O Papa associou-se hoje à beatificação de D. Oscar Romero, que reúne dezenas de milhares de pessoas em El Salvador, evocando a figura do arcebispo assassinado em 1980 como um exemplo na defesa dos mais pobres.

In agência ecclesia
O HOMEM QUE SE «ESQUECEU»

- Houve um homem que se «esqueceu». Que se esqueceu de si. Houve um homem que só se lembrou de ser homem com os outros, para os outros e pelos outros.
- Houve um homem que praticamente se «esqueceu» de viver. E que, muito possivelmente, até seria capaz de se «esquecer» de morrer. Foram os outros que ditaram a sua vida. Foram os outros que decidiram a sua morte.
- Em suma, houve um homem que se «esqueceu» completamente de viver a sua vida. Mas do que esse homem nunca se «esqueceu» foi de viver inteiramente a vida dos outros.
- Na hora de escolher, D. Óscar Arnulfo Romero não fez as escolhas mais «convenientes». Olhou para cima, para o lado e olhou para baixo. Foi com os de baixo que quis ficar.
- O risco passou a ser a sua morada, mas a paz nunca deixou de o acompanhar no seu leito. Muitos o atacaram por fora e poucos o defenderam dentro. Houve até quem, — capciosamente — garantisse que ele tinha deixado de ser Óscar Arnulfo para passar a ser Óscar Marxnulfo!
- A trajectória não foi fácil e o percurso foi deveras acidentado. Nunca se reviu naquela espécie de «teologia caviar» que consola os pobres, mas sem abdicar do conforto dos ricos.
- Viveu sempre pobre e para os pobres. Pensou que bastava. E, durante muito tempo, por aí se ficou. Renunciou sempre às riquezas, mas nem sempre denunciou as injustiças cometidas pelos poderosos. É verdade que se calou quando muitos falavam. Acontece que começou a falar quando quase todos se calaram. Definitivamente, o seu destino parecia andar em total contramão com a história.
- Naquele final dos anos 70 em El Salvador, as ameaças eram sérias. Milhares de camponeses foram mortos e vários padres que os apoiavam foram assassinados. Que fazer? A prudência aconselharia que se recuasse. Só com muita coragem seria possível avançar.
- D. Óscar Romero tinha consciência dos perigos que corria, embora — humilde — não se achasse «digno da graça do martírio». Nos últimos tempos, a sua vocação tornou-se uma autêntica provocação.
- Só as armas o calaram. Mas nem a morte o silenciou. D. Óscar Romero já está nos altares. O seu lugar é junto de Deus. Mas o seu exemplo permanece — bem vivo — no meio dos vivos!
Fonte: aqui
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