segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal de Jesus Cristo 2012

“Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido,
envolto em panos e deitado na manjedoura” (Lc 2,12)

 
1. O sinal de Deus é o Menino! O Menino é a brilhante Estrela da Manhã, o Sol nascente, que irrompe na noite santa, com o seu enorme clarão de luz. O sinal de Deus - anuncia o Anjo aos Pastores - é que Ele faz-se pequenino, por nós. Este é o seu modo de nascer e de ser; este será o seu modo de estar e de viver, de morrer e de reinar. Ele não vem, com enorme poder e grandeza. Ele vem, como Menino, inerme e necessitado da nossa ajuda. Não nos quer dominar, com a força do bastão. Tira-nos o medo da sua grandeza. Ele simplesmente pede o nosso amor: por isso, faz-se Menino, para que O possamos ver e tocar, conhecer e reconhecer, acolher, abraçar, beijar e amar.
2. E os pastores “encontraram Maria, José, e o Menino deitado na manjedoura” (Lc 2,16). Por isso, depressa puderam aprender a olhar para aquele Menino, com os olhos da fé, de Maria e de José. Também eles olhavam, para o Seu Menino, procurando compreender. Mas como poderiam entendê-lo? Se Deus queria descer ao mundo, porque havia de entrar assim, pela porta traseira da pobreza? Não podiam entender o desconcerto desta surpreendente realidade divina, na fragilidade de uma criança! Mas fiavam e confiavam, acolhiam o dom de Deus, feito Menino, e acreditavam n’Ele. Afinal, porque haveriam de querer saber mais do que o próprio Deus? Quem eram, eles, para julgar os pensamentos do Senhor e os insondáveis caminhos, escolhidos por Ele, para chegar até nós? Quem poderia impedir Deus, de intervir, diretamente sobre a matéria, no corpo de uma mulher, para fazer brotar do seu seio o rebento divino? O Menino estava ali, era realmente uma torrente de alegria, infinitamente mais verdadeira, que qualquer resposta, um sinal luminoso de esperança: era o Filho de Deus, e com ele, Deus oferecia à humanidade, um novo início! Por isso olhavam-n’O todos, os Pastores, Maria, José, com o mesmo pasmo e espanto da fé!
3. Mas, afinal, - perguntaremos ainda - por onde andam o boi mudo e o burro de carga, que figuram nos nossos presépios, a afagar o Menino? Em boa verdade, nenhum dos evangelhos do natal refere estas amáveis criaturas. Mas a meditação dos cristãos, guiada pela fé, soube religar o Antigo e o Novo Testamento, e não tardou a preencher esta lacuna! Para isso, se deitou mão de um velho texto do profeta Isaías, que dizia: “o boi conhece o seu dono, e o jumento, o estábulo do seu senhor; mas Israel, meu Povo, nada entende” (Is 1,3). A par desta, há ainda outra antiga profecia a insinuar: “No meio de dois seres vivos, tu serás conhecido; quando vier o tempo, tu aparecerás” (Hab 3,2). Estes dois seres vivos designam, com certeza, os querubins, que cobriam a arca da aliança e encobriam a presença misteriosa de Deus (cf. Ex.25,18-20). Pelo que, juntando estas passagens bíblicas, pôde bem imaginar-se, ao lado da manjedoura, o boi e o burro! São Francisco de Assis, autor da primeira representação do presépio, em Greccio, no ano de 1223, não hesitou em fazê-lo. E doravante “nenhuma representação do Presépio dispensará o boi e o burro” (cf. J. RATZINGER-BENTO XVI, Jesus de Nazaré. A infância de Jesus, Ed. Principia, 2012, 62.). E a mensagem torna-se mais clara: a manjedoura é o lugar, onde se avista o “mistério encoberto desde os tempos antigos”, mas agora exposto diante dos homens (cf. Ef.3,3-6) e no meio deles. Por outras palavras, podíamos dizer: chegou, para o boi e para o burro, - e sem ofensa - chegou, para nós, para a humanidade inteira, a hora do conhecimento de Deus! Na verdade, por si mesma, a humanidade estaria sempre desprovida de compreensão, no que toca ao mistério de Deus. Mas, na pobreza de tal nascimento divino, a luz é dada a todos, e a todos ensina a ver e a compreender. O Menino, no presépio, abre-nos os olhos, de modo que agora todos podem conhecer o rosto e reconhecer a voz e a presença do seu Senhor, tal como “o boi conhece o seu dono e o burro o estábulo do seu senhor” (Is.1,3).
Afinal, bem vistas as coisas, estamos todos, diante do mistério deste Deus, feito Menino, mudos como o boi diante do palácio, e humildes como o burro, prostrado, no curral de Belém!
4. Se quisermos, hoje, encontrar Deus, manifestado como Menino, então devemos descer do cavalo da nossa razão «iluminada», e tomar o lugar humilde do burro. Devemos depor a nossa soberba intelectual, que nos impede de perceber a proximidade de Deus. Devemos caminhar, espiritualmente, a pé, como os pastores, para podermos entrar pelo portal da fé, e encontrar um Deus, que é diverso das nossas ideias feitas e perfeitas: um Deus que Se esconde na humildade de um menino acabado de nascer! E este Deus, assim feito Homem, não é um absurdo! É mistério. E o mistério não é qualquer coisa de irracional, de insensato; pelo contrário, o mistério é superabundância de sentido, de significado, de verdade. Se,olhando para este mistério, a inteligência humana se sente ainda dominada pela obscuridade, não é porque, neste mistério do Natal, não haja luz, mas sobretudo, porque há nele luz em excesso (cf. Bento XVI, Audiência, 21.1.2012)! E esta luz, tal como o sol, só precisa das portas abertas de um coração humilde, para ser recebida. Se lhe resistirmos, de frente, com a nossa arrogância, ficaremos cegos. Mas não: nós queremos, na pobreza, na humildade, e na simplicidade da nossa fé e da nossa vida, fazer do Natal a festa do coração, para celebrar, no coração, a festa do Natal.
5. Desejo a todos um santo Natal! Que o Menino Jesus, Estrela da Manhã, brilhe no coração e na família de cada um, e desperte em nós a mesma humildade e obediência da fé, dos pastores, de Maria e José. Pela fé, possamos todos contemplar, na força indefesa daquele Menino, a luz do Sol Nascente e invencível, a iluminar-nos o rosto, de paz, de amor, de esperança e de alegria. Fazei ecoar este anúncio de Natal: “Deus ama-te, Cristo veio por ti”! (João Paulo II, CL, 34)! O Deus, feito Menino, é a notícia! Afaga-o, com os teus beijos. Faz-lhe uma carícia!
Fonte: aqui

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