O Leandro, dez anos, e os seus manos gémeos Rúben e Fafaela, de cinco, acompanham o pai, Quim, às Missas de sufrágio pela mãe, falecida há meses.
Normalmente os três pequenos ficam no banco da frente ao pé da sua tia Águeda que os acolhe e acarinha.
Os dois mais pequeninos querem sempre os cestinhos na altura do "peditório". O Rúben luta para que o seu cestinho traga mais moedas do que o da irmã. Para eles, aquele momento é de competição e, uma vez ou outra, o menino não resiste a falar alto quando vê que a irmã ultrapassa o seu campo de acção ou não executa adequadamente a tarefa. Então um sorriso invade os rostos de todos os presentes.
Na hora da comunhão, os dois gémeos aparecem na fila de mãozitas estendidas. A tia carinhosamente afaga-as nas suas e eu faço-lhes uma festinha. Mas não desistem. No fim da Eucaristia, dirigem-se ao móvel onde são guardadas as partículas para consagrar. Chegou o seu moimento!
Ontem, porque a tia teve que resolver um assunto e não lhes veio abrir a gaveta, lá estavam os dois, olhares enfeitiçados no imóvel. O Rúben chamou e disse:
- Abre. Uma pequenininha pra mim e outra pra mana.
Quando lhes dava a partícula, estenderam as mãozitas, depois meteram-na à boca e desapareceram. Já quase à porta, viraram-se para trás e disseram:
- Obrigado!
Neste Natal, penso nestas crianças órfãs a quem o pai, os familiares e amigos dão todo o carinho e atenção possíveis. Sei que a mãe, já no Natal Eterno, está agora mais perto delas do que nunca.
Penso em todas as crianças sem família, sem amor, sem pão, sem paz, sem futuro...
Penso que cada uma delas é verdadeiramente um Jesus pequenino. E se nós fôssemos TODOS para elas Magos e Pastores? De Herodes, elas não precisam, até porque ainda há demais.
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