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O antigo ministro da Educação, Roberto Carneiro, em entrevista à FAMÍLIA CRISTÃ, fala sobre um novo modelo educativo de serviço. A palavra servir – tão cristã – leva-nos a estender a conversa a outros focos. Escola, professores, alunos, família, cidadania, Igreja, fé, vida, doença e morte – eis alguns dos assuntos abordados numa conversa de duas horas no edifício da Biblioteca João Paulo II, da Universidade Católica de Lisboa.
FC – Em outubro inicia-se o Ano da Fé, que também se cruza com essa questão.
R.C. – A fé faz-nos livres para servir melhor o outro. A fé tem de ser imbuída em sentido de serviço, senão é orgulho pessoal. Ninguém se salva sozinho, salva-se sobretudo no abraço ao outro, no encontro com o outro e pensar que o outro tem sempre coisas fantásticas a dar-me: o sem-abrigo, o imigrante, eventualmente o mendigo andrajoso que nos repugna porque cheira mal... Quando nós achamos que uma pessoa não merece a nossa atenção é porque não a conhecemos. Se eu não a descubro, a culpa é minha. Está ali um filão para descobrir, é um poço onde posso matar a sede. Se eu souber beber do poço dos que estão à minha volta, disponíveis para o diálogo e para a relação, nunca mais terei sede.
FC – Que trabalho tem de ser feito pela Igreja no Ano da Fé?
R.C. – Organizar as comunidades de base. É de baixo para cima, capilarmente, que a Igreja se faz. Há uma grande crise da prática religiosa. Aproveito para dizer que ir ao domingo à Missa não faz ninguém praticante. Praticante é o que põe em prática a Palavra de Cristo. Precisamos de pastores e de uma orientação mais clara neste momento de crise: faça-se ouvir a voz da Igreja Mãe e Mestra. É preciso também rever a cultura em família. A semente tem de ser lançada quando a criança ainda é pequenina, e acarinhada para fazer com que a criança se enamore da pessoa de Cristo. A pessoa que não se enamora não descobre amor, não dá nada. O amor está na base da redenção. Temos de nos enamorar, ler todos os dias a Sagrada Escritura e nela buscar o "rosto de Cristo, meu irmão". Como se pode chegar à fé sem tempos de silêncio para ouvirmos a voz do Pai? O silêncio é, para mim, frequentemente, olhar para o crucifixo, testemunhar a grandeza contida na contingência humana, e escutar...
Vale a pena. Leia na revista FAMÍLIA CRISTÃ toda a entrevista.
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