Dai a
César o que é de César, a Deus o que é de Deus!
1. Dai a César o que é de César. Ao poder
político, ao Estado, é devida a moeda! Mas não é Jesus que tem os bolsos
cheios, donde sacar uma moeda, em que está gravado o nome de “Tibério César, filho do divino Augusto”!
Quem usa a moeda são precisamente os que interrogavam Jesus, para O pôr entre a
espada de Roma e a parede dos pobres! Mas Jesus, que lhes conhece a malícia,
faz-lhes cair a máscara da hipocrisia! Para Ele é claro: se usam a moeda nas
relações comerciais, se reconhecem o poder instituído, então não têm por que se
queixar. Que cumpram as suas obrigações!
2. Só que a resposta de
Jesus vai mais longe do que a pergunta, quando acrescenta: “e dai a Deus o que é de Deus”. Na
verdade, é à imagem de Deus e não de César, que somos criados! É no coração de
Deus, e não numa moeda, que estão inscritos os nossos nomes! Por isso, quem
devolve a César o que lhe pertence, fica livre para se entregar a Deus, o único
a Quem realmente nos devemos e damos. Só Deus é o Senhor! Dito de outro modo: «Podeis dar dinheiro a César – é o seu território – mas Deus é o Senhor». Fica assim clara a primazia de Deus e o
amor que é devido a Deus, sobre todas as coisas.
3. Neste sentido, e por
consequência, não se pode sacrificar a vida, a dignidade ou a felicidade das
pessoas a nenhum poder político ou económico. Dar a Deus o que é de Deus implica reinstalar Deus no coração da
nossa vida pessoal e da vida pública. Para isso, não basta dar algumas horas ou
minutos de oração, de missa e devoção a Deus, como se lhe pagássemos algum
favor! Dar a Deus o que é de Deus
implica recolocar a dignidade da pessoa humana, criada à Sua imagem e
semelhança, no centro da atividade política, económica, social e cultural, pois
“a glória de Deus é o homem vivo” (Santo Ireneu). Dar
a Deus o que é de Deus implica também denunciar “esta economia que mata” para defender os mais pobres, os Seus
eleitos. Dar a Deus o que é de Deus
implica renunciar, em todo o caso, a fazer do poder, da imagem e do dinheiro, o
nosso deus! Dar a Deus o que é de Deus
significa também, e para cada um de nós em particular, não cair na tentação de
nos tornarmos os senhores absolutos da vida, os donos disto tudo, os patrões dos outros, sacrificando-os ao
egoísmo e à vaidade dos nossos interesses pessoais. Quando Deus deixa de
contar, o homem torna-se como um pequeno
deus e o mundo fica entregue à triste sorte dos seus interesses mesquinhos.
Rapidamente o jardim da Terra converte-se em pó e cinza, como se viu, nesta
praga dos incêndios.
4. Estamos a viver o Dia
Mundial das Missões. A missão não é mais uma atividade confiada a meia dúzia de
especialistas da evangelização, lá em terras longínquas. Não. A missão está no
coração da fé cristã e pertence à essência da Igreja que é, por sua natureza,
missionária. E por isso, a missão diz respeito a todos e a cada um dos
batizados, chamados a ser uma missão, na sua própria terra, “não só com palavras, mas com obras
poderosas, com a ação do Espírito Santo”. Somos todos discípulos
missionários. E alguns são-no em regimes totalitários, colocando-se, em nome de
Deus, ao serviço da promoção humana.
Movidos pelo amor de
Deus, não podemos deixar
de propor e contagiar aos outros a Pessoa viva de Jesus Cristo, único Senhor,
porque sabemos que o encontro com Ele “dá
à vida um novo horizonte e um rumo decisivo” (cf. DCE 1).
Dar a Deus o que é de Deus é
reconduzir a Ele todos os Seus filhos e instaurar neste mundo o Seu Reino de
justiça e de paz. Dar a Deus o que é de
Deus significa que Só Ele nos merece por inteiro, de todo o coração, neste
mundo, que é o lugar da nossa missão!
Amaro Gonçalo
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