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Uma família rica no amor
1. Natal e Famílias são dois amores inseparáveis. E, por isso, na celebração anual do mistério da encarnação, eis-nos, de olhos fixos, na riqueza do amor, que brilha como marca distintiva da Sagrada Família de Jesus, Maria e José.
Bem vistas as coisas, o acontecimento do Natal, pelo qual o Verbo Se fez Carne, é a história de uma família, cruzada nas histórias de outras famílias, onde todos são protagonistas e ninguém é excluído: os casais, as crianças, os jovens, os adultos e os anciãos. E vemo-lo, por exemplo, no Evangelho de hoje: quarenta dias depois do nascimento, o Menino é apresentado por Maria e José, no Templo de Jerusalém, juntamente com duas pombinhas, precisamente a oferta de quem, por modéstia de recursos, não podia permitir-se pagar um cordeiro (cf. Lc 2,24; Lv 5,7). E ali estão, em vigilante expectativa, dois idosos, movidos pela Estrela que brilha no amor. Eis que seguram nos braços o Menino Deus, que, por sua vez, os sustém a eles na esperança e é, para todos, Luz das nações. Não falta nesta história, o drama de uma família, refugiada no Egito. Pobre de meios, não chegam lá de mãos vazias, pois levam uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros da sua própria cultura. Esta família resiliente regressará mais tarde a Nazaré, onde Jesus vive 30 anos de silêncio, ganhando o pão com o trabalho das suas mãos.
Resumindo, “este é o mistério do Natal e o segredo de Nazaré, cheio de perfume a família! É o mistério do qual bebem também as famílias cristãs para renovar a sua esperança e alegria” (AL 65).“Aqui se aprende o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável” (Beato Paulo VI, Alocução em Nazaré, 5 de janeiro de 1964).
2. Não estamos, pois, diante de família encantada ou idealizada por um conto de fadas. Não. Estamos diante de uma família encantadora, porque fiel, acolhedora, livre, pobre de meios mas rica no amor e, por isso mesmo, missionária. Esta “aliança de amor e fidelidade, vivida pela Sagrada Família de Nazaré, ilumina o princípio que dá forma a cada família e a torna capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história. Sobre este fundamento, cada família, mesmo na sua fragilidade, pode tornar-se uma luz na escuridão” (AL 66)e “uma alegria para o mundo” (Tema do Encontro Mundial de Famílias 2018). Na verdade, “a força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar. Por muito ferida que possa estar uma família, ela pode sempre crescer a partir do amor” (AL 53). Este amor, sem preferência, que não depende da escolha nem da comparação, pede exigência para comigo e ternura para com os outros, humildade para pedir perdão e misericórdia para o oferecer, esforço da caridade para amar o outro tal como é e não na medida das minhas expectativas. Sujeita a inevitáveis crises, a família caminha, cresce e amadurece, na medida em que vive a alegria do amor, paciente e amável, generoso e prestável, aquele amor que tudo desculpa, tudo crê e tudo suporta (cf. 1 Cor 13,4-7).A família deve ser o lugar onde cada pessoa é amada e não avaliada, em que cada pessoa vale pelo seu Q.A. (Quociente de Amor) e não pelo seu Q.I. (Quociente de Inteligência), em que cada pessoa é amada pelo que é e não pelo que faz, pelo que dá ou recebe e não pelo que produz ou ganha!
3. Queridas famílias: viveis a partir do amor, para o amor e no amor? Como seria rica de amor a vida familiar, se cada dia vivêsseis as três palavras mágicas: «por favor», «obrigado» e «desculpa»! Não tenhais medo de as usar, porque têm duração ilimitada! Quanto mais uso tiverem, mais o vosso amor conjugal e familiar se há de robustecer e crescer, noite e dia, à imagem daquele Menino, que Se tornava robusto e crescia em sabedoria e em graça. Uma família rica no amor é como o Natal, uma boa nova de paz e alegria para o mundo! Caminhemos nessa direção.
Amaro Gonçalo
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