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O Governo deve esforçar-se por ser "claro" e esclarecer constantemente a população em relação às medidas de austeridade a aplicar no contexto da situação do país, disse hoje o bispo do Porto, Manuel Clemente.
O Governo deve esforçar-se por ser "claro" e esclarecer constantemente a população em relação às medidas de austeridade a aplicar no contexto da situação do país, disse hoje o bispo do Porto, Manuel Clemente.
"Acredito que [a clareza] é possível, embora não seja fácil. Eu sou há muitos anos professor e, portanto, estou habituado nas matérias que lecciono a traduzir de uma maneira entendível pelos alunos ou pelos auditórios aquilo que quero explicar", disse o bispo do Porto, que confessou ter dificuldades em entender à primeira algumas explicações acerca de medidas financeiras.
O Prémio Pessoa de 2009 acrescentou que "estas questões são técnicas, são financeiras, têm muitas interligações também com a vida internacional, não são nada fáceis de explicar", mas deixou um apelo claro ao Governo: "Sejam, o mais possível, claros, objectivos e solidários".
"Falo por mim, algumas vezes tenho dificuldade em entender imediatamente o que me está a ser explicado, porque requer muito conhecimento técnico, requer muita precisão financeira e económica que o comum das pessoas não tem", acrescentou o bispo do Porto.
Manuel Clemente, que falava após a cerimónia do arranque oficial das obras de requalificação do Lar de Sant'Ana, em Matosinhos, disse ver as medidas anunciadas recentemente sobre aumentos de impostos e cortes na despesa com "alguma apreensão, porque trazem mais rigor e mais dificuldades", devendo ser compensadas com um "reforço da solidariedade".
"É necessário rigor, esclarecimento, para que não haja dúvidas, com certeza que depois as apreciações podem ser diversificadas, mas que nos dêem as possibilidades de ajuizar o que está realmente em causa", declarou Manuel Clemente, que disse acreditar que "as pessoas são, basicamente, inteligentes e que, se forem informadas, são capazes de entender".
No âmbito do memorando de entendimento assinado entre o Governo português e a "troika" internacional (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), têm sido anunciados vários aumentos de impostos, como, por exemplo, em termos do IVA sobre a electricidade e gás natural, bem como cortes na despesa do Estado.
In Correio da Manhã
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