domingo, 14 de novembro de 2010

'Para vinho novo, odres novos'

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Muito se fala hoje de nova evangelização e de reevangelização.
Há quem tenha pegado no tema e apresente logo a solução: regressar ao passado. Ressuscitar velhos movimentos, velhas expressões de piedade, velhas liturgias, velhos moralismos e até velhas formas de apresentação (veja-se, por exemplo, o proliferar de batinas e de cabeções em sacerdotes novos...).
Crescem com frenesim os movimentos conservadores na Igreja. E pior do que isto, proliferam aguerridos grupos fundamentalistas que atacam quem ouse discordar deles, porque se acham os "verdadeiros cristãos", sendo os outros, os que não enfileiram nas suas ideias, hereges, pagãos a quem tornam continuado objecto de insulto.
Estes grupos fundamentalistas não têm apreço pelo Concílio Vaticano II, agarram-se a tudo o que é tridentino, anunciam um "cristianismo" vazio de caridade, mas prenhe de devoções a santos, dão total relevo a tudo o que lhes cheire a aparições, apegam-se a um pietismo doentio e arvoram-se em "guarda pretoriana" do dogma católico.
Os grupos conservadores não enveredam por este caminho. E ainda bem. Mas são alérgicos à criatividade pastoral, são uns litúrgico-dependentes, rebatem tudo o que lhes caia fora sua cosmovisão de Igreja.
Como alguém dizia, meio a sério e meio a brincar, qualquer dia realizam explêndidas liturgias em Igrejas vazias...
O futuro pertence a quem o antecipar. Não há que ter medo da modernização de meios e processos para que a Mensagem extraordinária de Cristo seja percebida pelas pessoas do nosso tempo e se deixam encantar por ela.
Fui Cristo que nos desafiou à atenção aos sinais dos tempos para que o vinho novo tenha odres novos.
Deus não nos pôs os olhos na nuca, mas na cara. Para olharmos em frente. Por que razão querem alguns deslocar o que Deus fez?
CRIATIVIDADE PASTORAL exige-se hoje. O Seminário pode ser um precioso laboratório pastoral. É que para problemas novos, respostas novas. Na comunhão da Igreja, sem dúvida. Na fidelidade a Cristo, sempre.
Custa-me a engolir que tantas vezes os jovens apresentem propostas belas de captar os jovens e os fazer entrar no Mistério de Cristo e depois sejam os sacerdotes a criar estorvo com o refrão de que "não é litúrgico."
Não poderemos caminhar para a paganização da liturgia? Penso que é tempo de a tornar encarnada, à maneira de Jesus Cristo.

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