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Alain de Botton, um ateu interessado nas religiões, entende que o sermão é importante porque o ser humano precisa de um tripé para viver: orientação, moralidade e consolação.
É por isso que o filósofo encontra na fé «muitas das coisas que sempre quis que o mundo secular tivesse».
Daí a pergunta: «Se não vamos à igreja, quem está a ensinar-nos a viver?».
É certo que nos «ensinam a ser engenheiros, contabilistas ou médicos. Mas quem nos ensina a sermos humanos?».
É, no mínimo, interessante notar como um ateu se mostra encantado com o aspecto das religiões mais contestado por muitos dos seus membros: a sua estrutura institucional.
É assim que vem a interpelação. Quem ocupa o lugar do padre? «Onde está o padre moderno? Onde está o padre secular? Onde foi parar a confissão? As igrejas reúnem as pessoas. O que é que reúne as pessoas hoje?»
Há uma ideia romântica de que o grupo é corrupto e de que o indivíduo é puro. O filósofo partilha, no entanto, a convicção de que «o perigo de falar sozinho é ninguém ouvir. As pessoas só são ouvidas se estiverem organizadas e as religiões organizam o interior das nossas vidas».
Hoje, temos quem pretenda organizar a nossa vida. Há quem organize a vida para as elites e para as camadas populares.
«Nos seus melhores momentos, a Cristandade era um movimento sério que era ao mesmo tempo popular e de elite. Conseguia unir as pessoas e podia ir de um teatro de rua até ao monge a traduzir um texto»!
Sobrevém então o lamento: «Nós não sabemos criar comunidades fora da Igreja»!
Fonte: aqui
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