quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mártir da Fé e da Esperança



Concluiu-se no passado dia 5 deste mês, após pouco mais de dois anos e meio, a fase diocesana do Processo de Beatificação que investiga sobre a vida, as virtudes heróicas e a fama de santidade do cardeal vietnamita François-Xavier Nguyên Van Thuân, falecido em 16 de setembro de 2002. Em 1975, poucos meses após ter sido nomeado arcebispo de Saigão, foi metido na prisão pelo regime comunista do Vietnam.
Em entrevista ele próprio contou como resolveu não ficar só a esperar o momento da libertação, mas procurou viver cada momento, enchendo-o de amor. De facto, foi o que fez: amou, amou, amou. As condições não eram favoráveis. Durante alguns meses esteve confinado numa cela minúscula, sem janela, húmida, que para respirar passava horas com o rosto enfiado num pequeno buraco no chão. A cama era coberta de fungos.

Os nove primeiros anos foram terríveis: "uma tortura mental, no vazio absoluto, sem trabalho, caminhando dentro da cela desde a manhã às nove e meia da noite para não ser destruído pela artrose, no limite da loucura" escrveu.
Procurava conversar com os carcereiros, que resistiam. Contava-lhes sobre países e culturas diferentes. Isso chamava sua atenção e instigava a curiosidade. Logo começavam a fazer perguntas, o diálogo se estabelecia, a amizade se enraizava. Chegou a dar aulas de inglês e francês.
No começo, a cada semana os guardas eram substituídos, mas logo as autoridades, para evitar que o exército todo fosse "contaminado", deixou uma dupla de carcereiros fixa. Estes espantavam-se de como o prisioneiro pudesse chamar de amigos os seus carcereiros, mas ele afirmava que os amava porque esse era o ensinamento de Jesus.
E conseguiu que lhe trouxessem papéis velhos onde escreveu três livros sobre a esperança. Também conseguiu vinho e pão para celebrar a Eucaristia, às escondidas. Jesus Eucarístico foi a sua melhor companhia.
Liberto da prisão, veio para Roma onde acabou por falecer de cancro.
Que ele peça por todas as vítimas de injustiças e falta de liberdade!
 


 In O Amigo do Povo

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