A Semana Santa enche os nossos olhos de Jesus. É a Escritura Santa aberta e saboreada mais intensamente, são as imagens densas doridas de Jesus e de Maria, a iconografia, a pintura, a iluminura, a arte sacra ao vivo, a Cruz e a Luz, são as procissões subindo e descendo musicalmente ruas e calçadas, somos nós lado a lado, mais irmanados do que nunca.
A Semana Santa ou «grande» ou dos «mistérios» ou semana «autêntica» é Deus que desce ao nosso mundo mais fundo do que nunca, que caminha connosco, que nos dá a mã, que nos mata a fome, que nos dessedenta. A Semana Santa é o caminho estreito entalado entre dois caminhos, o caminho quaresmal e o caminho da missão. A Semana Santa é a semana da verdade, em que não nos podemos mais esconder, mas temos de assumir a nossa fragilidade, as nossas dores e a nossa alegria.
A Semana Santa é ao tempo de saber e sentir que Deus nos ama, e que por isso, e só por isso, brota o sentido em borbotões, e invade a nossa vida e a nossa morte. A Semana Santa é o tempo de nos apercebermos que muitas vezes fazemos figuras ridículas: quando não nos amamos, quando embirramos, quando não vemos o rosto de Deus no rosto dos nossos irmãos. A Semana Santa é um tempo novo, dado por Deus, para nascermos verdadeiramente à sua imagem.
D. António José da Rocha Couto, Bispo de Lamego
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