sexta-feira, 22 de outubro de 2010

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C

Deus não está à venda


São muitas as tentativas para comprar Deus. O que está por detrás de tais gestos pouco humildes, são a tentativa de manipular Deus. Isto é, não são raros os que pensam que é possível fabricar um Deus à maneira de cada um e que com palavras benévolas a seu favor e contra os outros, podem dar a volta à misericórdia de Deus. Provavelmente, pensamos que podemos desviar a atenção de Deus escondendo os nossos desmandos com palavras mansas. Esta lógica da manipulação não se coaduna com o agir de Deus Pai/Mãe de Jesus. Não é a fé a única razão da dedicação à Igreja para muita gente. Mas muitos haverão, que se envolvem em grupos, movimentos e actividades da igreja não com a intenção de servir a comunidade, mas para se promoverem e mostrarem que são mais importantes que todos os outros e ganharem dinheiro com isso. Apontar os erros dos outros é sempre mais fácil. Mas, o valor de uma pessoa está na sua capacidade de reconhecer os seus defeitos e depois tentar melhorar sempre em cada hora da vida.
Jesus quis mostrar que não é com a exaltação pessoal que agradamos a Deus, mas com o reconhecimento das nossas falhas e dos nossos pecados. Reconheço portanto, que muitos haverão na igreja que sabem verdadeiramente estar ao serviço da comunidade sem interesse nenhum. Não reclamam qualquer reconhecimento. No silêncio da oração e do encontro com Deus mostram quanto a sua fé se alimenta de humildade e de fé verdadeira no Reino de Deus. Se meditamos assim, somos levados a concluir que Deus detesta ser comprado com ofertas bajuladoras, ritos anacrónicos e sem sentido, orações ocas e sem conteúdo, celebrações faustosas que enchem os olhos sem qualquer consistência na vida prática.
É um engano pensar que são as nossas muitas coisas que rezamos e celebramos que nos justificam. O que nos salva, é sempre a bondade e a misericórdia de Deus. E Ele salva e justifica quem reconhece a sua inutilidade e miséria, descobrindo que o amor e a justificação são gestos da profunda gratuidade de Deus. Nada em Deus está à venda, tudo é oferta de amor que se derrama em todos os corações disponíveis para o acontecer dessa graça.
E termino como o padre Victor Gonçalves na sua crónica-comentário a esta mesma parábola do Evangelho: «É a verdade de sermos pobres e necessitados de Deus, do seu amor e do seu abraço, que importa dizer e sentir. Por isso, “pecador” é quem quer mudar, é quem diz como o Jorge Palma: 'Enquanto houver estrada para andar/ A gente vai continuar/ Enquanto houver estrada para andar/ Enquanto houver ventos e mar/ A gente não vai parar/Enquanto houver ventos e mar'».

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