sábado, 5 de junho de 2010

O Anjo de Varsóvia


Há dias ouvi uma reportagem sobre o campo de concentração nazi – Auschwitz – onde os estudantes portugueses puderam dizer sobre o que sentiram ao visitar aquele lugar. E isto trouxe-me à memória a malvadez daquele sistema ideológico mas também a heroicidade dos que se lhe opuseram.
Por exemplo, Irene Sendler. Esta mulher era enfermeira quando os Nazis ocuparam Varsóvia e iniciaram a perseguição sistemática dos judeus. Começou a sua actividade de resistência ao falsificar documentos para possibilitar a judeus necessitados de continuar a beneficiar da segurança social. Em 1940, após o internamento dos judeus no gueto de Varsóvia, isso deixou de ser possível. Sendler e as suas colegas conseguiram então arranjar documentos que as autorizavam a visitar o gueto regularmente, como técnicas de saúde, devido ao medo que os nazis tinham de epidemias, para quais as condições no gueto eram obviamente propícias.
Quando em 1942 começou a deportação de todos os judeus de Varsóvia para os campos de extermínio, Irene Sendler, juntamente com outras pessoas reunidas no «Zegota» – «Conselho para ajuda aos judeus» –, começou clandestinamente a tirar crianças do gueto para as confiar a casais cristãos que fingiam ser seus pais.
Desta forma, começou o grande salvamento. A maioria era trasladada em ambulância. Escondiam-nas no fundo, cobertas de trapos ensanguentados ou metidas em sacos. Outras foram em camiões de lixo. As maiores eram levadas à igreja do gueto: daí saíam com novos pais a quem eram depois confiadas. Mas fez um registo dos seus pais verdadeiros que enterrou em frascos de vidro.Detida e torturada, sofreu a fractura de um braço e de ambas as pernas; contudo nunca disse uma palavra. Foi condenada à morte, mas antes de ser fuzilada, a organização judia «Zegota» pagou uma forte soma a um oficial da Gestapo para a fazer passar por morta.
Entrou na clandestinidade mas nunca deixou de ajudar os que precisavam.
Em 1965 foi homenageada por Israel, em Yad Vashem, como uma "justa entre os povos". Mas o regime comunista da Polónia nunca lhe ligou muito pois era católica e não comunista. Só depois de vencido o comunismo é que foi trazida para a ribalta.
In O Amigo do Povo

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