O cristianismo baseado em devoções que ignora a ajuda aos mais necessitados não é mais do que fingimento, disse hoje em Fátima D. Pio Alves, um dos bispos auxiliares do Porto.
“Piedade sem caridade é apenas teatro religioso”, afirmou o prelado na Cova da Iria, durante a homilia da missa da peregrinação aniversária de setembro ao santuário localizado na Diocese de Leiria-Fátima.
Um cristão “não pode fazer de conta que não vê, que não ouve, que não sabe, que não pode, que não é consigo, que outros farão, que as autoridades resolvam”, sublinhou, acrescentando que “há um âmbito de responsabilidade pessoal que é inalienável, e sem cujo exercício não há estrutura social capaz de responder adequadamente”.
Os deveres dos cristãos “não se resolvem apenas com a legítima crítica a quem supostamente governou ou governa desgovernadamente”, frisou o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens culturais e Comunicações Sociais.
“A fome, a sede, a falta de teto, o frio, a nudez, a doença, a ausência de liberdade são estigmas que vão invadindo, como mancha de azeite, a nossa sociedade, umas vezes escancaradamente, outras no silêncio envergonhado de quem ainda mal acordou para uma nova realidade”, referiu.
Na homilia centrada no tema “construtores de uma sociedade solidária”, que o Santuário de Fátima propõe em setembro, D. Pio Alves sustentou que “os exemplos de caridade efetiva” e “heroica” das primeiras comunidades cristãs “não são gestos ultrapassados” e “incompatíveis com o estilo da sociedade atual”.
O prelado citou São João Crisóstomo, que a Igreja Católica lembra hoje, para salientar a presença de Deus nas pessoas mais carenciadas.
“Muitas vezes ao ver um cão faminto, comovemo-nos; diante de um animal que sofre fome, enchemo-nos de pena; e vendo o teu Senhor, não te comoves? Que defesa tens nisso?”, referiu ao reproduzir um texto do santo nascido no século IV.
In agência ecclesia
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.