quarta-feira, 26 de maio de 2010

Igreja aposta mais nos números do que nas pessoas, diz D. António Couto

O Presidente da Comissão Episcopal das Missões lamenta indiferença relativamente aos fiéis que abandonam as comunidades eclesiais
D. António Couto, bispo auxiliar de Braga, lamenta que a Igreja Católica esteja a dar mais atenção à quantidade de fiéis do que à situação de cada um: “Infelizmente, para nós conta a estatística, os números, e não as pessoas”.
“Quando um irmão deixa de frequentar a Igreja, ninguém pergunta por ele. É importante que os nossos irmãos se sintam amados. Aqui tendes a missão que nunca mais acaba. Mas, é necessário conhecer a pessoa pelo nome”, afirmou aos cerca de 100 participantes no “Fórum Missionário” realizado em Coimbra, a 22 de Maio.
“Apostai tudo na ovelha perdida”, “nem que para isso percam um mês, um ano ou uma vida inteira”, pediu o prelado, que acrescentou: “O trabalho, hoje, é de um a um”.
Na intervenção que proferiu sobre “A missão da Igreja nos escritos do Novo Testamento”, o presidente da Comissão Episcopal das Missões falou da urgência de usar a “linguagem dos afectos”, “tocando os corações dos homens”.
O prelado criticou a “linguagem fria”, criadora de “distância e indiferença”, e sublinhou que é preciso “agarrar as pessoas por dentro, para as não deixar ir embora”.
No entender de D. António Couto, os “leigos são a energia nuclear do Cristianismo” por estarem envolvidos nas várias realidades da sociedade, e a Igreja precisa do seu “trabalho testemunhal”, que só pode acontecer se eles forem “iluminados, vivos, atentos e apaixonados por Jesus Cristo”.
O bispo auxiliar defende que os fiéis dedicados ao anúncio da mensagem cristã devem ser mais humildes: “Quando as pessoas nos vêem muito ricas, desconfiam de nós”, afirmou, acrescentando que “o missionário é frágil, se não for frágil é rico, se for rico não está com Deus”.
No encontro, que decorreu no Seminário Maior de Coimbra, o prelado alertou os participantes para a situação dos doentes nas unidades de saúde: “70% dos que morrem nos hospitais foram abandonados e não tiveram ninguém com quem falar”.
D. António Couto chamou também a atenção para os planeamentos organizados sem a dimensão espiritual: “Programamos demasiado e depois quando vamos para o terreno é um grande fracasso porque muitas vezes não consultamos Deus”.
Agência Ecclesia

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