Leituras: aqui
1. Menino farto não é comedor! Mas o fastio dos primeiros
convidados deixa-nos de boca aberta! Como será possível recusar umas bodas, onde
há tudo, do bom e do melhor, com
entrada livre e a custo zero?! Talvez uma longa reza ou um duro sacrifício no
templo, talvez uma reunião de oração ou de trabalho fossem motivos válidos para
algumas desculpas de mau pagador! Mas é estranho não querer entrar na alegria
da festa, da gratuidade, da convivialidade, da intimidade e da amizade com
Alguém, que distingue os seus amigos com um convite de comer e chorar por mais! Surpresa?! Talvez não, sobretudo se
pensamos nos destinatários da parábola: eram gente piedosa e rigorosa, que
levava a sua triste vida entre rezas e penitências sobre o altar e bons negócios
debaixo da mesa. Era a mesma gente que criticava Jesus por acolher os pecadores
e comer com eles! Surpreendidos por um Deus que dança e faz festa, por um Deus que
quer a todos à volta da Sua mesa, eles acharam que tinham mais que fazer do que
entrar na roda da alegria!
2. Irmãos e irmãs: não
seremos nós gente assim, mais afeita à missa de 7.º dia do que à alegria do
oitavo dia, o dia do Senhor? Não seremos nós gente com cara de funeral (EG
10), mais predisposta ao
sacrifício do que bem-disposta, para a alegria do Evangelho? Não seremos nós
gente pronta a pagar tudo, mas incapaz de receber de graça? Não recusamos, na
prática, o convite para a festa, quando vestimos a farda do trabalho, mas não o
fato domingueiro? A veste nupcial é a da alegria do amor e da comunhão feliz
com o Senhor! Felizes os convidados para a Ceia do Senhor!...
3. Mas há mais surpresas. O rei não se deixa abater pelo
fracasso. Alarga o convite e abre as portas aos distantes. Este rei põe os seus
servos em saída, em movimento, de modo a irem ao encontro, a procurarem os
afastados, a ouvirem o grito das encruzilhadas, para convidarem os excluídos (cf.
EG 24).
E a sala encheu-se de convidados, bons e maus.
4. Neste mês missionário, neste início da semana de
oração pelas missões, aprendamos a «sair da própria
comodidade e a ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da
luz do Evangelho» (EG 20). Não cedamos à
tentação de convidar os do costume, os que têm boa cara, os que já estão em
todas. Somos os primeiros convidados para convidar os últimos. Na verdade, “a missão da Igreja encoraja a uma atitude de peregrinação contínua
através dos vários desertos da vida, das várias experiências de fome e sede de
verdade e justiça” (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial das Missões,
2017, n.º 6). Convidemos,
pois, os pobres e frágeis, os descartados e inconvenientes, os suspeitos e os
pecadores, e assim faremos da comunidade cristã a pátria das bem-aventuranças.
5. Irmãos
e irmãs: teremos nós a santa ousadia de abrir
as portas da nossa comunidade aos pobres de todas as pobrezas, aos afastados
das nossas certezas, aos distantes das nossas seguranças, aos críticos das
nossas escolhas, para que possam também eles redescobrir e saborear a alegria
da fé? Estenderíamos nós a toalha da nossa mesa eucarística aos “bons e maus” segundo
a nossa rígida tábua moral? Porque não havemos de estender a todos o convite? Felizes
os convidados para a Ceia do Senhor!...
Amaro Gonçalo
Amaro Gonçalo
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