sexta-feira, 28 de outubro de 2011

REPENSAR A IGREJA EM PORTUGAL - Conclusões III

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3. Caminhos para uma nova maneira de ser Igreja

3.1. Exigência de formação cristã

- Formação cristã em geral.

- Mostrar a igreja tal como é: nível humano, nível espiritual.

- Formação ligada à vida, que conduza as pessoas as pessoas à oração, à celebração e dos sacramentos e a uma coerência cristã.

- Acentuar a dimensão pneumatológica da fé.

- Cultivar a centralidade da Eucaristia.

- Valorização do Domingo.

- Promoção de valores éticos, morais, sociais, religiosos.

- Investir na formação de líderes / agentes de pastoral.

- Maior formação política e intervenção na coisa pública.

- Formação bíblica. Cursos bíblicos. Relevar a dimensão fraternal da fé bíblica.

- A evangelização das famílias, dos jovens, com um acompanhamento mais próximo e estruturado… Catequese para adultos. Formação aos pais (Aproveitar o tempo da catequese dos filhos...). Preparação dos jovens para o Matrimónio (CPM…) Uma pastoral familiar que acompanhe os casais: ao longo da vida, os casais em dificuldade, os divorciados recasados...

- Exigência de melhor preparação dos seminaristas não só intelectual mas

psicológica e moral.

- Formação para os Padres (Actualização)

3.2. Empenho criativo para uma nova evangelização

APRESENTAR UMA IGREJA QUE:

- Dê espaço e tempo à espiritualidade. Acolha as pessoas. Procure a coerência e autenticidade. Tenha lugar para a profecia. Se reconheça como mais próxima e menos mestra. Se apresente como congregadora da sociedade. Seja promotora de um Fraternidade desinteressada (universal), de um sentido comunitário e participativo aberto a todos. Seja promotora de uma sociedade onde há tolerância, compreensão do outro, cooperação e a realização de cada um, como ser humano, filho de Deus .Vá ao encontro das pessoas. Dê razões de esperança e de futuro. Seja presença no sofrimento e na morte. Seja sinal da dimensão transcendente da vida, manifestação permanente do Amor de Deus. Seja testemunha da alegria que brota do ser. Seja testemunha da doação e do serviço. Seja voz profética, exemplo na opção pelos pobres, procurando superar todas as formas de exclusão. interventiva na comunidade local;

- Seja promotora dos valores humanos e cristãos, tais como: a verdade, a dignidade inerente aos homens e às mulheres, os direito das crianças, o valor da família, da liberdade, a virtude da justiça, a igualdade das pessoas, a solidariedade e a paz que se transformem em padrões ideais da e para a vida humana;

- Apresente uma visão positiva do corpo e da sexualidade com menos discursos sobre o pecado e o negativo. Um Deus amor, mais do que um Deus poder. Um Deus bíblico. Uma mística, mais do que uma doutrina. Uma vida, mais do que uma teoria. Uma prática testemunhal. Uma nova linguagem, inteligível ao homem de hoje;

- Atenta aos problemas actuais da sociedade e sintonizando com as suas

preocupações. Conhecedora dos movimentos, correntes ideológicas, linhas de acção, desejos de mudança e transformação presentes na sociedade e especialmente atenta e preocupada com o desenvolvimento dos valores éticos e o desenvolvimento educacional;

- Tem na pessoa humana o seu caminho fundamental... Põe grande empenho no dialogo Fé – Cultura;

- Capaz de: sair dela mesma, vir ao mundo e dialogar, conhecer, identificar problemas e soluções; criar pontes de diálogo inter-religioso, ecuménico e inter-eclesial e de construir espaços de valorização comunitária em vez de redutos de individualismo... dentro ou fora dos lugares de culto; de assumir os erros e de procurar corrigi-los; de se deixar transformar para ser mais fiel à sua Missão.

Nesta Igreja os Presbíteros são chamados a ter em conta que:

“O papel do Sacerdote é essencial. É importante que o Sacerdote não esteja ausente durante todo o dia. O trabalho nas escolas é necessário, mas o Sacerdote deve assumir a relação de proximidade com as comunidades. É necessário que conheça as suas ovelhas”.

Assim, é preciso:

- dar mais atenção à acção (dinamização) pastoral ( um pouco abandonada); mais espaço e responsabilidades aos leigos

- Para lá da Eucaristia ter em conta outras possibilidades de oração na comunidade: Adoração do S.S., Terço, Laudes, Vésperas, etc....

- Promover uma imagem de Igreja menos institucional e mais próxima das pessoas. Encontrar novas maneiras de estar próximo de cada família. Uma solicitude maior para com os considerados "excluídos" da Igreja (divorciados, os que vivem em união de facto, etc...) Promover a unidade de todos e de cada baptizado dentro da comunidade. Continuar a evangelizar sem cansaço nem
desânimo

- Testemunhar um estilo mais simples e humilde; um espírito de desprendimento e pobreza evangélica; uma consciência mais sólida de presbitério em unidade

- Deve ter-se um especial cuidado na selecção dos candidatos ao sacerdócio e no recrutamento dos Formadores do Seminário.

3.3. Reorganização das comunidades cristãs

Reorganização dos espaços pastorais (paróquias, arciprestados...)

Dinamizar a vida pastoral a partir dos arciprestados

Criar Equipas de Animação Pastoral Arciprestal

Valorizar e potencializar os movimentos já existentes..

Dar espaço aos novos movimentos e grupos eclesiais

Implementar os diferentes Conselhos Paroquiais e Diocesanos

Redistribuição dos Padres pelas diversos espaços pastorais e serviços diocesanos

Reestruturação dos serviços diocesanos

Centros de acolhimento e de partilha

Partilha missionária com Igrejas mais necessitadas (Padres)

3.4. Sugestões diversas

A Igreja deve afirmar-se com mais iniciativa, mais comunicação, abertura, e inovação em relação à sociedade. Deve assumir-se como parceira com outras para contribuir para a melhoria do bem-estar das populações.

Deve caminhar para uma unidade /uniformidade de procedimentos, sobretudo em questões práticas ligadas à vida sacramental.

A igreja em Portugal precisa de ter em conta a seguinte referência: 75% da sua população vive no litoral. Temos assim uma Igreja a dois ritmos: a que vive no interior e a que vive no litoral, com problemas e idiossincrasias diferentes que é preciso encarar rumo a uma evangelização dirigida a pessoas concretas. Assim como se reúnem os Bispos da Zona Centro, porque não criar as reuniões dos Bispos do Interior? Não teria mais pertinência?...

É possível delegar responsabilidades, criar grupos de trabalho, criar momentos de partilha e de envolvimento. Acompanhar as comunidades não só do ponto de vista doutrinal e espiritual, mas também do ponto de vista social. Temos uma comunidade na qual o papel das mães é determinante, a quem é atribuído um conjunto de responsabilidades para as quais nem sempre estão preparadas. Julgamos necessários encontros sistemáticos, encontros de formação, onde também a igreja se preocupe com questões de natureza prática.

É necessário descentralizar. Temos áreas com povoamento muito disperso, que muitas vezes conduz a situações de isolamento e carência daqueles que aí residem. Sugere-se a realização de assembleias de famílias, com desempregados, com desocupados, tentando arranjar soluções para
a melhoria da situação familiar.

É necessária uma humanização e sociabilização que tão comum é no contexto dispersivo e  anónimo típico das cidades modernas, como nas áreas rurais com pouca população.

É necessário celebrar e valorizar as famílias e o papel que lhe está associado. Porque não haver um domingo no ano, no qual se destacam os casais que comemoram 25, 50 anos de casados nesse ano? Facultar o destaque para estas situações e valorizar a partilha, o entendimento, a família…

4. 4. Propostas sobre a aplicação das decisões e sobre passos ulteriores a dar neste caminho sinodal.

- Encontro com delegados de todas as dioceses e outras pessoas envolvidas neste trabalho.

Objectivos: tomar consciência da situação global do país e das Diocese e dos desafios que nos são postos – clarificar perspectivas de acção (resposta pastorais) – articular procedimentos a seguir.

. A Semana Pastoral da Conferencia Episcopal pode atender a estes objectivos, entre outros...

- Definir as prioridades para a Igreja em Portugal.

- Criar Grupo de Apoio à Nova Evangelização em Portugal. (De apoio, porque as Dioceses é que devem ser as grandes dinamizadoras... E cada Diocese, de algum modo tem de percorrer o seu caminho.. Tal não impede, pelo contrário, exige,que se encontrem e valorizem aspectos comuns e determinantes a ter em conta. Deve ser um caminho na unidade e não na uniformidade – “sinodalidade”)

- Criar Equipas Diocesanas de Animação Pastoral (Nova Evangelização)

- Encontros ou Jornadas Pastorais em que os aspectos mais relevantes desta Consulta sejam apresentados. Objectivos: alargar a consciência da realidade – motivar para um novo impulso pastoral.

- Promover encontros para agentes de pastoral a nível diocesano e nacional para sensibilizar e motivar para os desafios da nova evangelização, a partir desta Consulta alargada.

- Promover cursos de animação paroquial (pastoral) de índole prática – “operativos”... Como organizar uma rede de comunicações na paróquia de modo que a informação chegue a todos?...

Como trabalhar com as famílias?... Como criar pequenos grupos (grupos de vizinhos, amigos)...

- Quanto possível promover projectos pastorais de intervenção global, que atendam ao conjunto de toda a comunidade cristã...

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