei, Senhor, e a tua política é a humildade, a esperança e a paz.
Tu és rei, Senhor, e continuas a ser ignorado e esquecido.
Tu és rei, Senhor, e continuas a ser silenciado.
Tu és rei, Senhor, e vejo-Te na rua, em tanto sorriso e em tanta lágrima.
Tu és rei, Senhor, e vais ao encontro de todo o ser humano.
Tu és rei, Senhor, e és Tu que vens ter connosco.
Hoje, Senhor, vou procurar-Te especialmente nos simples, nos humildes, nos que parecem estar longe.
Hoje, Senhor, vou procurar estar atento às Tuas incontáveis surpresas.
Obrigado, Senhor, por seres tão diferente.
Obrigado, Senhor, por seres Tu!
Texto de João António Teixeira

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Em 22 Novembro 2020 - Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, a Igreja recorda o "Dia do Leigo".

 "Dia do Leigo"

É Vocação de todo cristão viver o Batismo no meio do mundo, trabalhando para a transformação de uma sociedade mais justa e fraterna, anúncio do Reino definitivo.

Estamos conscientes de sermos cidadãos desse Reino?

   - Ele reina de fato, em nosso coração?

   - Trabalhamos para que ele chegue ao coração de todos?



IGREJA 
=
Cristãos leigos (a esmagadora maioria)
Cristãos ordenados (Bispos, Padres, Diáconos)
Cristãos consagrados (Frades e Freiras)

Pelo Batismos, Todos são  Igreja de Cristo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Próximo fim-de-semana: recolha de alimentos para os mais carenciados


Na sequência do Dia Mundial dos Pobres  (15 de novembro), em 21 e 22 de novembro de 2020 realizar-se-á  uma recolha de géneros alimentícios que serão encaminhados para o GASPTA para posterior distribuição por pessoas mais carentes.

Nas Eucaristias celebradas no Centro Paroquial, em Teixelo e em Gondomar, haverá um recetáculo à porta dos espaços para as pessoas aí depositarem o seu contributo.
Saliente-se que a comunidade foi esclarecida sobre o Dia Mundial dos Pobres e convidada a partilhar fraternalmente.

A caridade não faz barulho. É necessário ajudar quem precisa sem expor quem é ajudado.
Casos de carência momentânea ou prolongada aparecem sempre. Muito mais nesta altura de pandemia.  O Grupo Sócio-Caritativo tem que estar preparado para acorrer a essas necessidades. Além disso, pelo mundo fora as pobrezas são mais do que muitas…
Apela-se à generosidade e o recato de todos. Todos estamos na mesma estrada. Todos precisamos uns dos outros. Agora ou logo..

Bispos portugueses reafirmam convicção de que é seguro celebrar nas igrejas católicas

  


A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) emitiu hoje um esclarecimento a respeito de notícias que antecipavam um cenário de cancelamento das celebrações comunitárias, no Natal, reafirmando a de que é seguro celebrar nas igrejas católicas.

“A respeito das celebrações religiosas do Natal, rejeitando antecipar cenários para os quais não há ainda elementos, D. José Ornelas reafirmou a mesma certeza: que é possível celebrar em segurança no interior dos templos”, indica a nota enviada à Agência ECCLESIA, recordando as declarações do presidente da CEP, este sábado, em conferência de imprensa no final da Assembleia Plenária do episcopado, em Fátima.

O esclarecimento surge após notícias sobre a celebração do Natal, nas quais se refere que a “Conferência Episcopal admite não celebrar Missa do Galo”.

“O presidente da Conferência Episcopal afirma que, desde que foi possível retomar o culto público católico, foi dada a maior prioridade à saúde de todas as pessoas e que é possível, nesse pressuposto e seguindo as indicações definidas pela Conferência Episcopal em diálogo com as autoridades de saúde (orientações de 8 de maio), participar com segurança nas celebrações religiosas, nomeadamente as Eucaristias”, observa a nota do Secretariado Geral da CEP.

Segundo o organismo, a experiência das últimas semanas tem mostrado que, “nalguns casos, os encontros familiares, também os que se seguem a celebrações religiosas, podem tornar-se focos de contágio do novo coronavírus”.

“Estaremos atentos às condições que se venham a registar na época natalícia e tomaremos as orientações necessárias, sempre na defesa da vida das pessoas em todas as suas dimensões”, refere o texto.

A preocupação constava da nota da CEP publicada a 14 de novembro, com novas orientações face ao agravamento da pandemia: “Em particular, este comportamento responsável deve ser vivido após as celebrações litúrgicas mais festivas (Batizados, Comunhões, Crismas e Casamentos), evitando sempre as concentrações fora das igrejas e nas próprias casas”.

Na conferência de imprensa deste sábado, que apresentou as conclusões da 199.ª Assembleia Plenária da CEP, D. José Ornelas afirmou que a prioridade tem sido a segurança nas celebrações, dentro das igrejas, pedindo que, fora dos templos, as pessoas “tentem não se afastar dessa lógica”, seguindo as indicações da Direção Geral da Saúde.

A preocupação do bispo de Setúbal referia-se particularmente aos encontros familiares, defendendo “contenção” para evitar possíveis riscos de contágio.

“Para que os nossos avós cheguem ao próximo Natal, se calhar é necessário que neste Natal não estejamos juntos”, declarou.

domingo, 15 de novembro de 2020

«Não desperdicemos a vida pensando só em nós mesmos», apela o Papa

 

Francisco celebrou Missa no IV Dia Mundial dos Pobres, 
desafiando os católicos a servir e arriscar

O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa do IV Dia Mundial dos Pobres, celebração instituída no atual pontificado, com uma delegação de com pobres e sem-abrigo, considerando que estes estão no “centro” da mensagem cristã.

“Os pobres estão no centro do Evangelho, o Evangelho não se entende sem os pobres, estão na própria personalidade de Jesus, que sendo rico se aniquilou a si próprio, fez-se pobre”, declarou, na homilia da celebração.

Numa celebração limitada pelo desenvolvimento da pandemia, Francisco convidou a olhar em volta e a identificar as necessidades alheias, sem se deixar “contagiar pela indiferença”.

“Nestes tempos de incerteza e fragilidade que correm, não desperdicemos a vida pensando só em nós mesmos. Não nos iludamos dizendo ‘paz e segurança’”, apontou, desafiando os católicos a servir e a arriscar, na sua vida.

“Serviço é também a nossa atividade, aquilo que faz frutificar os talentos e dá sentido à vida: de facto, quem não vive para servir, não serve para viver. Temos de repeti-lo muitas vezes: quem não vive para servir, não serve para viver”, precisou.

“Mas qual é o estilo do serviço? Servos bons, no Evangelho, são aqueles que arriscam”, acrescentou.

Um grupo de 100 pessoas reuniu-se para esta Eucaristia, celebrada no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro e com transmissão online.

O Papa disse que a maior pobreza é a “pobreza de amor”, desejando que na próxima celebração do Natal as pessoas se concentrem mais em “dar aos outros, para ser como Jesus”, do que em “comprar”.

“Em vez de exigir o que te falta, estende a mão a quem passa necessidade: assim multiplicarás os talentos que recebeste”, recomendou.

Francisco criticou quem vive “só a acumular, pensando mais em estar bem do que em fazer bem”.

“Como é vazia, porém, uma vida que se preocupa das próprias necessidades, sem olhar para quem tem necessidade! Se temos dons, é para ser dons”, apontou.

A homilia alertou para uma “mumificação da alma”, que acontece na vida de muitos cristãos, realçando que não há “fidelidade sem risco” e “não basta observar as regras”.

O Papa disse ser “triste quando um cristão se coloca à defesa, prendendo-se apenas à observância das regras e ao respeito dos mandamentos”.

“Se não queremos viver pobremente, peçamos a graça de ver Jesus nos pobres, servi-lo nos pobres”, realçou, apresentando o “sucesso, o poder e o dinheiro” como uma ficção, que desaparece no fim da vida.

A reflexão partiu de uma das parábolas apresentadas por Jesus, em que um homem entregou a três servos uma soma avultada de dinheiro: a um cinco talentos, a outro dois, e ao terceiro um – calcula-se que um único talento equivalia aproximadamente ao salário de vinte anos de trabalho.

Francisco sublinhou como cada um destes homens geriu o que lhes foi dado, alertando para a tentação do “quem dera”, que tanta vezes paralisa as pessoas.

“A ilusão do ‘quem dera’ impede-nos de ver o bem e faz-nos esquecer os talentos que possuímos. Mas Deus confiou-no-los, porque conhece cada um de nós e sabe aquilo de que somos capazes; confia em nós, apesar das nossas fragilidades”, apontou.

“Se não se investir, perde-se, já que a grandeza da nossa vida não depende de quanto amealhamos, mas do fruto que produzimos”, prosseguiu.

Na recitação do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa voltou à reflexão sobre a “parábola dos talentos”, sublinhando que “Deus recompensará com o Céu, com a vida eterna, aqueles que usaram seus dons para fazer o bem”.

Francisco destacou que esta jornada desafia os cristãos a “estender a mão aos pobres” e rejeitar a “lógica da indiferença”.

“Estende a tua mão aos pobres, não estás sozinho na vida, há pessoas que precisam de ti, não sejas egoísta”, apelou.

“Jesus diz-nos isto: o pobre sou eu”, insistiu o Papa.

Durante a celebração, o Papa recordou o padre Roberto Malgesini, que dedicou a sua vida à população desfavorecida e foi morto no último mês de setembro, na Itália, por uma pessoa com perturbações mentais.

“Este padre não fazia teorias; simplesmente, via Jesus no pobre; e o sentido da vida, em servir. Enxugava lágrimas com mansidão, em nome de Deus que consola. O início do seu dia era a oração, para acolher o dom de Deus; o centro do dia, a caridade para fazer frutificar o amor recebido; o final, um claro testemunho do Evangelho”, indicou.

“Peçamos a graça de ser cristãos não em palavras, mas em obras… para dar fruto, como Jesus deseja”, concluiu Francisco.

Agência Ecclesia

Hino à Caridade

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

11 de novembro - São Martinho

 

Origem da palavra "capela"
Neste dia 11 de novembro, a Igreja recorda a festa litúrgica de São Martinho de Tours, um militar que partilhou sua capa com Cristo, fato que popularizou a palavra “capela” no mundo cristão.
 São Martinho de Tours nasceu na Hungria por volta do ano 316, filho de pais pagãos. Depois de receber o batismo e renunciar à milícia, fundou um mosteiro em Ligugé (França), onde viveu a vida monástica com a direção de Santo Hilário. Mais tarde, recebeu a ordem sacerdotal e foi eleito Bispo de Tours. Morreu em 397.
 A tradição indica que em um dia de inverno severo, sendo ele um jovem militar, encontrou-se no caminho com um homem pobre que sofria por estar com pouca roupa. Martinho, por não ter nada que pudesse dar-lhe, dividiu sua capa em duas partes iguais com a espada e  deu-lhe a metade.
 À noite, viu em um sonho que tinha presenteado Jesus Cristo com a metade da capa e o Senhor lhe disse: “Martinho, hoje  cobriste-me com a tua capa”.
 A meia capa de São Martinho de Tours foi colocada  numa urna e construíram-lhe um pequeno santuário. Como em latim “meia capa” se diz “capela”, as pessoas costumavam dizer: “Vamos rezar onde está a capela”. Desse modo, o nome “capela”  popularizou-se e passou a ser usado para designar os pequenos lugares de oração.
 São Martinho é padroeiro da França e da Hungria, assim como da cidade de Buenos Aires, onde o Papa Francisco nasceu.
Fonte: aqui

 


terça-feira, 10 de novembro de 2020

15 de novembro: DIA MUNDIAL DOS POBRES - «Estende a tua mão ao pobre» (Sir 7, 32)

 Papa afirma que a Igreja «não tem soluções globais a propor», mas oferece «o seu testemunho e gestos de partilha»


O Papa Francisco, na sua mensagem  para o IV Dia Mundial dos Pobres, afirma que o imperativo ‘Estende a tua mão ao pobre’ é “condição da autenticidade da fé”.

“Manter o olhar voltado para o pobre é difícil, mas tão necessário para imprimir a justa direção à nossa vida pessoal e social. Não se trata de gastar muitas palavras, mas antes de comprometer concretamente a vida, impelidos pela caridade divina. Todos os anos, com o Dia Mundial dos Pobres, volto a esta realidade fundamental para a vida da Igreja, porque os pobres estão e sempre estarão connosco para nos ajudar a acolher a companhia de Cristo na existência do dia a dia”, escreveu Francisco, numa mensagem divulgada hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Papa indica que o encontro com uma pessoa em condições de pobreza não pode parar de “provocar e questionar”: “Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento? Como podemos ajudá-la na sua pobreza espiritual?”.

Desde 2017, a celebração promovida por Francisco quer colocar a pessoa em situação de pobreza no centro do agir da Igreja; este ano a mensagem para a celebração, no dia 15 de novembro, está envolva no contexto da pandemia de Covid-19.

O período da pandemia constrangeu-nos a um isolamento forçado, impedindo-nos até de poder consolar e estar junto de amigos e conhecidos atribulados com a perda dos seus entes queridos. Experimentamos a impossibilidade de estar junto de quem sofre e, ao mesmo tempo, tomamos consciência da fragilidade da nossa existência”.

 Além da dificuldade, evidencia Francisco, estes meses mostram que “estender a mão é um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor” e que, apesar da “malvadez e a violência, a prepotência e a corrupção”, a vida está “tecida por atos de respeito e generosidade que não só compensam o mal, mas impelem a ultrapassá-lo permanecendo cheios de esperança”.

“Nestes meses, em que o mundo inteiro foi dominado por um vírus que trouxe dor e morte, desconforto e perplexidade, pudemos ver tantas mãos estendidas! A mão estendida do médico que se preocupa de cada paciente, procurando encontrar o remédio certo”, pode ler-se.

O Papa presta homenagem a todas as mãos que “desafiaram o contágio e o medo, a fim de dar apoio e consolação”.

A mão estendida da enfermeira e do enfermeiro que permanece, muito para além dos seus horários de trabalho, a cuidar dos doentes. A mão estendida de quem trabalha na administração e providencia os meios para salvar o maior número possível de vidas. A mão estendida do farmacêutico exposto a inúmeros pedidos num arriscado contacto com as pessoas. A mão estendida do sacerdote que, com o coração partido, continua a abençoar. A mão estendida do voluntário que socorre quem mora na rua e a quantos, embora possuindo um teto, não têm nada para comer. A mão estendida de homens e mulheres que trabalham para prestar serviços essenciais e segurança”.

O Papa Francisco afirma que a Igreja “não tem soluções globais a propor”, mas procura oferecer “o seu testemunho e gestos de partilha”, sentindo-se “obrigada” a evidenciar os pedidos de “quantos não têm o necessário para viver”, lembrando, assim, que “o grande valor do bem comum é, para o povo cristão, um compromisso vital, que se concretiza na tentativa de não esquecer nenhum daqueles cuja humanidade é violada nas suas necessidades fundamentais”.

O texto alerta que as “graves crises económicas, financeiras e políticas não cessarão” enquanto cada um não “assumir os pesos dos mais vulneráveis”.

A generosidade de apoiar “o vulnerável”, consolar o aflito, “mitigar sofrimentos”, refere Francisco, “devolve dignidade a quem dela está privado, é condição para uma vida plenamente humana”, que “não pode estar condicionada pelo tempo disponível ou por interesses privados, nem por projetos pastorais ou sociais desencarnados”.

“Não se pode sufocar a força da graça de Deus pela tendência narcisista de se colocar sempre a si mesmo no primeiro lugar”, sublinha.

O Papa Francisco critica, em contraste com o “estender a mão ao pobre”, quem “conserva as mãos nos bolsos e não se deixa comover pela pobreza, da qual frequentemente é cúmplice”.

“Existem mãos estendidas para premir rapidamente o teclado de um computador e deslocar somas de dinheiro duma parte do mundo para outra, decretando a riqueza de restritas oligarquias e a miséria de multidões ou a falência de nações inteiras”, acrescenta.

Há mãos estendidas a acumular dinheiro com a venda de armas que outras mãos, incluindo mãos de crianças, utilizarão para semear morte e pobreza. Existem mãos estendidas que, na sombra, trocam doses de morte para se enriquecer e viver no luxo e num efémero desregramento. Existem mãos estendidas que às escondidas trocam favores ilegais para um lucro fácil e corrupto. E há também mãos estendidas que, numa hipócrita respeitabilidade, estabelecem leis que eles mesmos não observam”.

O Papa defende que a comunidade cristã tem de ser chamada a “coenvolver-se na experiência de partilha, ciente de que não é lícito delegá-la a outros”.

“O clamor silencioso de tantos pobres deve encontrar o povo de Deus na vanguarda, sempre e em toda parte, para lhes dar voz, defendê-los e solidarizar-se com eles face a tanta hipocrisia e tantas promessas não cumpridas, e para os convidar a participar na vida da comunidade”, indica.

O Papa afirma que oração e solidariedade com os “pobres e enfermos” são “inseparáveis” e que para celebrar “um culto agradável a Deus”, “é preciso reconhecer que toda a pessoa, mesmo a mais indigente e desprezada, traz gravada em si mesma a imagem de Deus”.

“O objetivo de cada ação nossa só pode ser o amor: tal é o objetivo para onde caminhamos, e nada deve distrair-nos dele. Este amor é partilha, dedicação e serviço, mas começa pela descoberta de que primeiro fomos nós amados e despertados para o amor”, escreve.

In Agência Ecclesia