terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Igreja exige políticas centradas na dignidade humana

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Perante a actual "conjuntura difícil" que afecta a sociedade portuguesa, os bispos exigiram esta terça-feira, "políticas concretas" que tenham em conta dignidade das pessoas.

"A dignidade - e dignificação prática - de cada pessoa humana é o princípio e também o fim duma sociedade propriamente dita", assumem os prelados na nota pastoral "Crise, discernimento e compromisso", aprovada esta terça-feira em Fátima, durante a reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
"Na presente conjuntura nacional, é em torno deste primeiro princípio que se devem definir e avaliar as políticas concretas, por mais exigentes que sejam" refere o documento, frisando que "legisladores e governantes, empresários e gestores, famílias e cidadãos, todos devemos ter em primeiríssima conta a dignidade das pessoas que somos e os outros igualmente são, sobretudo os que vêem tal dignidade contrariada na prática ou obviada no futuro".
De acordo com os bispos "a qualidade das decisões e das políticas afere-se prioritariamente com este critério".
Assumindo que não cabe à Igreja Católica "as decisões autónomas que competem ao Estado democrático", os bispos admitem que a actual crise "pode e deve ser uma ocasião de discernimento crítico sobre o que nos trouxe aqui e de compromissos concretos sobre o modo de colectivamente nos melhorarmos".
Para os bispos a actual crise sendo económica e social "não deixa de ser cultural e de convicções". Por isso, "além da indispensável acção dos vários corpos sociais e políticos, requer aprofundamento e até mudança no que cada um mova como expectativa ou ideal, para a vida própria e alheia".
"Têm sido assacadas responsabilidades ao excessivo endividamento público e particular, ao aumento de despesa estatal e à diminuição geral das poupanças, bem como a um crescimento económico insuficiente, pouco sólido e socialmente desigual. Os financiamentos externos diminuem e exigem juros e contrapartidas dificilmente suportáveis. A economia e o investimento sofrem essas restrições do financiamento e subsistem debilidades estruturais nos diversos sectores, da agricultura à indústria e aos serviços. O desemprego reduz drasticamente as condições de vida de muitas famílias e particulares, a classe média enfraquece e agudiza-se a desproporção dos rendimentos" revela o documento.
Na Nota Pastoral, os bispos falam da "resposta social do Estado" que "é dificultada pela falta de meios financeiros, com reduções previsíveis e preocupantes em diversos campos da segurança social", alertando que a escassez de recursos "não deve omitir a subsidiariedade", pois isso "redundaria em desmotivação e desistência, exactamente o contrário do que o país requer agora".
Segundo os prelados "nada se conseguirá de consistente e duradouro sem a consciencialização do que está realmente em causa e do que necessariamente terá de evoluir ou mesmo mudar na sociedade em geral e nas opções concretas de cada um".
Na nota pastoral, de três páginas, os bispos lembram que o trabalho e o emprego "são bases indispensáveis de sobrevivência e dignificação humana", pelo que "é urgente" a sua garantia". E lembram: "é o Estado o primeiro órgão dinamizador do bem comum, mas é a sociedade no seu todo que deve vivificar constantemente".
"Os sacrifícios que nos são pedidos e as exigências que nos são apresentadas são de todos e para todos, sem dispensar ninguém", conclui a nota pastoral.
Fonte: aqui

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