Vendaval do Natal
Hoje é Dia de Natal.
É Dia de Jesus.
É Dia de Jesus.
O Natal é um imenso caudal
De luz
E de alegria:
Hemorragia
De Jesus.
Há quem pense amansá-lo e enlatá-lo,
Domesticá-lo,
E depois tomá-lo em pequenos comprimidos,
Mais ou menos à razão de um por dia.
Mas o Natal não se pode comprá-lo
Ou aviá-lo por receita.
Nem cumprimentá-lo,
Quer com a mão esquerda quer com a direita.
O Natal não tem regra ou etiqueta.
Não se pode semeá-lo
Na jeira ali ao lado.
Não se pode trocá-lo
Por qualquer bugiganga à venda no mercado.
Este vendaval,
Que se chama Natal,
Só podemos deixá-lo entrar por nós adentro aos borbotões,
Até que rebentem os portões,
E caiam um a um todos os botões.
Também o mofo e o verdete que há nos corações
Serão levados na torrente,
E também tudo o que apenas é corrente,
Banal ou indiferente.
Só ficaremos mesmo eu e tu, menino,
Só mesmo nós os dois,
Lado-a-lado ou frente-a-frente.
Esta mensagem, e a roupagem com que se veste, não é passível de etiquetas rápidas. Só quer dizer Jesus da maneira mais bela que o sei fazer. Desejo a todos os meus irmãos e irmãs, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, fiéis leigos, doentes, idosos, jovens e crianças, emigrantes, das 223 Paróquias da nossa Diocese de Lamego, e da Igreja inteira, a todos e a ti também, um Santo Natal com Jesus sempre no meio e um Novo Ano cheio de muitos samaritanos em viagem. Portanto, digo hoje a cada irmão e irmã o que Jesus nos diz todos os dias: «Vai, e faz tu também do mesmo modo!».
Vem, Senhor Jesus, bate à nossa porta, encandeia a nossa vida, e conduz os nossos passos pelo caminho da Paz e do Carinho.
Lamego, 17 de dezembro de 2017, III Domingo do Advento ou Domingo da Alegria
+ António, vosso bispo e irmão
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