Certa vez visitava uma doente já idosa que estava acamada. O marido, também já idoso, às tantas, perguntou-me se ainda sabia orações em Latim. Depois puxou dos seus colarinhos e afirmou que se recordava de muitas.
Começou com a Avé Maria. Lá foi dizendo num Latim macarrónico mas que não escandalizava. Até que chegou àquela parte: "et benedictus fructus ventris tui, Iesus" (Bendito o fruto do vosso ventre, Jesus). Então o homem aqui disse: "Bendito o fruto que vai pró ventre de Jesus"!
Ah! Mas todo convencido!
A Missa era ainda em Latim. No primeiro banco estava um cavalheiro todo anelado e pimpão. Rezava-se o Pai Nosso. Ao chegar àquela parte "sed libera nos a malo" (mas livrai-nos do mal), o homem dizia: "Da sede livra-nos amável".
Decorria uma novena em honra de Nossa Senhora. Em cada mistério do terço, o povo cantava. Num deles, cantou-se o CORAÇÃO VIRGINAL DE MARIA.
Toda a gente participava com entusiasmo. A certa altura surge a estrofe:
Ao chegar minha última hora
Vinde sem demora
levar-me para o Céu
Foi o bonito! Em vez do "vinde sem demora levar-me para o Céu", toda a gente cantava quase gritando: "Vinde a cem à hora levar-me para o Céu"
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