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1. É realmente uma coisa nova
Vemos, sim! E é assim mesmo que nos apetece responder, de imediato, a esta tão bela promessa do Senhor! Nós todos, que, no primeiro domingo da quaresma, dissemos «adeus ao cais», e entramos na barca, agitada com a renúncia de Bento XVI, agora viramos de bordo, com a eleição do Papa Francisco. É realmente uma coisa nova, que Deus realiza na nossa história: o primeiro papa jesuíta, o primeiro Papa vindo de um país da América Latina, o primeiro Papa com o nome de Francisco. Um nome novo, que nos enche de esperança, porque o pobre de Assis nos ensina a voltar às fontes do evangelho, à simplicidade e à fraternidade, com que ele restaurou, no seu tempo, uma Igreja, em ruínas. E, por isso, esta eleição pode ser vista, na barca da Igreja, como um verdadeiro “virar de bordo”, um retomar do essencial da fé, na direção de Cristo. Eis que nos foi dado, na passada quarta-feira, um Papa, que veio lá do “fim do mundo”, e que mostra, à cidade e aos homens, que, para o fazer chegar a Roma, “o Senhor abriu caminhos através do mar, veredas por entre as torrentes das águas” (Is 43,16) do Atlântico.
2. Interessa-me mais o teu futuro, que o teu passado
Este virar de bordo, esta mudança para a frente, é uma primavera que se antecipa, para a Igreja. Mas é também uma promessa de vida nova, que só se cumprirá, com a nossa própria renovação, com o abandono das nossas velharias, com a renúncia dos nossos luxos ou lixos, com um corajoso deixar para trás o passado de miséria, com um completo virar de página, na nossa vida. Também nós precisamos, como Paulo, de “esquecer o que fica para trás” (Fil 3,13), seja de vã glória ou de terrível fracasso, a fim de nos lançarmos corajosamente para a frente, para ousarmos o futuro, inteiramente livres do passado. Diziam os padres do deserto, que «o senhor do passado é o diabo», porque ele aí mesmo nos retém, na sombra da nossa miséria, em lembranças que nos mordem e remordem, e assim nos impedem de vir à luz e de avançarmos, para a meta da nossa recriação em Cristo. O nosso Deus, pelo contrário, é misericórdia, e com o seu perdão, renova a confiança em mim; no meu inverno vislumbra primaveras; no chão do meu caminho, desenha o futuro; faz-me olhar em frente, dá-me uma palavra de confiança e diz-me: «vai e não voltes a pecar» (Jo 8,11)! Acredito em ti, mais do que nas tuas fraquezas. Olho mais para o teu sofrimento, que para os teus pecados! Interessa-me mais o teu futuro, que o teu passado.
3. O perdão de Deus cria-nos e recria-nos
Caríssimos irmãos e irmãs: somos feitos e refeitos por Deus. O seu perdão cria-nos e recria-nos, inova-nos, renova-nos, faz-nos inteiramente novos. É um perdão, que é sempre dom em excesso, amor dado, para além do esperado. É um perdão, que é mais do que um facto desculpado ou esquecido no passado. O perdão de Deus não leva em conta o mal recebido. Não se centra nem na ofensa, nem no ofendido. Dá mais que o merecido. O perdão é dom de Deus, que me faz novo, que me abre caminhos de futuro, que me incute a força de resistir ao mal e de não tornar a pecar. Se acolher esse perdão de Deus, que me transforma o coração, tornar-me-ei também capaz de o oferecer aos outros!
4. Temos mais uma semana, para a celebração da reconciliação
Temos mais uma semana, para a celebração da reconciliação, para a prática do perdão pedido, recebido e oferecido.
Sábado, na Igreja Paroquial de Tarouca, das 15 às 17h.
Aproveitemos para virar de bordo, para arrepiar caminho, para mudar de rumo, para deitar pedras ao chão! Não vá naufragar a nossa embarcação, por excesso de peso, com tantas pedras na mão, no sapato e no coração! Deitemo-las ao chão. E, em vez de um dedo acusador, uma mão estendida. Em vez, de pedras, meu irmão, dá o teu perdão!
Fonte: aqui
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