1. Tarde de mais, para meia dezena de moças, que consumiram toda a provisão de azeite, no longo tempo da espera! A demora do noivo resultou, para elas, numa situação crítica e fatal. O aviso da parábola é, pois, oportuno: aqueles que não têm reservas interiores, capazes de manter, em todo o tempo da espera, o coração a arder, arriscam, no meio da crise, a perder o presente do futuro! Assim, a quem falta, por exemplo, o azeite da energia interior, que vem da fé, a quem tem a candeia do seu coração vazia de amor, faltará também a luz da esperança, para atravessar a longa noite dos tempos ou a escura travessia da sua vida!
2. Mas a parábola escandaliza-nos, sobretudo, com a aparente frieza das virgens prudentes, que se recusam a ir em socorro das suas amigas desprovidas. Pensamos nós, que não lhes fica nada bem negar a provisão de azeite, a quem já não sobra um pingo de bom senso ou uma pinga de esperança.
Mas Jesus parece querer dizer-nos outra coisa muito clara: há riquezas pessoais e recursos interiores que não se emprestam; há valores que não se conquistam por doação ou transferência bancária. Quando já não se tem energia interior, quando se perde o contacto com a fonte e se gasta tudo e depressa, quando se descuida do necessário investimento espiritual, quando já não se alimenta a própria fé, e se entra numa prática religiosa relaxada… então depressa chegará o tempo crítico, em que se apagará toda a esperança! E, nessa altura, não há “boa alma” que me valha; terei eu de assumir as minhas responsabilidades, pelas escolhas que fiz e pelo que fiz do que me confiaram. De facto, ninguém pode viver a fé, a esperança, o amor, a oração, a relação, no lugar de outro. E fica claro: também a fidelidade ou a virgindade, não se improvisa, nem se empresta, nem se resolve, nem se devolve, pedindo a outros, o que deixei apagar-se em mim!
3. Na sequência das duas últimas homilias, em torno da transmissão da fé, na família cristã (cf. XXXI Domingo A) e da vocação dos esposos à santidade («Todos os Santos»), gostaria hoje de continuar estas catequeses familiares, a partir da parábola evangélica, com um apelo sério, a todos os jovens que “estão numa relação com”, aos namorados e aos noivos que se preparam para o casamento!
Vede bem: esta parábola fala-nos de uma festa de casamento, ao mesmo tempo que exalta a sensatez, de quem sabe viver o tempo da espera, sem queimar todo o azeite, que há-de chegar, para a noite do encontro definitivo com o Esposo! Esta parábola fala-vos indirectamente do valor da espera e, porque não, da virgindade, mesmo se esta parece uma proposta virtual, a que poucos ousam dizer “gosto”!...
4. Como vos disse há dias o Santo Padre, “vivei esse tempo do namoro, na expectativa confiante do dom total do amor! Tal amor é acolhido, percorrendo uma estrada de consciência, de respeito, de atenções, que não deveis nunca ferir: somente nessa condição, a linguagem do amor permanecerá significativa mesmo com o passar dos anos. E não penseis, que viver juntos (a coabitação) seja garantia para o futuro. Queimar as etapas, leva a "queimar" o amor, que, ao contrário, tem necessidade de respeitar os tempos e a gradualidade nas expressões; tem necessidade de dar espaço a Cristo, o único que é capaz de tornar um amor humano fiel, feliz e indissolúvel. Evitai, por isso, fechar-vos em relacionamentos íntimos, falsamente tranquilizadores; não esqueçais, pois, que, para ser autêntico, também o amor exige um caminho de amadurecimento: a partir da atracção inicial e do "sentir-se bem" com o outro, educai-vos até "querer bem" ao outro”(Bento XVI, Encontro com os jovens namorados na Visita Pastoral a Ancona, Itália, 11 de Setembro de 2011).
5. Precisamos todos de viver e ajudar a viver, com a sabedoria da fé, estes tempos de crise, onde veio a faltar, sobretudo a0s jovens, o azeite da esperança, quando não encontram trabalho ou este é instável, levando-os a adiar decisões e a sentir desperdiçadas as suas grandes energias. Neste clima de incerteza, a tentação é valorizar as emoções e fugir aos compromissos, caindo na banalização das relações de afecto ou no egoísmo, que destrói qualquer forma de vida em comum.
6. Queridos jovens, a quem a Igreja tanto ama e admira, pela generosidade dos vossos ideais: deixai que retome as palavras do Papa e vos diga: “aprendei a viver este tempo de espera. Educai-vos, desde já, para a liberdade da fidelidade, que vos leva a proteger-vos reciprocamente, até viverdes um pelo outro. Preparai-vos para escolher, com convicção, o «para sempre», que é próprio do verdadeiro amor” (Ib.)!
7. E, por último, (...), não resisto a dar-vos uma sugestão: na parábola que ouvistes hoje, veio a faltar o azeite às amigas imprudentes do Esposo! Nas núpcias de Caná, veio também a faltar, para os convidados, o vinho da alegria! Nessa altura, Maria convidou os servos a dirigir-se a Jesus e deu-lhes uma indicação preciosa: "Fazei o que ele vos disser" (Jo 2,5).
Também eu vos digo: “tende como um tesouro essas palavras e tereis bem acesa a candeia da esperança e cheio o copo da alegria e da festa! Jesus é o vinho novo da Festa! (Bento XVI, Encontro com os jovens namorados, 11.09.2011). Jesus é o Ungido, com o óleo da alegria. É o Esposo, que vem em vosso auxílio! Ele aí vem!
Com as lâmpadas do coração bem acesas, na luz da fé, da esperança e do amor, ide ao seu encontro!
Fonte: aqui
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