1. A Conferência Episcopal Portuguesa tornou pública no passado dia 17 de Junho deste ano de 2010 uma Carta Pastoral intitulada «Como Eu vos fiz, fazei vós também». Para um rosto missionário da Igreja em Portugal. A presente Carta Pastoral surge como resposta a uma proposta do Congresso Missionário Nacional, realizado nos dias 3 a 7 de Setembro de 2008, em que se solicitava à CEP uma Carta de orientação da Missão em Portugal, no sentido de avivar a vocação missionária de todos os cristãos.
2. A Carta agora publicada, e que recolhe as melhores e mais incisivas orientações do magistério Conciliar e Papal, das Congregações Romanas, de importantes acontecimentos eclesiais (Aparecida, CAM 3 / COMLA 8), assenta em cinco traves mestras fundamentais e significativas: 1) «O primado da missão do amor»; 2) «Evangelização: o primeiro e o melhor serviço»; 3) «Todos evangelizados, todos evangelizadores»; 4) «Igrejas locais, sujeito primeiro da missão»; 5) «Fiéis leigos: contributo indispensável no coração do mundo».
3. Compulsando a documentação referida e recolhendo a sensibilidade missionária de outras Conferências Episcopais que mais se têm debruçado nos últimos anos sobre esta temática, vê-se bem que a missão ad gentes aparece cada vez mais como o horizonte permanente e o paradigma por excelência de toda a dinâmica e empenhamento pastoral. Neste sentido, é cada vez mais claro que a missão ad gentes não é tanto uma maneira de demarcar espaços a que haja que levar o primeiro anúncio do Evangelho, mas é mais o modo feliz, ousado, pobre, despojado e dedicado de o cristão sair de si mesmo por amor para, por amor, levar Cristo ao coração de cada ser humano, seja quem for, seja onde for.
4. É aqui que incide, porventura abrindo feridas na nossa compreensão empoeirada, o título desta Carta Pastoral, situando-nos no inevitável seguimento modelar de Cristo: «Como Eu vos fiz, fazei vós também» (Jo 13,15). É o como que nos desafia; não é o onde. Portanto, aqui também, e desde aqui, se pode e deve fazer como fez Cristo. A missão ad gentes não é tanto o que fazer; é o modo, o como fazer. E aí não nos resta senão ser cristãos e missionários ao jeito de Cristo: pobres e humildes, felizes e livres, sem coisas atrás, para que o anúncio do Evangelho seja mesmo «primeiro» e credível. É também aqui que se compreende que as comunidades europeias, de antiga tradição cristã, estejam a tomar consciência deste modo novo e «primeiro» de serem missionárias ad gentes. E também se compreende que tenham chegado a este caminho depois de verificarem o relativo (ou completo) insucesso da chamada «nova evangelização». Uma comunidade rica e parada, empoeirada, com estruturas ricas e pesadas, dificilmente será credível, não é mesmo credível.
5. Também é preciso tomar consciência de que é toda a Igreja que é missionária, e que, portanto, ser cristão implica necessariamente ser missionário. Que o cristão não necessita de outra vocação para ser missionário: basta a vocação que tem. Que «cristão» e «missionário» não identificam duas figuras distintas nem duas vocações distintas, mas são qualificações inseparáveis do discípulo de Jesus. Que ninguém pode pensar que se pode ser, em primeiro lugar, cristão, e depois, se se sentir chamado e se quiser, vir também a ser missionário. Para o cristão, ser missionário é a sua maneira de ser, a sua identidade, a sua graça, é uma necessidade, é de fundo e não um adereço facultativo. A sua referência permanente é Jesus Cristo, e o seu horizonte são todos os corações.
6. É claro. Já não basta converter ou reconverter estruturas. É mesmo necessário e preliminar que comecemos por nos convertermos nós ao estilo de Cristo, ao como de Cristo. Igreja de Portugal, é tempo de renascer!
António Couto
http://mesadepalavras.wordpress.com/
2. A Carta agora publicada, e que recolhe as melhores e mais incisivas orientações do magistério Conciliar e Papal, das Congregações Romanas, de importantes acontecimentos eclesiais (Aparecida, CAM 3 / COMLA 8), assenta em cinco traves mestras fundamentais e significativas: 1) «O primado da missão do amor»; 2) «Evangelização: o primeiro e o melhor serviço»; 3) «Todos evangelizados, todos evangelizadores»; 4) «Igrejas locais, sujeito primeiro da missão»; 5) «Fiéis leigos: contributo indispensável no coração do mundo».
3. Compulsando a documentação referida e recolhendo a sensibilidade missionária de outras Conferências Episcopais que mais se têm debruçado nos últimos anos sobre esta temática, vê-se bem que a missão ad gentes aparece cada vez mais como o horizonte permanente e o paradigma por excelência de toda a dinâmica e empenhamento pastoral. Neste sentido, é cada vez mais claro que a missão ad gentes não é tanto uma maneira de demarcar espaços a que haja que levar o primeiro anúncio do Evangelho, mas é mais o modo feliz, ousado, pobre, despojado e dedicado de o cristão sair de si mesmo por amor para, por amor, levar Cristo ao coração de cada ser humano, seja quem for, seja onde for.
4. É aqui que incide, porventura abrindo feridas na nossa compreensão empoeirada, o título desta Carta Pastoral, situando-nos no inevitável seguimento modelar de Cristo: «Como Eu vos fiz, fazei vós também» (Jo 13,15). É o como que nos desafia; não é o onde. Portanto, aqui também, e desde aqui, se pode e deve fazer como fez Cristo. A missão ad gentes não é tanto o que fazer; é o modo, o como fazer. E aí não nos resta senão ser cristãos e missionários ao jeito de Cristo: pobres e humildes, felizes e livres, sem coisas atrás, para que o anúncio do Evangelho seja mesmo «primeiro» e credível. É também aqui que se compreende que as comunidades europeias, de antiga tradição cristã, estejam a tomar consciência deste modo novo e «primeiro» de serem missionárias ad gentes. E também se compreende que tenham chegado a este caminho depois de verificarem o relativo (ou completo) insucesso da chamada «nova evangelização». Uma comunidade rica e parada, empoeirada, com estruturas ricas e pesadas, dificilmente será credível, não é mesmo credível.
5. Também é preciso tomar consciência de que é toda a Igreja que é missionária, e que, portanto, ser cristão implica necessariamente ser missionário. Que o cristão não necessita de outra vocação para ser missionário: basta a vocação que tem. Que «cristão» e «missionário» não identificam duas figuras distintas nem duas vocações distintas, mas são qualificações inseparáveis do discípulo de Jesus. Que ninguém pode pensar que se pode ser, em primeiro lugar, cristão, e depois, se se sentir chamado e se quiser, vir também a ser missionário. Para o cristão, ser missionário é a sua maneira de ser, a sua identidade, a sua graça, é uma necessidade, é de fundo e não um adereço facultativo. A sua referência permanente é Jesus Cristo, e o seu horizonte são todos os corações.
6. É claro. Já não basta converter ou reconverter estruturas. É mesmo necessário e preliminar que comecemos por nos convertermos nós ao estilo de Cristo, ao como de Cristo. Igreja de Portugal, é tempo de renascer!
António Couto
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