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São três os “eventos”, que regista a nossa agenda litúrgica e pastoral, neste IV Domingo da Páscoa! E estão todos intimamente associados: o Domingo do Bom Pastor, o Dia Mundial das Vocações, e este belo Dia da Mãe! Que tríade sagrada!
1. À cabeça deste domingo, está a figura do Bom Pastor, o Pastor belo, que me ama a mim e até ao fim, a ponto de dar a Vida por todos e por cada um de nós. O Bom Pastor chama-nos a Si, não para aí nos reter e dominar, mas para nos guardar do mal, e nos fazer sair de Si ao encontro dos outros! Somos impelidos em missão, para levar Jesus aos outros, de lugar em lugar, no meio do povo, tal como Ele, que passou «fazendo o bem e curando a todos» (At 10,38).
2. Cada cristão é, assim, inseparavelmente, um discípulo que segue Jesus com alegria, e um missionário que O leva alegremente aos outros! E o cristão é discípulo missionário, não apenas porque anuncia aos outros o Evangelho, com belas palavras e bonitos ensinamentos, mas sobretudo porque leva a alegria do Evangelho estampada no seu rosto, gravada nos seus gestos, de tal modo que os outros O podem ler, antes de mais, nas páginas escritas da sua vida. Ser discípulo missionário não é um part-time na vida cristã, uma opção anexa ao Batismo. Esta condição de discípulo missionário está conexa à vida cristã inteira e de todos os cristãos; ela implica o dom da própria vida, a vida toda, essa mesma vida que brota de Cristo, fazendo-a depois transbordar, para fora dos próprios recintos sagrados, donde bebemos nas fontes da alegria. Entramos nesta vida, pela porta do Batismo. E esta vida, em abundância, é alimentada sobretudo no pão da Eucaristia, a fim de se tornar uma vida oferecida, sem medida!
3. Esta imagem do Bom Pastor, que nos chama e envia, tem uma das suas mais belas expressões, na figura da mãe! Sim, ser mãe é também uma vocação, uma escolha de vida! E a escolha de vida de uma mãe é precisamente a escolha de dar a vida. E isto é tão belo, tão grandioso, tão necessário! Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. Ser mãe é, pois, uma vocação altíssima, aliás nem sempre valorizada pela sociedade e até pela própria Igreja, apesar de tantas palavras e gestos de homenagem! Mas são as mães que verdadeiramente nos testemunham a beleza de uma vida dada! A mulher que dá à luz, acalenta e alimenta os seus filhos, vive um verdadeiro «martírio materno», porque todos os dias está ali, pronta a dar a vida, cada dia, no cumprimento honesto do dever, no silêncio da vida quotidiana, sem aplauso, nem recompensa, nem reconhecimento social. E isto de dar a própria vida é uma espécie de martírio diário, como se o parto de uma mãe fosse uma porta de dor e de amor, aberta em permanência, para os filhos. As mães são, por isso, o remédio mais forte contra o individualismo. Elas «dividem-se», desdobram-se, a partir do momento em que hospedam um filho, para o dar à luz e fazer crescer.
4. Faz falta, portanto, ao nosso mundo, à sociedade e à Igreja, esta entrega generosa das mães. Cada pessoa humana deve a vida a uma mãe, e quase sempre lhe deve muito da própria existência sucessiva, da formação humana e espiritual e até da sua vocação! As mães são as primeiras a transmitir aos filhos o sentido mais profundo do amor a Deus. Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a própria fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo. Se não houver mães generosas não há filhos sequer. E se não houver mães cristãs, tampouco haverá vocações consagradas. E não podemos esquecer esta vocação materna, porque a própria Igreja é Mãe! E, na Igreja, antes e no meio dos Apóstolos, está a fé de Maria, nossa Mãe! Somos filhos da Igreja, somos filhos de Nossa Senhora e somos filhos das nossas mães!
5. Queridas mães: obrigado por aquilo que sois na família e por tudo o que dais à Igreja e ao mundo! E a ti, amada Igreja, eu Pastor, te digo, de todo o coração: obrigado por seres minha Mãe. E a ti, Maria, Nossa Senhora da Hora, obrigado por nos dares Jesus em todas as horas. Um muito obrigado, a todas as mães, na Terra e no Céu. Porque ainda é Páscoa, porque Páscoa é Vida, e porque as mães são a porta aberta, por onde entra e sai a nossa vida, de todos os dias, saudemo-las com um aplauso. Aleluia.
Amaro Gonçalo
Amaro Gonçalo
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