--
Não há dúvida de que o Papa Francisco é hoje uma figura de impacto global, talvez a figura mais popular no mundo, na qual se põe mais esperança e confiança.
Foi proclamado como personalidade do ano 2013 pela revista Time, que escolhe, desde 1927, a pessoa que considera ter tido mais influência nas notícias em todo o mundo no respectivo ano. Designou-o como "o Papa das pessoas", concretizando que "o que o torna tão importante é a rapidez com que captou a esperança de milhões de pessoas que tinham abandonado toda a esperança na Igreja". "É raro um novo actor internacional da cena mundial suscitar tanta atenção tão rapidamente, tanto entre os jovens como entre os mais velhos, entre os crentes ou os mais cépticos", declarou Nacy Gibbs, directora da redacção da revista.
Também o diário francês Le Monde o escolheu como personalidade do ano 2013, afirmando que "não é absurdo falar de "papamania"", exaltando a mensagem que Francisco encarna e acrescentando: "Entre os crentes, está presente sem dúvida a alegria de recuperar as origens da mensagem cristã. Os outros estão seduzidos por algo que se parece com a modernidade, pelo menos no discurso". Após um pontificado "crepuscular e quase depressivo" de Bento XVI, com Francisco chegou um homem que "suscita uma simpatia quase universal", que dá a impressão de devolver ao seu cargo autoridade moral e credibilidade, tão urgentes para a Igreja e para um mundo melhor.
Diz-me um grande professor de Medicina, racional e não beato: em 2013, a eleição de Francisco foi o acontecimento que mais alegria me trouxe. E gente que andava afastada da prática religiosa voltou. As estatísticas dizem-no: na Grã-Bretanha, Estados Unidos, França, Itália, América Latina, constata-se um aumento de fiéis nas missas, chegando esse aumento a uns 20%, segundo o The Sunday Times.
Sobre o Papa Francisco grandes figuras se têm pronunciado. O nobel de Literatura Mário Vargas Llosa declarou recentemente: "Tenho muito boa opinião do Papa. Está a fazer um esforço que oxalá se traduza em reformas reais para modernizar a Igreja, para lhe devolver a força moral que teve nalgumas épocas e que foi muito importante."
Para The Guardian, Francisco poderia substituir Barack Obama como o rosto da esquerda. "É o homem com maior número de buscas na internet em 2013." Para ele, "o que conta não é a instituição, mas a missão". "Poderá não ter um exército nem batalhões, mas tem um púlpito e neste momento está a usá-lo para ser a voz mais clara e contundente do mundo contra o statu quo."
O próprio Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou estar "muito impressionado com os pronunciamentos" do Papa Francisco, com a sua "humildade", "empatia com os pobres", apoiando o que diz com obras. "Creio que, primeiro e sobretudo, pensa em acolher as pessoas e não em rejeitá-las, procura o que nelas é bom, em vez de condená-las", sublinhou Obama.
"Um novo animal político está a impor-se na cena mediática mundial", escreveu Sylvie Kaufmann, directora editorial do Le Monde. "Visibilidade óptima, sorriso cálido, verbo hábil, mensagem com impacto, o Papa Francisco conquistou, em poucos meses, uma audiência que supera amplamente a dos seus fiéis. Aos 77 anos, tem inquestionavelmente isso que os profissionais norte--americanos das relações públicas chamam o star power. Fala muito e livre. Beija, acaricia, diz piadas, escreve cartas, chama ao telefone, tuíta, o mais importante, surpreende." Nenhum tema o assusta. "Será Francisco o Papa do renascimento da comunidade católica?"
O famoso escritor Umberto Eco definiu-o como "o Papa da globalização", dizendo numa entrevista: "Estou convencido de que Francisco está a representar um facto absolutamente novo na história da Igreja e, talvez, na história do mundo." Como semiólogo, considera que "é um homem moderno, é o Papa da internet".O Papa Francisco levará a bom termo o seu desígnio? No próximo sábado, reflectirei sobre "A síndrome de Obama ou efeito Francisco?"
Anselmo Borges no DN, visto aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.