quinta-feira, 26 de outubro de 2017

No nevoeiro das palavras, o homem precisa de encontrar a palavra certa, do amigo certo. (III)

Evangelho de São Mateus. Mt 18, 21.22
 
"Então, Pedro aproximou-se e perguntou-lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?»"
- No horizonte de Pedro, está agora o perdão. Pedro deixa-se tocar pelo convívio com Jesus e pergunta até onde vai o limite do perdão. Certamente também Pedro foi refletindo sobre as suas incoerências, incredulidade e sente o perdão do Senhor. Quando olhamos para o nosso pecado, perdemos toda a autoridade para julgar, mas ganhamos toda a autoridade para perdoar. O perdão é uma marca essencial do cristianismo.
Perdoar não é esquecer. Se esquecemos, não temos nada para perdoar. Perdoar é dar nova oportunidade ao outro, apostar na relação. Há certas coisas que são impossíveis de esquecer.
É possível tornar a conviver com a pessoa. E isto não é dizer que não se passou nada, porque se passou. Mas é possível uma outra forma de relação. Há coisas difíceis, mas com a graça de Deus é possível o perdão.
 
"Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete."
Jesus está sempre pronto a perdoar, nunca se cansa de o fazer. Alegra-se com isso. Está sempre pronto a dar a mão, a ajudar, a levantar. Jesus age assim porque sabe que o Pai prefere a misericórdia ao sacrifício. Prefere a conversão de um do que os noventa e nove justos. Um vale por todos. Num só está toda a humanidade. Na ovelha transviada e encontrada, está todo o rebanho. Vivemos muito a tentação dos números, da multidão. Mas é a atenção pessoal, a humanidade, que Jesus traz à cena.
É Jesus que nos torna dignos da reconciliação. É Ele que nos constrói. Que cada um se sinta um pecador amado. Jesus nunca faz depender o seu perdão de nada. Ele está mais interessado no nosso futuro do que no nosso passado. Deus nunca se cansa de perdoar. Que nós nunca nos cansemos de ir até Ele à semelhança do filho mais novo (ver parábola do Filho Pródigo).
 
Então que desta vez, que cada um:
- olhe para a sua vida e recorde agradecidamente todos os momentos de perdão que já experimentou;
- faça a história do perdão de Deus para consigo e reconheça ser continuador do Seu perdão para consigo mesmo e para com os outros;
- reconheça que o "Eu te perdoo" sacramental faz reviver as pessoas e acreditar de novo na vida, olhando para o futuro, tendo desejo de perdoar;
- tenha desejo de preferir a salvação à condenação. Tenha desejo de ter um coração à semelhança do de Jesus;
- possa fazer sentir a um mundo carente de afeto que tem coração;
- saiba que Deus tem coração. Podemos sempre entrar porque é um Coração aberto.
 

Peçamos a graça de crescer na experiência da misericórdia de Deus!

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