«Para unir-se é preciso amar-se. Para amar-se é necessário conhecer-se. Para conhecer-se é obrigatório ir ao encontro um do outro.»
Nasceu na Bélgica em 1851, tornou-se cardeal em 1907 e morreu em 1926 em Bruxelas: Désiré Mercier foi um dos precursores do diálogo ecuménico através das chamadas “Conversações de Malines”, com Lord Halifax, realizadas entre 1921 e 1925, com vista a uma aproximação entre a Igreja católica e a Anglicana.
Recordamos deste arcebispo uma frase sugestiva no momento em que nos aproximamos da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no hemisfério Norte ocorre de 18 a 25 de janeiro.
São palavras necessárias também nos nossos dias, quando parece insinuar-se, inclusive entre os fiéis, uma atitude de medo e por vezes até de rejeição em relação ao outro, ao diferente, à pessoa que é para nós estrangeira quer a nível cultural quer no âmbito religioso.
São três os verbos que o cardeal Mercier propõe para que o encontro não degenere em confronto: amar-se, conhecer-se, ir ao encontro. Naturalmente, a sua sequência lógica é inversa.
É preciso, com efeito, antes de tudo e sobretudo, ir ao encontro. Fugir do outro ou é um ato infantil ou é um gesto egoísta e indício de debilidade e medo: quem não recorda o sacerdote e o levita da parábola do Bom Samaritano que «passam além, do outro lado», quando vêem um desgraçado meio morto?
Aliás, os contactos frenéticos, típicos da sociedade moderna, obrigam-nos a cruzarmo-nos e a conviver sob o mesmo céu. É neste ponto que deve florescer um conhecimento recíproco, real e leal, que nos liberte dos lugares comuns e das falsidades.
É só por esta via que fará caminho a consciência da pertença à comum humanidade, do ser-se filhos do único Pai e, assim, floresce o amor.
[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In Avvenire]
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