sexta-feira, 8 de março de 2024

Dia Internacional da Mulher - "Este é também o dia para pedir perdão às mulheres pelos maus tratos. Também na Igreja..."

Se tivemos, a dada altura, de instituir um "Dia da Mulher", foi (e é ainda) porque estivemos (e estamos ainda) bem longe de reconhecer a dignidade da mulher, não simplesmente para restabelecer uma justa igualdade, sem anular a diferença, mas para valorizar o seu génio feminino, que enriquece de modo único a nossa humanidade.

Não sei falar da Mulher, como ela mereceria, nem simpatizo com machismos de saias, mas tenho para mim uma coisa muito simples, da experiência de vida: quando penso no melhor, no mais alto, no mais longe, no mais profundo, no mais extraordinário... seja em que âmbito for (da humanidade, da fé, da cultura, da sabedoria, do heroísmo, da santidade) vejo sempre um rosto feminino.

Na galeria de pessoas que marcaram a minha vida, desde a mãe à madrinha, as mulheres estão em esmagadora maioria.

Sei que há muitos argumentos «pesados» da Tradição e de uma certa antropologia (ou não será «andrologia»?) para justificar "o travão" do acesso das mulheres ao diaconado feminino e mais ainda à hipótese do ministério presbiteral.

Sei que o assunto não é pacífico, precisa de clarificação, de confronto, de discernimento, de passos firmes, mas, de facto, andamos a discutir o «sexo» dos ministérios, quando São Paulo diz algo de tão óbvio e de tão esquecido: "em Cristo, não escravo nem livre, não há grego nem judeu, não há homem nem mulher; todos vós sois um em Cristo Jesus".

Talvez isso bastasse para nos examinarmos sobre a triste figura que fizemos e fazemos, alinhando mais pelo espírito do mundo (machista) do que pela revolucionária igualdade da dignidade da mulher testemunhada pela Escritura, nos relatos das origens, por Cristo e pela Igreja nascente. Às vezes, nem sei se temos a noção do ridículo, que é o simples facto de ainda andarmos a discutir, como se a mulher não fosse carne da minha carne e estivesse condenada a ser carne de segunda.

Este é também o dia para pedir perdão às mulheres pelos maus tratos. Também na Igreja, há que dizê-lo, que ainda não se libertou deste pecado original.

Um obrigado, do mais fundo do coração, a todas as mulheres, que me ofereceram, com a sua maternidade, com a sua intuição, com sua doação, as coisas mais belas da vida. Venha o tempo em que este Dia tenha passado à história.
Amaro Gonçalo, Facebook


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