quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Relativismo ético coloca democracia em risco, diz bispo

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D. Manuel Linda encerrou 27.º Encontro da Pastoral Social com apelos à participação dos cristãos na governação.

D. Manuel Linda, bispo auxiliar de Braga, alertou hoje em Fátima para os riscos do “relativismo ético” como base da democracia, apelando à participação política dos cristãos portugueses num momento de crise.
Na conferência conclusiva do 27.º Encontro da Pastoral Social, a decorrer desde terça-feira, o prelado disse que os Estados modernos se fundam num consenso que “nem sempre é justo e até pode ser perigoso: abre as portas aos totalitarismos, ainda que sob a capa de democracia”.
No Dia Internacional da Democracia, celebração promovida pela Assembleia Geral das Nações Unidas, D. Manuel Linda mostrou a sua preocupação com a criação de regimes democráticos de um ponto de vista “meramente formal, sem preocupação pela ética e pelo bem comum”.
“Precisamente para introduzir novos valores na vida social, parece-me urgente a inserção do cristão na política ativa”, apontou, na iniciativa promovida pela Comissão Episcopal de Pastoral Social, da Igreja Católica.
Se é “no centro, nos Ministérios, que se tomam as grandes decisões”, prosseguiu, “então, é aí que o cristão deve estar, para que as decisões tomadas sejam sensatas, humanas, éticas e em função do bem comum universal”.
Para este responsável, “nas condições atuais, é impossível o amor ao próximo em larga escala - a macro-caridade - fora da vinculação política”.
“Sem desprezar a micro-caridade, há que valorizar a «caridade de longo alcance», a caridade política, a única que pode gerar o bem comum universal”, prosseguiu.
D. Manuel Linda disse aos mais de cem participantes nesta iniciativa que “a espiritualidade cristã não é inócua”, mas interliga-se “com um são desenvolvimento integral, hoje desprezado em múltiplos setores”.
“Em Jesus, há, libertação integral; doutra forma, seria subjugação ao mal, antítese de Deus. E sem libertação, sem humanização e divinização, corre-se o sério risco de transformar em ídolos os vários setores da atividade humana, mormente aqueles aos quais, pela natureza das coisas, o nosso coração mais se agarra: a economia e o que lhe está ligado”, observou.
Neste contexto, o conferencista lembrou os “eufemisticamente designados «desafortunados» do mundo: os 90% que têm de sobreviver com apenas 10% da riqueza do planeta para que os outros 10% possam gastar, à tripa forra, 90% dos bens disponíveis”.
Em conclusão, D. Manuel Linda convidou a “pensar o desenvolvimento”, sob a “perspetiva da frieza dos números, mas de acordo com os parâmetros fundamentais da dignidade humana, da fraternidade universal e da comum paternidade de Deus”.
“A sociedade não estaria tão fragmentada e dividida sobre inúmeros temas fraturantes se se dispusesse a procurar a verdade objetiva e não permanecer ao nível da superficialidade das ideias e cosmovisões que cada um possui ou que as modas ditam”, precisou.
O 27.º Encontro da Pastoral Social foi subordinado ao tema «Desenvolvimento local, caridade global».
In ecclesia

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