sábado, 2 de outubro de 2010

Domingo XXVII Tempo Comum - Ano C


Acolher Deus
O tema deste domingo é sobre a "fé" ou "acolher Deus". O que é afinal, a fé? - Segundo Timothy Radcliffe, autor do livro "Ir à Igreja porquê? O Drama da Eucaristia", a fé é dizer sim a Deus criador/Mãe e Pai; e ter amizade por Jesus Cristo pela acção do Espírito Santo. É esta a mais valia de uma pessoa que se diga crente no Deus do Evangelho de Jesus Cristo.
São Tomás de Aquino numa belíssima oração, expressa para que serve esse acolher de Deus ou para que serve a fé. Diz assim, "Fonte de misericórdia, chama o que te foge. / Atrai a ti o que tenta fugir. / Levanta o que caiu. / Sustém quem está de pé, guia o que se encontra a caminho". Pela fé rezamos esta oração, pensando na multidão de espoliados deste mundo, vítimas da ganância de alguns que nunca se satisfazem com os assaltos que realizam contra os mais frágeis. Esses do vil metal que não se compadecem com os desprotegidos do Estado, os sempre pobres. Ora, eles que ganham salários chorudos na sombra das leis fabricadas a seu belo prazer, podem agora falar contra o direito à saúde e à educação. As suas fortunas protegem-nos. Mas, os outros, os idosos das reformas a 200 e 300 euros, que lhes interessa que não comam ou que não tenham dinheiro para comprar os remédios para combater a sua dor.
A falta de fé no bem universal levou-nos a esta tragédia, a esta injustiça. Por isso, acolher Deus, como mais valia interior para abrir os horizontes universais do bem é muito importante, pois, será o único caminho que levará a humanidade e as sociedades à salvação. Caso vençam estes profetas do assalto contra o bem-comum, chegaremos todos à maior das desgraças.
Precisamos de poetas e de gente autêntica que se deixa guiar pela brisa do vento do bem, como D. H. Lawrence proclamou: "Não, não sou, mas é o vento que sopra através de mim". A fé é esta inteligibilidade do vento que nos remete para a salvação universal e não apenas para o caminho do egoísmo sem solidariedade e sem amor pelo bem destinado a todos. A fé anima para a coragem e para a luz da esperança no futuro, como diz S. Paulo a todos nós pelo seu amigo Timóteo: «Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus» (2Tim 1, 7-8). A fé é esta certeza do bem e a constância nas atitudes que se encetam firmemente na edificação do mundo. O Profeta garante que essa militância terá os seus frutos, basta ser firme e não desistir, porque o caminho de Deus é seguro: «Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há-de vir e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma recta; mas o justo viverá pela sua fidelidade» (Hab 2, 3-4). Nada melhor para reflectir neste tempo de apertos e de crise que vitimam sempre os mesmos, os mais pobres ou os mais frágeis.
Fonte: aqui

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