sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Análise da nossa sociedade

As dificuldades económico-financeiras, a crise moral e as questões relativas à família e educação constituem os temas principais de um documento do Gabinete de Estudos Pastorais (GEP) da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O texto analisa alguns aspectos da realidade nacional à luz da última encíclica do Papa Bento XVI, "Caritas in Veritate" (Caridade na Verdade), publicada em 2009.

A primeira parte do texto reflecte sobre "a crise de valores e o modelo de desenvolvimento", detendo-se também nos "impactos sociais e políticos" da actual situação económica.

"A procura desenfreada do lucro, não entendido como um meio para o bem comum", mas como "objectivo único ou primordial", gera "problemas graves de repercussões incalculáveis", assinala o estudo, que apela à "responsabilidade social" das empresas.

A "extrema gravidade" da situação social deve-se ao "grande aumento do desemprego e do endividamento das famílias e das empresas" e às crescentes desigualdades, ampliadas pela pobreza, que "alargou-se muito significativamente".

Depois de criticar o modelo de desenvolvimento assente na "atracção consumista", o Gabinete de Estudos Pastorais refere que o "mercado é necessário", embora se torne "insuficiente para gerar a coesão social".

A segunda secção do documento, a mais breve das três que o compõem, é dedicada à "crise moral" e ao "relativismo", com a denúncia da "expansão de concepções individualistas e hedonistas".

Esta compreensão do mundo está "na base do decréscimo demográfico" e do "aumento desproporcionado" das expectativas de felicidade assentes "na abundância de bens materiais", "na recusa das dificuldades e do esforço" e na "negação do sofrimento".
O "forte ataque à família" verificado nas últimas décadas vai ter "dramáticas consequências que cairão directamente sobre as gerações futuras", frisam os autores, que convidam à "redescoberta da enorme aventura da procriação".

Entre as "mais ferozes" agressões à instituição da família está o "desvirtuamento do casamento, banindo o horizonte da procriação (com a sua aplicação às uniões homossexuais)", a "facilitação banalizadora do divórcio" e a "liberalização do aborto".

"A liberdade de aprender e ensinar" é um dos temas mais desenvolvidos no texto, especialmente no que diz respeito ao papel do Estado, a quem é exigido que não "tenha o monopólio do serviço público de educação" e que, ao mesmo tempo, seja "menos centralizador e mais incentivador de iniciativas e de um espírito criador autónomo".
In O Amigo do Povo

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