Leituras: aqui
1. A Samaria não era “flor que se cheire”. Mas o diácono Filipe
leva a Palavra de Deus precisamente àquele que era considerado um «estúpido povo que habita em Siquém» (Sir 50,26). E, por estranho que pareça, houve por lá também “grande
alegria” (At 8,5-8), aquela “alegria do Evangelho,
que enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG 1). Não tenhamos, portanto, medo dos ambientes
difíceis, das zonas perigosas, das pessoas suspeitas ou estranhas! E
anunciemos-lhes, com desassombro, a Palavra de Deus, partilhando esta alegria
do Evangelho, que brota da nossa experiência pessoal do encontro com Cristo! E
acreditai: quando lá chegarmos, às portas da cidade ou às do coração do irmão, havemos
de verificar, com espanto, que o Senhor já lá estava há muito tempo, e já tinha
derrubado portas e muralhas! O Senhor chega sempre primeiro e prepara-nos tudo! A Sua presença só precisa de ser
descoberta, desvelada!
2. Anunciemos o Evangelho, por isso, com alegria, sem medo de
padecer por fazer o bem, sem preconceitos, de boa consciência, porque o
Espírito Santo nos é dado para o testemunho e não para a timidez! O Senhor, que
nos precede, dá-nos sempre o “outro Consolador”
(Jo 14,15): o Espírito Santo serve-nos de Paráclito, de
Defensor, de Consolador e de Intérprete, pois Ele mesmo nos defende nos perigos,
nos consola nas angústias e nos ensina a traduzir a Palavra de Deus, nas
palavras da nossa vida. Ele fala por nós! Evangelizadores com espírito não têm
medo, nem vergonha! Têm simplesmente a alegria do Evangelho a arder nos
corações! E essa alegria é o “gás” e a força motriz do nosso testemunho.
3. Portanto, estai sempre prontos, atentos,
preparados, pelo Espírito, para O acolher, para O apresentar a quem vos pedir o
pão e a razão da esperança (cf. 1 Pe 3,15-18). A razão não é aqui uma ideia, um pensamento, mas uma pessoa:
Jesus Cristo. Estai prontos a dar a razão, isto é, a dar a mão, a compreensão, o
amor e a confiança, como construtores de um mundo novo.
4. Irmãos e irmãs: todos nós – em qualquer idade, em qualquer condição, em qualquer
lugar – “somos chamados a dar aos outros
o testemunho claro do amor do Senhor por nós, que dá sentido à nossa vida” (EG 121). Mas como passar este testemunho aos outros? Não serão precisos nenhuma técnica nem
meio de comunicação especiais: “O teu coração sabe que a vida não é a
mesma coisa sem Ele; pois bem, aquilo que descobriste, o que te ajuda a viver e
te dá esperança, isso é o que deves comunicar aos outros. A nossa imperfeição
não deve ser desculpa; pelo contrário, a missão é um estímulo constante para
não nos acomodarmos na mediocridade, mas continuarmos a crescer” (EG 121).
5. São
bem conhecidos os testemunhos corajosos dos Pastorinhos que, mesmo sob ameaça,
se mostraram firmes e verdadeiros, sem recuarem, nem se deixarem intimidar. “A sua santidade não é uma consequência das
aparições, mas da fidelidade e ardor com os quais responderam ao privilégio de
verem a Virgem Maria” (Papa Francisco, Regina Caeli, 14.05.2017). A grande mensagem,
que recebem de Maria, é levada à
humanidade por três grandes comunicadores, que tinham menos de treze anos. Só
isto nos devia fazer pensar e sacudir tantos medos e desculpas, que nos inibem de
levar aos outros o testemunho feliz do Evangelho!
Esta semana,
procuremos, dar o nosso testemunho, oferecendo aos outros a razão da nossa
esperança. Podemos fazê-lo por escrito, nas redes sociais, por sms, ou, ainda melhor, de viva voz, por
contágio, mas sempre de modo pessoal, com humildade e simplicidade, “com mansidão e respeito, de consciência
limpa” (1 Pe 3,16). Façamo-lo precisamente ali, onde for mais
árduo, mais difícil, mais desafiante.
Amaro Gonçalo
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