1. Qualquer semelhança entre o evangelho deste domingo e os telejornais da semana é mera coincidência! Nestes dias de grande aflição nacional, com este mundo a meter água, por tantos lados, e de tantos modos, só nos faltava vir o evangelista de serviço, com este pré-aviso de greve: «naqueles dias, o sol vai escurecer-se, a lua não dará a sua claridade e as estrelas cairão do céu» (Mc 13,24). À primeira vista, o cenário é terrível e medonho! Este mundo das luzes, que parecia tão seguro, de pedra e cal, ameaça mesmo afundar-se, na escuridão!
2. Mas, bem vistas as coisas, ou vistas as coisas do teto para cima, não é bem assim. O Evangelho é sempre, e por definição, “boa notícia” e o Senhor assegura-nos que os seus “pensamentos são de paz e não de desgraça” (Antífona de entrada: Jer 29, 11.12.14).A palavra que emerge, no meio desta escuridão, é a da aparição luminosa do Filho do Homem, de Cristo, verdadeiramente Deus e verdadeiramente humano. Nesses dias, ninguém mais Lhe fará sombra. Ele iluminará tudo, de modo que toda a verdade virá ao de cima. Então, a cidade dos homens tornar-se-á a cidade de Deus, que já “não precisa do Sol, nem da Lua, para a iluminar; pois a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro” (cf. Ap.22,5.23)! A Luz, que vence o apagão do pecado e da morte, é Cristo vivo e ressuscitado, que volta até nós, e se volta para nós, para abraçar, no regaço de Deus, a multidão dos seus eleitos, espalhada pelos quatro cantos da terra!
3. No fundo, o evangelista parece dizer-nos: «Oh vós todos, que andais tristes e aflitos; oh vós todos, que vos sentis afundados na escuridão austera, de um beco sem saída; oh vós todos, que não vedes a luz ao fundo do túnel; oh vós todos, que caminhais, sem rumo, órfãos de estrelas que vos guiem; oh vós todos, que vedes inabaláveis os grandes deste mundo, acreditai: Nenhum desses poderes permanecerá eternamente; nenhuma realidade presente resistirá à erosão do tempo e à irrupção do eterno; a mentira não gozará de impunidade absoluta; a justiça divina não prescreverá, em tempo algum; o mal não terá a última palavra; e o vosso futuro será maior do que a vossa esperança. Por isso, não deserteis, nem desanimeis, nem vos canseis de tanta pressa, porque nenhuma parcela de bem e de bondade, cairá no vazio. Lembrai-vos, que “tudo passa. Só Deus não muda. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta” (Santa Teresa). Por isso, confiai e assentai a vossa vida, não nas ideologias, que vos prometem mundos e vos deixam nos fundos da deceção; não aposteis em doutrinas, que o vento leva, na poeira dos séculos; nem vos arrasteis, pelos muitos modos e modas de pensar, mas ponde a vossa confiança, apenas no Senhor, nas suas palavras, porque são palavras de vida eterna, palavras que jamais passarão, com o tempo (cf.Mc.13,31)»!
4. Irmãos e irmãs: neste tempo que se desenha, como uma espiral de deceção, em que nos sentimos, tantas vezes, perdidos, numa espécie de apagão da fé, precisamos, cada vez mais, de homens sábios, “que resplandeçam como a luz do firmamento” (Dn.12,3), enchendo-nos o coração de esperança; precisamos ainda mais de homens, que sejam “como estrelas que brilham, porque ensinam a muitos o caminho da justiça” (Dn.12,3).
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