quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta-feira de Cinzas

Quarta-feira de Cinzas. Início da Quaresma.
- Meu Deus! Fui a Lisboa ao funeral de um amigo que deixou em testamento que queria ser cremado. Um homenzarrão daqueles num punhadinho de cinzas!
O rito da imposição das cinzas neste dia lembra a nossa pequenez, a nossa fragilidade, a nossa limitação. "Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás-de tornar." É quando humildemente tomamos consciência da nossa limitação que somos capazes de nos abrir Àquele que nos pode tornar fortes.

No século V antes de Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além do mais se levantou de seu trono e sentou-se sobre cinzas (Jn 3,5-6). No Antigo Testamento existe a prática estabelecida de utilizar-se cinzas como símbolo (algo que todos compreendiam) de arrependimento, de conversão, de mudança de vida.

Antigamente utilizava-se a cinza para para lavar a roupa. Então a cinza também nos recorda a necessidade de nos purificarmos, de partirmos ao encontro do Senhor que nos transfigura. Quaresma é tempo de perdoar e sermos perdoados, tempo de reconciliação com Deus e com os irmãos.

Ainda hoje muitos agricultores aproveitam a cinza para adubar e fortalecer a terra onde vão crescer os alfobres e as "curiosidades" (couves, alfaces, cebolas...). A cinza lembra-nos que somos alfobre, crescemos ajudando a crescer os outros. Nenhum homem é uma ilha. Só o adubo da caridade e do serviço nos faz desenvolver sadiamente. Quaresma puxa-nos para os outros. Só existe comunidade pelo serviço da caridade. Então a renúncia é parte fundamental da caminhada quaresmal.

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