quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As minhas dúvidas

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De Maria G S de Meneses recebemos, via email, com pedido de publicação, estas questões:

1. Onde está escrito na Bíblia que devemos adorar os santos?

A Bíblia não diz nada sobre adoração de santos. Nenhuma fé ou religião ensina a adorar os santos. Toda religião, e principalmente a Religião católica, ensina-nos que o culto de adoração só se presta a Deus. Os santos são aqueles que já vivem junto de Deus, na sua glória e por isso são modelos e intercessores. São modelos porque viveram seu batismo de maneira radical e
intercessores porque, estando junto de Deus, podem pedir por nós.


2. Onde está escrito na Bíblia que existe o purgatório?

Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório.
Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeu. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeu mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas:
"Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que
fossem absolvidos do seu pecado".
(2 Mac 12,44s)

3. O que é Juízo Final?

As religiões do Próximo Oriente antigo admitiam que todo o homem tem de enfrentar o juízo de Deus. No AT, o objeto deste juízo era basicamente a fidelidade à Aliança, e a sentença contra os prevaricadores era cumprida coletivamente no tempo histórico. Só com os profetas do pós-exílio aparece a idéia de responsabilidade e de juízo individuais. O NT aprofunda está idéia e insiste na necessidade de arrependimento e conversão, incidindo o juízo sobre o cumprimento da Lei de Deus, e especialmente do mandamento do amor a Deus e ao próximo.
Na doutrina da Igreja. O juízo final é artigo de fé incluído no Credo: «Jesus Cristo há-de em sua glória para julgar os vivos e os mortos.» Este juízo consumará, no fim dos tempos, com a ressurreição dos mortos (ou da carne), a obra de Jesus Cristo, na plena unidade de todos em Cristo e por Cristo em Deus, no mundo que há de vir, a que S. Pedro chama misteriosamente “novos céus e nova terra”. Além do juízo final, os Concílio de Florença (1439-1443) e de Trento (1545-1563) afirmam a existência de um juízo particular, logo após a morte de cada homem, recebendo a sua alma imortal a retribuição eterna: ou o Céu, para quem a morte tenha surpreendido no estado de graça, com eventual prévia purificação pelo Purgatório, ou o Inferno, para os que pertinazmente se mantiveram até ao fim no estado de pecado grave.
Alguns teólogos levantaram recentemente duas questões: a da coincidência ou não dos dois juízos, uma vez que já se dão na eternidade e fora do tempo; e, consequentemente, a do momento da ressurreição, uma vez que parece contra a natureza a alma viver sem corpo (no caso corpo espiritual), tanto mais que N.ª Senhora foi elevada ao Céu em corpo de alma, e Cristo após sua morte para lá levou os eleitos falecidos antes do seu sacrifício redentor (libertando-os dos infernos ou sheol e ressuscitando-os). O ensino tradicional da Igreja não dirime esta questão (cf. Cat. 1020-1060).

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