domingo, 15 de agosto de 2010

Cristão praticante
Há anos, era olhado de soslaio aquele que não praticava. Hoje parece que é "chic" não praticar, ou fazê-lo só em certas alturas. Pelo menos em algumas terras.
Admiro profundamente as pessoas que trabalham toda a semana, às vezes tendo só como dia livre o domingo, e não deixam vazio o seu lugar na comunidade crente. Podiam ficar na cama mais um bocado, podiam ir à caça ou à pesca, podiam ir até ao café, podiam aproveitar para fazer desporto... Mas estão ali, louvando com os irmãos o Senhor. Esta gente só pode ser fantástica! Merece todo o respeito e consideração pelo exemplo e pelo testemunho que irradiam para uma sociedade materialista e relativista que põe Deus no banco dos suplentes da vida.

Talvez fruto da grande cristandade, ainda persiste um certo tipo de discurso no seio da própria Igreja. Consiste em estar sempre a "puxar as orelhas" aos que lá vão. Não, não concordo. E esta minha posição tem sido repetidamente assumida. Quem lá vai merece todo o respeito, acolhimento, admiração. Geralmente, estes não criam problemas ao evoluir da comunidade porque acompanham o seu crescimento. Já o disse e repito. Quem cria problemas são os tais "não praticantes". E olhem que são já dezenas de anos de serviço às comunidades! Não falo de cor.

Claro que quem caminha para a comunidade que se reúne na casa do Senhor também tem que caminhar para a comunidade no dia-a-dia. Como diz a Bíblia, ninguém pode dizer que ama a Deus se não amar os irmãos. E aqui, concordo, ainda há um longo caminho a percorrer. O Cristo que louvamos, escutamos e comungamos na Igreja é inseparável do Cristo que está em cada irmão. Sim, sei que nós, os praticantes, falhamos bastante neste aspecto. Precisamos de melhorar. E muito. Os nossos gestos, palavras, acções e sentimentos precisam de ser alimentados constantemente pelo Cristo que acolhemos e adoramos na Igreja. É urgente que a Igreja saia para fora das igrejas pelo testemunho dos cristãos.

Quero que fique claro que há muitas pessoas que não frequentam e que têm um excelente comportamento humano, solidário, fraterno. Gente que respeita, que não critica quem vai, que aceita até humildemente que está em falta para com Deus, que entusiasma outros a irem. Em muitos destes, instalou-se a falta de hábitos de participação ou o tal respeito humano que, sobretudo nos homens, tem um peso abocanhante.

Lá está a história da moeda. Uma mesma moeda, mas com duas faces. Uma vida cristã, dois amores. Amor a Deus e amor ao próximo. Se não há moeda com uma só face, não há vida cristã sem estas duas vivências em simultâneo.
Podemos lá chegar, sem dúvida! O coração humano é fantástico quando quer. E Deus está sempre lá, no sítio certo.
Vamos aceitá-l'O para termos mais força para transformar este mundo pelo fermento libertador do Evangelho?

Cristão não praticante faz algum sentido?
No mundo da moda, no mundo do desporto, no mundo artístico, no mundo dos sub-grupos, está mesmo na moda:
- Eu sou católico (a) não praticante.
Ou então:
- Sou agnóstico(a).
Mais raramente:
- Sou ateu, ateia.

É sobretudo o mundo dos "católicos não praticantes" que mais problemas causa às comunidades cristãs. Com um pé dentro e outro fora, não são "frios nem quentes", aparecem quando lhes convém - normalmente nos baptizados, casamentos, funerais e algumas festas.
Mais, temos hoje pessoas que só entram nas igrejas porque os levam. No baptismo foram levados pelos pais e nos funerais são levados por outros.

Por norma, estes ditos "católicos não praticantes" são muito críticos para com a Igreja, não porque a amem, mas para desculpar a sua possível má consciência. Já se diz no futebol que a melhor defesa é o ataque...
Então dizem que não frequentam por causa do padre, do catequista, do vizinho, dos que lá vão... Sim, a culpa é sempre dos outros. Deles, claro que não! Ai, eles são um exemplo, uma referência, os melhores!!! Lá está, a melhor defesa é o ataque...
Centralidade de Cristo? Está quieto! Cristãos por causa de Cristo? Pois, mas isso é exigente...Então é mais fácil acusar outros para se desculpar.

Que diriam se fossem muito aflitos ao médico e este se negasse a atendê-los, dizendo que era médico não praticante? Ou se chamassem, numa emergência, os bombeiros e estes dissessem que não iam, porque eram bombeiros não praticantes? Ou se o treinador mandasse jogar o Cristiano Ronaldo e este se negasse, alegando que era futebolista não praticante? Que diriam? Então agora concluam... Cristão não praticante faz algum sentido???

Fugindo da comunidade, não crescem com a comunidade, não caminham com a comunidade, não fazem experiência de comunidade a qual passa a ser para os não praticantes um corpo estranho.

Urge ter a coragem de assumir as suas próprias responsabilidades. Urge a grandeza de não andar sempre a atirar pedras aos outros e de se desresponsabilizar com os outros.
A vida é bela. Assuma-a com alegria.

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