quarta-feira, 27 de março de 2013

O que é o Tríduo Pascal?

 
No novo calendário e nas normas litúrgicas para a Semana Santa, o Tríduo Pascal apresenta-se como uma só coisa com a Páscoa. É um tríduo da paixão e ressurreição, que abrange a totalidade do mistério pascal.
Cristo redimiu o género humano e deu perfeita glória a Deus principalmente através de seu mistério pascal: morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida. O tríduo pascal da paixão e ressurreição de Cristo é, portanto, o auge de todo o ano litúrgico.
 
O tríduo começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor, alcança seu cume na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo de Páscoa.
 
 Cristo, quando aludia a sua paixão e morte, nunca as dissociava de sua ressurreição. No evangelho   (Mt 20,18-19) fala delas em conjunto: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.»
 
É significativo que os Padres da Igreja, como Santo Ambrósio  e Santo Agostinho, concebam o tríduo pascal como um todo que inclui o sofrimento do Jesus e também sua glorificação. Santo Ambrósio, num dos seus escritos, refere-se aos três Santos dias (triduum illud sacrum) como aos três dias nos quais sofreu, esteve no túmulo e ressuscitou, os três dias aos que se referiu quando disse: "Destruam este templo e em três dias o reedificaré". Santo Agostinho, numa de suas cartas, refere-se a eles como "os três sacratíssimos dias da crucificação, sepultura e ressurreição de Cristo".
 
Esses três dias, que começam com a missa vespertina da quinta-feira santa e concluem com a oração de vésperas do domingo de páscoa, formam uma unidade, e como tal devem ser considerados. Por conseguinte, a Páscoa cristã consiste essencialmente em uma celebração de três dias, que compreende as partes sombrias e as facetas brilhantes do mistério salvífico de Cristo. As diferentes fases do mistério pascal  estendem-se ao longo dos três dias como em um tríptico: cada um dos três quadros ilustra uma parte da cena; juntos formam um tudo. Cada quadro é em si completo, mas deve ser visto em relação com os outros dois.
 
Interessa saber que tanto na sexta-feira como na sábado santo, oficialmente, não integram a quaresma. Segundo o novo calendário, a quaresma começa na quarta-feira de cinza e conclui-se na quinta-feira santa, excluindo a missa da Ceia do Senhor. Sexta-feira e  sábado da Semana Santa não são os últimos dois dias de quaresma, mas sim os primeiros dois dias do "sagrado tríduo".
 
Pensamentos para o tríduo.
A unidade do mistério pascal tem algo importante a ensinar. Diz-nos que a dor não somente é seguida pelo gozo, mas que já o contém em si. Jesus expressou isto de diferentes maneiras. Por exemplo, Jesus disse a seus apóstolos: "haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria!" (Jo 16,20). Como se a dor fosse um dos ingredientes imprescindíveis para forjar a alegria. A metáfora da mulher com dores de parto  expressa-o maravilhosamente. Sua dor, efetivamente, engendra alegria, a alegria "de que ao mundo lhe nasceu um homem".
Outras imagens vêm à memória. Todo o ciclo da natureza fala de vida que sai da morte: "Se o grão de trigo, que cai na terra, não morre, fica sozinho; mas se morrer, produz muito fruto" (Jo 12,24).
A ressurreição é nossa Páscoa; é um passo da morte à vida, da escuridão à luz, do jejum à festa. O Senhor disse: "Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto" (MT 6,17). O jejum é o começo da festa.
O sofrimento não é bom em si mesmo; portanto, não devemos buscá-lo como tal. A postura cristã referente a ele é positiva e realista. Na vida de Cristo, e sobretudo na sua cruz, vemos seu valor redentor. O crucifixo não deve reduzir-se a uma dolorosa lembrança do muito que Jesus sofreu por nós. É um objeto no qual nos  podemos glorificar porque está transfigurado pela glória da ressurreição.
As nossas vidas estão entretecidas de gozo e de dor. Fugir da dor e das penas a toda custa e procurar gozo e prazer por si mesmos são atitudes erradas. O caminho cristão é o caminho iluminado pelos ensinos e exemplos do Jesus. É o caminho da cruz, que é também o da ressurreição; é esquecimento de si, é perder-se por Cristo, é vida que brota da morte. O mistério pascal que celebramos nos dias do sagrado tríduo é a pauta e o programa que devemos seguir nas nossas vidas.
Fonte: aqui

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