Estamos em plena Época Quaresmal, período particularmente especial para os católicos. Na sequência da Carta Pastoral do nosso Bispo, Reverendíssimo Senhor D. António Couto, para a nossa diocese, sob o lema “Ide e Anunciai o Evangelho a Toda a Criatura”, na sua mensagem reflexiva para a Quaresma, com o título “O DOM ALUMIA; MAS O PECADO CEGA”, alerta-nos para os problemas da sociedade atual, nomeadamente “… o pecado, que é uma espécie de nó cego no coração, bloqueia-nos num mundo de portas fechadas a cadeado, tornando-nos imunes, isto é, vacinados, indiferentes, insensíveis, face aos outros e face à Palavra, aquela que vem de Deus, Palavra criadora e carinhosa, e aquela, da ternura dos outros, mas também das suas dores, sofrimentos e gritos.”
Por sua vez, este ano, D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e Responsável pelo Acompanhamento da Cáritas, enviou-nos uma mensagem alusiva à missiva deste ano, Cáritas “Família Construtora da Paz”:
“Todos temos experiência do que é viver em família. Muitos com memórias felizes da nossa infância; outros não. Algumas das nossas famílias são grandes, ou mesmo muito grandes; outras são pequenas, mesmo muito pequenas. Uns dos que agora lêem estas linhas serão pais ou mães, serão irmãs ou irmãos de outros, de outras. Uma coisa é certa: todos somos filhos ou filhas. O importante é que, para cada um de nós, essa família é a ‘nossa família’. Ora, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica A Alegria do amor, afirma que a relação entre os irmãos se aprofunda com o passar do tempo; e explica: «o laço de fraternidade que se forma na família entre os filhos, quando se verifica num clima de educação para a abertura aos outros, é uma grande escola de liberdade e de paz. Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana […]. Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo. A partir desta primeira experiência de fraternidade, alimentada pelos afectos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade irradia-se como uma promessa sobre a sociedade inteira» (n.194). É fazendo apelo a este lugar primordial de relação fraterna, como escola de liberdade e de paz, que desejo fazer-lhe um convite nesta Quaresma, para que no III Domingo possamos celebrar o Dia Cáritas: que procure, com criatividade e ousadia, os modos de a sua família ser verdadeiramente capaz de construir a Paz. Não conheço como gostaria cada uma das realidades familiares das pessoas a quem agora me dirijo. Não sei, por experiência directa, o que é faltar hoje o necessário para comprar mais um livro ou um caderno que é preciso para a escola; ou o exercício que é preciso fazer a meio do mês, com o salário, para que ele possa chegar até ao fim. Ou o cansaço do fim do dia, as atenções necessárias, as tensões que não se conseguem evitar. Às vezes um tom de voz mais alto… As lágrimas. Não conheço a sua família… Mas sei que muitas vezes a vida do dia-a-dia não é fácil. E, por isso, peço licença para lhe poder propor que, como quer que seja a sua realidade, procure dar passos significativos no sentido de a sua família ser efectivamente construtora da Paz. O Papa Francisco, na mensagem para o passado Dia Mundial da Paz sobre a não-violência, chega a afirmar: «lanço um apelo a favor do desarmamento, bem como da proibição e abolição das armas nucleares […] Com igual urgência, suplico que cessem a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças» (n.5). Gostaria de terminar citando outra Mensagem do Dia Mundial da Paz: a de 1994; S. João Paulo II tem palavras particularmente inspiradoras e atuais: «A vós, pais, compete a responsabilidade de formar e educar os filhos para serem pessoas de paz: para isso, sede vós mesmos, primeiro, construtores de paz.Vós, filhos, lançados para o futuro com o ardor da vossa idade jovem, repleta de projectos e sonhos, apreciai o dom da família, preparai-vos para a responsabilidade de a construir ou promover, segundo a respectiva vocação, no amanhã que Deus vos conceder. Cultivai aspirações de bem e desígnios de paz. Vós, os avós, que, com os outros membros da casa, representais na família laços insubstituíveis e preciosos entre as gerações, dai generosamente o vosso contributo de experiência e testemunho para ligar o passado ao futuro num presente de paz. Como esquecer, enfim, tantas pessoas que, por vários motivos, se sentem sem família? Quereria dizer-lhes que, também para elas, existe uma família: a Igreja é casa e família para todos. Ela abre de par em par as portas para acolher todos quantos vivem sozinhos e abandonados; neles, vê os filhos predilectos de Deus, independentemente da idade, e quaisquer que sejam as suas aspirações, dificuldades e esperanças. Possa a família viver em paz, de modo que dela brote a paz para a família humana inteira!» (n.6). É este o nosso sonho! E por isso também o nosso compromisso. Cristo disse: «Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9).Cristo pode contar consigo?”
Imbuídos deste espírito, não esqueçamos aqueles que tanto precisam da nossa solidariedade e apoio em momentos frágeis das suas vidas, muitas vezes porque a própria vida fez com que tudo se alterasse, pelas mais variadas razões.
NOTA: À semelhança de anos anteriores, e dando continuidade a uma das múltiplas missivas da Cáritas Portuguesa e Cáritas Diocesanas, em 2017, a Semana Nacional Cáritas, decorrerá sob o lema “Família Construtora de Paz” , entre os dias 13 e 19 de Março. Cada sacerdote , na sua Paróquia, abordará a temática junto dos seus paroquianos no sentido de proceder à recolha de donativos para o efeito.
Cáritas Diocesana de Lamego, aqui
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