Elias Couto discute a queda de um feriado que «não era um favor do Estado à Igreja», antes assentava numa sociedade com «intensa fé eucarística»
O editor da revista digital “Cristo e a Cidade”, considera que a eliminação do feriado do Corpo de Deus, que se celebra esta quinta-feira, do calendário civil português, a partir de 2013, reflete a falência de uma sociedade que tinha “intensa fé eucarística”. Num texto publicado no Semanário da Agência ECCLESIA, Elias Couto recorda que aquela festa era, desde a “Idade Média”, sinónimo da comunhão entre o Deus “feito” homem, Jesus Cristo, que deu o seu “Corpo e Sangue” pela Humanidade, e um povo profundamente crente. “Numa sociedade de intensa fé eucarística, esta solenidade era vivida com particular esplendor: toda a gente se incorporava na procissão do “Corpus Christi”: confrarias ou irmandades, artesãos e comerciantes, nobres e plebeus”, sublinha aquele responsável. O feriado do Corpo de Deus, salienta o jornalista, “não era entendido como um favor concedido pelo Estado à Igreja: era uma exigência dos povos para poderem celebrar dignamente a festa de Deus, interrompendo os seus afazeres quotidianos”. No entanto, “as rápidas mudanças sociais que Portugal conheceu”, sobretudo “desde os anos setenta do século passado acabaram por quebrar esta unidade”. Progressivamente, as vozes que se levantaram para reclamar “da razão do Estado em reconhecer o estatuto de feriado a um dia cuja relevância era percebida apenas por uma parte da sociedade”, a comunidade cristã, abriram espaço à possibilidade de fazer cair o “dia santo”. Um cenário que agora se concretizou, devido às “necessidades económicas” e a uma certa “curteza de vistas”, aponta Elias Couto, que considera que os responsáveis da Igreja Católica em Portugal e no Vaticano optaram por seguir o caminho mais fácil. “A Hierarquia da Igreja deveria ter trabalhado para valorizar aquilo que lhe é próprio – a santificação de determinados dias, não porque o Estado concede a benesse de os declarar 'feriados', mas porque tais dias são 'santos' (separados dos restantes) por razões que dizem respeito à vida da Igreja”, complementa. Tendo em conta a “confusão” que os responsáveis eclesiais deixaram instalar à volta desta questão, sustenta o autor, “não admira” que “até os domingos” já estejam a “deixar de ser tratados, por muitos católicos, como dias santos”. No passado dia 8 de maio, a Santa Sé anunciou um “entendimento excecional” com o Governo português, tendo em vista a eliminação dos feriados do Corpo de Deus e de Todos os Santos “durante os próximos cinco anos”, a partir 2013. Segundo o documento que foi tornado público, a celebração da solenidade do Corpo de Deus (assinalada até agora numa quinta-feira, 60 dias depois da Páscoa) vai ser “transferida para o domingo seguinte” e a de Todos os Santos “manter-se-á no dia 1 de novembro, mas sem o caráter de dia feriado civil”. A Santa Sé sublinhou que o acordo vai ao “encontro dos desejos do Governo português na procura de uma solução para a grave crise económico-financeira em que se encontra o país”. In agência ecclesia |
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