sexta-feira, 9 de setembro de 2011

IGREJA EM PORTUGAL – CRISES E ESPERANÇAS

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Em 31 de Agosto de 2011, D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, apresentou na XXXIV Semana Bíblica Nacional, em Fátima, "o resumo pessoal dum documento de trabalho da Conferência Episcopal Portuguesa, fruto de muitas contribuições de dioceses, institutos, movimentos e obras, tendo em vista “repensar juntos a pastoral da Igreja em Portugal”.


I. “sombras”
1) A questão identitária, o divórcio entre fé e vida.
2) A perda da vocação missionária e do ardor evangelizador.
3) A falência dos actuais modelos de iniciação cristã e a falta duma oferta formativa, permanente e sistemática.
4) A não concretização duma Igreja onde todos tenham uma missão insubstituível a desempenhar.
5) A falta de alegria, entusiasmo e esperança, sem novos caminhos de evangelização e compromisso.
6) O ritualismo litúrgico, com celebrações distantes da vida e homilias extensas e tristes.
7) Uma Igreja envelhecida, a viver da pastoral de manutenção.
8) Uma Igreja muito clerical e sacramentalista, onde diminui a prática e os jovens se afastam, a acção se dispersa e as vocações escasseiam, sem capacidade para interpelar e propor credivelmente.
9) O individualismo nas expressões da fé, sem responsabilização eclesial.
10) A falta de rostos, modelos concretos e testemunhos públicos de fé cristã.
11) Uma linguagem hermética, que não facilita a relação com o mundo, e a ausência eclesial nos novos areópagos.
12) A dificuldade em ter espaço e presença nalguns meios de comunicação social.
13) O desânimo e o pessimismo de sacerdotes e agentes pastorais.
14) A crise de vocações de consagração.
15) A falta de agentes pastorais leigos.
16) A falta de harmonia de critérios pastorais.
17) O esquecimento da Doutrina Social da Igreja.
18) A desagregação do ambiente familiar, com a consequente perda do seu papel na transmissão da fé.
19) Algumas “sombras dispersas”, como a perda do sentido do Domingo, a fé tradicionalista e pouco esclarecida, a catequese entendida como “actividade extracurricular”, o envelhecimento dalguns grupos apostólicos, as romarias meramente turísticas…

II. “Luzes de esperança”
1) A autenticidade de muitos cristãos comprometidos com o Evangelho no mundo e na Igreja.
2) A redescoberta da Palavra de Deus.
3) A valorização de momentos de verdadeiro encontro orante e sacramental com Cristo.
4) A maior atenção aos sinais dos tempos e ao diálogo com o mundo.
5) A procura de pontes de diálogo com a cultura.
6) O esforço de adaptação às novas linguagens e tecnologias da comunicação social.
7) O aumento de carismas e novas expressões eclesiais.
8) A partilha dos carismas religiosos com os leigos e a presença dos consagrados em âmbitos sociais significativos.
9) A preocupação com a qualidade, a competência e a beleza das iniciativas.
10) As celebrações de acontecimentos eclesiais de grande vitalidade, da visita do Papa ao Ano Paulino, ao Ano Sacerdotal ou às jornadas Mundiais da Juventude.
11) A promoção do diálogo ecuménico e inter-religioso.
12) A partilha e a solidariedade manifestadas por pessoas e instituições eclesiais, bem como a grande rede de acção social da Igreja.
13) Alguns caminhos de inovação, na conjugação dos vários movimentos e obras, na evangelização através dos meios de comunicação, etc.
14) A existência de orgãos de colegialidade e participação, como os sínodos e os conselhos.
15) O maior trabalho em rede.
16) A presença de sinais de Deus no mundo secularizado, como os santos, os mártires ou a mensagem de Fátima.
17) O número crescente dos participantes em peregrinações e outras manifestações de religiosidade popular.
18) A emergência de vocações laicais e a crescente participação de leigos na acção da Igreja.
19) O reconhecimento do papel da mulher na vida e estruturas da Igreja.
20) Algumas iniciativas de nova evangelização e de formação na missão e para a missão, como o ICNE de 2005 em Lisboa ou a Missão 2010 no Porto.

III. Sugestões para um “empenho criativo, ardente e frutuoso na nova evangelização”
1) Assumirmo-nos como Igreja missionária e evangelizadora.
2) Evangelizar com ardor sobrenatural e força carismática.
3) Tornar visível o testemunho cristão: ousado, profético, belo, verdadeiro, coerente, misericordioso, santo…
4) Fazer da caridade a prioridade de todos os programas pastorais.
5) Dar precedência à intimidade com Deus: retiros, exercícios espirituais, lectio divina, encontros bíblicos e de formação cristã.
6) Cuidar da dimensão contemplativa das comunidades cristãs.
7) Valorizar a qualidade e a beleza das nossas acções.
8) Criar e valorizar espaços e momentos de encontro com Cristo vivo (Palavra, oração e sacramentos).
9) Dar espaço e voz aos movimentos e novas formas de vivência eclesial.
10) Insistir nos princípios da Doutrina Social da Igreja [dignidade da pessoa humana, bem comum, subsidiariedade e solidariedade] para a edificação duma sociedade nova.
11) Perscrutar os sinais dos tempos, em constante diálogo com o mundo.
12) Dialogar com a cultura.
13) Rever a linguagem e repensar a presença da Igreja na sociedade.
14) Estar presente na comunicação social, aproveitando as novas tecnologias.
15) Estar também nos “novos areópagos” e abrir o “átrio dos gentios”, com qualidade, fidelidade e criatividade.
16) Valorizar a identidade sacerdotal, à imagem de Cristo “Bom Pastor”.
17) Valorizar as estruturas de acolhimento e proximidade.
18) Formar pastoralmente para as novas problemáticas, como as dos divorciados, recasados, em união de facto e outras situações irregulares.
19) Comprometer mais dinamicamente as comunidades nos vários sectores da pastoral, interna ou externa.
 20) Apostar na evangelização dos novos bairros e urbanizações, das grandes superfícies, das minorias e dos mais pobres.
21) Mobilizar mais, especialmente os jovens, para a participação social e as grandes causas da justiça e da paz.
22) Publicar documentos eclesiais simples, breves, espaçados, actuais e voltados para as realidades concretas das pessoas.
23) Pensar num projecto de nova evangelização de 3 ou 5 anos, para todas as dioceses.
24) Prestar atenção à universalidade, interculturalidade e inter-religiosidade na nova evangelização.
25) Aproveitar a religiosidade popular, as peregrinações e os santuários marianos como pontos de apoio providenciais para a nova evangelização.
Fonte: aqui

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