terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mensagem para a Semana dos Seminários

Seminário, comunidade dos discípulos de Cristo e irmãos no presbitério


1. A alegria da vocação e a graça do mistério


Samuel repousava no templo do Senhor.

A lâmpada do Deus não se tinha apagado. O Senhor chamou Samuel. Ele respondeu: “Eis-me aqui”. Samuel pensou que a voz insistente que o chamava no silêncio e no segredo da noite era a voz do sacerdote Eli. Quando compreendeu que era o Senhor, respondeu: “Fala, Senhor; o teu servo escuta” (1 Sam 3, 1-21).


Jeremias vivia em Israel ao tempo da deportação e do exílio dos habitantes de Jerusalém.

Ele diz-nos como Deus o chamou, consagrou e enviou, como profeta em tempo difícil. Jeremias não escondeu o seu temor nem calou as suas dificuldades: “Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem”. Respondeu-lhe o Senhor: “Irás onde eu te enviar. Não tenhas medo, Jeremias. Eu estou contigo” (Jer 1, 1-19).

Maria habitava em Nazaré.

Diante do mensageiro de Deus que lhe anuncia que ela ia ser a Mãe de Jesus. Maria interroga-se: “Como pode ser isso?” O Anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre ti. Por isso Aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus”. Maria disse então: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”(Luc 1, 34-38).

Jesus estava em Cafarnaum.

Tinha passado a vigília da noite em oração. Caminhava, nessa manhã, ao longo do Mar da Galileia. Viu homens ocupados e preocupados com a faina da pesca e disse-lhes: “Vinde e segui-me. Farei de vós, pescadores de homens. ” E eles deixaram as redes, imediatamente, e seguiram-no (Mt 4, 18-20).

João, depois do baptismo de Jesus, permanecera na margem além do Jordão.

Ao ver passar Jesus, disse aos discípulos que estavam com ele: “ Eis o Cordeiro de Deus”. Os discípulos de João ouviram, compreenderam e seguiram Jesus.
Jesus voltou-se para eles e disse-lhes: “Que buscais?” “Mestre, onde moras?”, perguntaram eles. “Vinde ver”, respondeu-lhes Jesus.
“Eles foram, viram e permaneceram” (Jo 1, 38-40).

Saulo tinha recebido ordens para perseguir os cristãos que viviam em Damasco, na Jordânia.

Fez-se ao caminho com decisão e determinação. Era um israelita, descendente de Abraão, convicto e honesto. Subitamente uma inesperada visão interrompeu-lhe o caminho. Cegaram-se-lhe os olhos, mas o coração permaneceu vivo e atento ao diálogo que naquela hora nasceu: “Saulo, Saulo porque me persegues?” “Quem és tu, Senhor?” “Eu sou aquele a quem tu persegues. Ergue-te, entra na cidade e dir-te-ão o que tens a fazer”( Act 9, 4-9).

2. A Carta do Santo Padre aos seminaristas e a coragem da resposta ao chamamento de Deus

Estes são alguns dos momentos bíblicos que nos falam de vocação. Hoje, é o Santo Padre Bento XVI que escreve uma carta aos seminaristas. Logo no início dessa carta conta-nos o diálogo estranho com o seu comandante de companhia para quem na “nova Alemanha” já não havia lugar nem necessidade para padres. O medo não o venceu e a afronta do seu superior militar não o desanimou.

Para ele como para cada um de nós, a vocação ao Sacerdócio nasce neste berço de verdade e de coragem; exige liberdade para decidir; implica conversão interior; impõe deixar ocupações de rotina e certezas frágeis; encontra nova bússola a guiar os nossos passos e descobre alto farol a iluminar o caminho de quem quer seguir o Senhor.

“Tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores hoje, amanhã e sempre enquanto existir”, diz-nos o Santo Padre. É para isso o “Seminário como comunidade que caminha para o serviço sacerdotal”, onde se preparam os futuros sacerdotes, como verdadeiros “homens de Deus” e “mensageiros de Deus, (…) sempre prontos a responder (…) a todo aquele que nos perguntar “a razão” da nossa esperança (1 Ped 3, 15). Adquirir a capacidade para dar tais respostas é uma das principais funções dos anos do Seminário”, lembra o Santo Padre aos seminaristas.

3. Comunidade de discípulos e irmãos no presbitério

Preparamo-nos para viver, no ritmo do tempo e em data igual aos anos anteriores, a Semana dos Seminários de Portugal.

Da recente visita do Santo Padre ao nosso país e do encontro que com ele tivemos na Igreja da Santíssima Trindade, tem todo o sentido recordar a sua mensagem aos seminaristas: “A vós queridos seminaristas, que já destes o primeiro passo para o sacerdócio e estais a preparar-vos no Seminário maior e nas Casas de Formação Religiosa, O Papa encoraja-vos a serdes conscientes da grande responsabilidade que ides assumir: examinai bem as intenções e as motivações; dedicai-vos com ânimo forte e espírito generoso à vossa Formação”.

É com este espírito e com igual confiança que olhamos esta Semana dos Seminários como tempo e oportunidade para valorizarmos o trabalho e a missão dos Seminários na formação dos futuros sacerdotes. Serve-nos de lema para esta Semana o mesmo tema da Semana dos Formadores dos Seminários de Portugal, realizada no passado mês de Setembro, na Diocese de Angra, nos Açores: Seminário, comunidade dos discípulos de Cristo e irmãos no presbitério.

Queremos fazer nossa a mensagem do Santo Padre, dizer uma palavra de muita alegria e renovada confiança a todos os seminaristas de Portugal e testemunhar sentida gratidão a quantos se entregam diariamente com exemplar dedicação e inexcedível generosidade à exigente causa da formação nos nossos Seminários.

Estou consciente e confiante de que aos Seminários nunca faltará a comunhão fraterna e exemplar dos presbitérios diocesanos e religiosos nem a oração, o afecto e a generosidade das comunidades cristãs.

Temos percorrido, ao longo dos anos, os Seminários de Portugal para que na colaboração de cada um saibamos contribuir para o bem de todos. Este ano a Comissão Episcopal Vocações e Ministérios solicitou ao Seminário Maior de Lamego esse contributo que agradecemos e aqui é deixado como subsídio para a vivência desta Semana nas famílias, nos movimentos apostólicos e nas comunidades cristãs.

A exemplo do Santo Padre, na Carta que escreve aos seminaristas, também a Igreja em Portugal confia “o caminho de preparação para o Sacerdócio à protecção materna de Maria Santíssima, cuja casa foi escola de bem e de graça”.

D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, Presidente da Comissão Episcopal Vocaçõeses e Ministérios

In ecclesia

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