Leituras: aqui
“Com os pobres que estão esperando à porta, Senhor, nós Te pedimos: Aumenta, aumenta a nossa fé”.
1. À porta da fé, batem também os pobres e todos os feridos pela vida, órfãos da alegria! Eles espreitam pela nossa porta e esperam que este nosso encontro, com Cristo, nos abra os olhos para o seu mundo decadente, e se traduza, da nossa parte, em mãos largas, que partem e repartem, o pão de cada dia! Assim, a porta da fé não é apenas “uma porta de entrada na vida de comunhão com Deus e com a sua Igreja” (PF1). A porta da fé é também uma porta de saída, para o vasto mundo dos pobres, dos cansados, dos doridos, dos que têm feridas abertas, pelo desemprego, pelo desabrigo, pelo abandono, pela indiferença, ou até mesmo pela descrença. É, aos pobres, em primeiro lugar, que o Espírito do Senhor nos envia, a anunciar a Boa Nova! Foi esse o caminho de João Batista, que “anunciava ao povo a Boa nova” (Lc.3,18). E foi essa a opção de Cristo, ungido do Espírito e enviado do Pai, para anunciar a Boa nova aos pobres! (cf. Lc.4,18; Is.61,1).
2. Mas também nós perguntaremos a João Batista: «Que devemos fazer»? Ou «como devemos anunciar a Boa Nova aos pobres»? O Batista sugere-nos duas formas concretas: a primeira, é nem sequer falar de Deus, para deixar Deus falar na eloquência de um gesto de amor, que nem sequer faz ruído. A segunda é anunciar explicitamente a Boa Nova, levando a cada um a alegre notícia do amor de Deus: “o Senhor teu Deus, está perto de ti, como poderoso salvador” (Sof.3,17).
3. Comecemos então pelo anúncio aos pobres, que passam fome, sede, frio, dor, solidão, vítimas da injustiça e da violência! Para estes, o anúncio da Boa Nova dispensa qualquer sermão ou exortação. A estes, o anúncio faz-se por gestos! A estes pobres, a fé transmite-se pela caridade! A estes, as boas festas do Natal escrevem-se em gestos de proximidade. Aliás, “o cristão sabe quando é tempo de falar de Deus e quando é justo não o fazer, deixando falar somente o amor. O cristão sabe que Deus é amor, e que este Deus se torna presente, precisamente nos momentos em que nada mais se faz, que não seja amar” (Bento XVI, DCE 31). Neste sentido, o Ano da fé, não é apenas desafio a um renovado anúncio do evangelho! “É também ocasião propícia, para intensificar o testemunho da caridade” (PF 14). Para este anúncio concreto, para este gesto de amor, não se quer, nem se requer, como condição, a fé dos pobres; pelo contrário, para este serviço aos pobres, exige-se, a quem o pratica, uma maior força e riqueza da própria fé, sem a qual a caridade corre o risco de se tornar um sentimento, à mercê da dúvida, sob condição e a prazo.
4. Mas há, de facto, hoje, outras formas de pobreza, que requerem o anúncio explícito e corajoso da Boa Nova. Pensemos naqueles, nos quais a fé se debilitou, e que se afastaram de Deus, deixando de O considerar relevante na própria vida: são pessoas que, no fundo, perderam uma grande riqueza, «decaíram» de uma alta dignidade – não económica, mas espiritual –, e perderam a orientação segura e firme da vida: estes tornaram-se mendigos do sentido da existência. Estas inúmeras pessoas, que estão à nossa porta, fora e dentro de portas, “precisam de uma nova evangelização, isto é, de um novo encontro com Jesus Cristo, o Filho de Deus (cf. Mc 1, 1)” (Bento XVI, Homilia no encerramento do Sínodo, 28-10-2012).
5. Nesta terceira semana de advento, vamos, pois, com alegria, ao encontro de Cristo, guiados pelos pobres, como estrelas cadentes. O encontro com os pobres “muda as pessoas, mais do que um discurso; ensina fidelidade, permite compreender a fragilidade da vida, pede oração; em suma, leva-nos a Cristo» (Mensagem Final, Sínodo dos Bispos 2012, n. 12).
Esta semana, acendamos a terceira vela e coloquemos a terceira estrela na coroa de advento. E a tua estrela irá brilhar, se a tua fé atuar pela caridade; se a tua caridade, for sustentada pela fé; se o outro for o centro das tuas atenções e serviços; se souberes oferecer o teu tempo e o teu carinho, sobretudo às pessoas que vivem sozinhas, aos doentes, aos tristes aos mais desanimados; se fizeres tudo o que podes, em família, para acolheres e ajudares os membros que passam por maiores dificuldades; se as prendas que ofereceres forem ajuda, para quem precisa (cf. CEP, Mensagem Natal 2012), se reacenderes nos mais débeis de esperança a chama da fé.
“Renovemos, irmãos, o nosso espírito de serviço aos pobres, principalmente para com os mais abandonados. Esses hão de ser os nossos senhores e protetores” (São Vicente de Paulo, Carta 2546), serão mesmo
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