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Olá!
Chamo-me Sopé da Montanha e festejo o meu 16º aniversário.
Sinto uma alegria muito grande ao entrar em vossas casas mensalmente. Quando me recebeis, me abris e me ledes, fico feliz. Para mim é Natal quando me dão um pouco de atenção, me partilham com amigos, discutem aquilo que eu comunico, concordando ou discordando... Sabem? Eu quero mesmo é aproximar as pessoas.
A minha vida não é fácil. Desde logo o director, embora goste imenso de mim, é chato. Ralha comigo, queixa-se que lhe dou muito trabalho, e chega a dizer que está farto de me aturar, imaginem! Como se eu não soubesse que ele não consegue viver sem mim… Enfim, desabafos a que já nem ligo.
Depois vou para a composição. Trabalhos da minha vida! Aumentam-me as letras, diminuem as letras; tiram imagens, põem imagens; ora tenho numa página um artigo, ora o tiram de lá! Fazem de mim gato-sapato! Nem imaginam os suores frios que sinto quando entro para essa secção!
Depois emigro para a tipografia. Ui! Nem lhes conto nem lhes digo! Prensado naquelas máquinas, parece que o estômago me salta pela boca! Rezo a todos os santos que me tirem dali antes que desfaleça e vá bater com o costelado à cova funda.
Volto a viajar. Dá ao menos para descansar as costas. Mas esperam-me o director adjunto e o administrador que com algumas pessoas me abrem todo sem qualquer sentido púdico, juntam as minhas folhas, dobram-me, passam um objecto por cima, deixam-me espremidinho de todo! Ui, que falta de ar!
Bem, agora encaixotado como um prisioneiro, sigo para o correio, separam-me de meus irmãos gémeos, emalado, lá vou eu. Cansado da viagem, sou despejado numa caixita ao pé de cada casa. Não contenho a ansiedade, é mesmo stress! Quero é umas mãos amigas que me recolham, me livrem daquela cinta tonta que me aperta, me abram para poder respirar a fundo e me leiam. Sabeis? Gosto muito de todos vós. Fico feliz em passar das mãos dos filhos para as dos pais e destes para os avós.
Posso só fazer-vos dois pequenos pedidos? Vá, não se zanguem nem virem a cara para o lado.
- Queria tanto entrar em todas as famílias desta freguesia, quer residentes quer emigrantes! Dai-me uma mãozinha, vá lá! Falai de mim como um amigo, pedi aos vossos amigos e vizinhos que me deixem entrar em sua casa todos os meses. Pode ser?
- Sabeis, este ano tenho um companheiro que é chatíssimo. Imaginem que quer sempre a minha última página! Ah! Já sabem!? Pois, é o Centro Paroquial. Só quer crescer e rapidamente! Não há quem o sacie! Vá lá, amiguinho, dê de comer a esse bicharoco a ver se se cala e me deixa em paz. Ele é incómodo para mim, mas é muito vosso amigo! Quer receber os vossos filhos, a vós também, toda a gente, com condições dignas. Sede generosos com ele, não vos arrependereis..
Deseja-vos Boas Festas o vosso
Sopé da Montanha
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