Iniciamos hoje, Quarta-feira de Cinzas, o longo Retiro que todos os anos a Igreja nos proporciona. Percorremos o tempo favorável e de salvação da Quaresma, para que “pela oração mais intensa, pela caridade mais diligente, participando nos mistérios da renovação cristã”, cheguemos, revigorados e confirmados na fé, à Páscoa do Senhor.
Em Ano Sacerdotal, preparando já a Visita do Santo Padre e com os olhos no Santo Cura de Ars, referência e modelo que nos é proposto, ponhamos na celebração do Sacramento da Penitência, particular solicitude pastoral. Seja, para nós sacerdotes, a Confissão Sacramental, séria e cuidadosamente preparada, determinante da conversão a que todos somos chamados e meio privilegiadíssimo da renovação espiritual das nossas comunidades.
Comungaremos assim os sentimentos da mensagem que Bento XVI nos envia para esta Quaresma. Partindo da afirmação de S. Paulo: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé e Jesus Cristo, o Santo Padre reflecte sobre a justiça que implica, como a define o direito romano, “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum; e, iluminado pela Palavra do Senhor do Evangelho de S. Marcos sobre o que torna o homem impuro, detém-se no desenvolvimento do seu significado o qual, segundo o pensamento do Papa, é o resultado da troca consciente e exigente do meu, marcado pela limitação e pelo pecado do homem velho, expressão da minha indigência e auto-suficiência, pelo seu, que me é dado gratuitamente - a riqueza da Graça que me regenera como nova criatura e me aproxima do projecto de Deus ao criar-me à Sua imagem e semelhança. Diz o Santo Padre: “Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia”, os quais portanto iremos celebrar e viver com especial fervor e devoção. A prática das Quarenta Horas, tradicional em várias paróquias que a vivem com tanta intensidade, e os tempos de Adoração ao Santíssimo Sacramento, por altura da celebração das Confissões Quaresmais nas comunidades, seguindo a orientação proposta no Plano de Pastoral para a Diocese, muito contribuirão para o cumprimento daquela recomendação que nos faz o Santo Padre.
Não esqueceremos a partilha fraterna, através duma caridade mais diligente, como rezamos na Liturgia, e que autentica o nosso testemunho de cristãos. Fomos certamente já muito generosos para com os nossos irmãos do Haiti, vítimas da tragédia que está longe de ultrapassar-se; e continuaremos a sê-lo, porque o destino da renúncia quaresmal deste ano é precisamente este, como pareceu bem no último Conselho de Arciprestes.
Concluo com os votos de Sua Santidade na referida mensagem e que me atrevo a formular também como meus: “ A Quaresma culmina no tempo Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo que veio para realizar a justiça.”
+ Jacinto Tomaz de Carvalho Botelho, bispo de Lamego
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