terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Jejum e abstinência

1. Quando?
- O jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-feira de Cinzas e em Sexta-feira Santa.
- Cada sexta-feira da Quaresma é dia de abstinência.
2. Para quem?
- O preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado os 59.
Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência, sugerindo-lhes outros modos de a exprimirem.
- O preceito da abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos.
3. O que é o jejum?
O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar alimentos ligeiros às horas das outras refeições.
Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.
4. O que é a abstinência?
- A abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. Será muito aconselhável manter-se esta forma de abstinência, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou da especial preferência de cada um.
Contudo, devido à evolução das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para praticar a abstinência como acto penitencial. Lembrem-se os fiéis de que o essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de carácter penitencial.
--Observação:
- A água e remédios não quebram jejum.
- Grávidas e doentes estão dispensados do jejum.
- Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.
5. Jejuar, fazer abstinência, para quê?
- Na pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência: a Quaresma é um desses tempos. A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem naturalmente a prática da penitência.
- A Quaresma lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador ( 40 dias no deserto). Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal, que compreende a Paixão e Morte (Sexta-feira Santa), a Sepultura (Sábado Santo) e a Ressurreição de Jesus Cristo (Domingo e Oitava da Páscoa).
- Em todo o período quaresmal renovam-se os apelos à conversão, ao abandono do pecado, à renovação da fé, à produção de frutos de justiça e caridade, ao avanço no conhecimento de Jesus Cristo e à correspondência ao Seu amor, visando uma vida santa.
- Durante esse tempo, a Igreja exorta todos os cristãos a realizarem os exercícios quaresmais, entre eles, o jejum. Naturalmente, essa prática deve fazer parte da vida do cristão ao longo de todo o ano, mas, na Quaresma, deve ser exercida mais intensamente, também como forma de penitência.
- Pelo jejum recorda-se que "não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem da boca de Deus" (Mt 4,4). Por meio dessa penitência, o cristão é estimulado a desapegar o coração de todos os bens que acaso o impeça de amar e servir a Deus acima de todas as coisas. Praticar, retamente, a abstinência de alimentos fá-lo sentir a precariedade e a fugacidade da vida neste mundo e o ajuda a ordenar a existência para Deus. O jejum corporal faz parte das práticas espirituais de quase todas as religiões, dando-lhes um significado sagrado.
- O jejum no tempo quaresmal também expressa nossa solidariedade a Cristo, preso, torturado, flagelado, coroado de espinhos, condenado à morte, crucificado e morto.
- Ao jejuar, o cristão deve concentrar-se não somente na abstenção de alimentos ou de bebidas como também no significado mais profundo dessa prática. O alimento e as bebidas são indispensáveis para o homem viver, disso se serve e deve servir-se, mas não lhe é lícito abusar seja da forma que for. O jejum tem como finalidade  levar-nos a um equilíbrio necessário e ao desprendimento daquilo que podemos chamar de “atitude consumista”, característica da nossa civilização.
- É preciso entender que a renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é um fim em si mesmo, mas apenas um “meio” a fim de preparar o caminho para conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para criar condições para a vivência dos valores transcendentais. Por isso, essa prática espiritual não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade feliz e libertartadora.
 - O jejum que agrada a Deus vai muito além das práticas de mortificação ou abstinência. O verdadeiro jejum deve partir do coração, provocar libertação e mudança de vida, ou seja, de comportamento. Senão, de nada vale, visto que a maior prova da vida de oração e jejum é o bem comum, cujo objetivo deve mudar o comportamento de quem o pratica com Deus e com os irmãos. De que adianta rezar muito e fazer exercícios espirituais se o comportamento de quem os pratica não muda?
--6. Jejum e abstinência como forma  de amar
Aprecie o jejum e a abstinência propostos, em ordem ao domínio de si mesmo e à partilha com os outros.
Jejuar e fazer abstinência é renunciar por amor em favor de quem mais precisa.
Em cada renúncia vai algo de nós de que nos desprendemos para oferecer amorosamente a quem tanto necessita.
Renunciar para amar e amar pela renúncia.

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